O robô humanoide A2, desenvolvido pela empresa chinesa Agibot, estabeleceu um novo recorde mundial reconhecido pelo Guinness ao caminhar 106 quilômetros entre duas cidades chinesas sem ser desligado. A travessia, certificada na quinta-feira (20.nov.2025), marca um avanço relevante na indústria de robótica de locomoção autônoma e reforça a aposta do país em robôs humanoides para aplicação comercial em larga escala.
Segundo a Agibot, sediada em Xangai, o A2 iniciou a caminhada em Suzhou na noite de 10 de novembro e chegou ao Bund de Xangai nas primeiras horas de 13 de novembro. Alimentado por um sistema de bateria com troca rápida, o robô completou a jornada com 106,286 quilômetros registrados, mantendo-se ativo durante todo o percurso. O modelo possui 1,69 metro de altura e pesa 69 quilos.
Travessia contínua e certificação oficial
A certificação do Guinness foi expedida após verificação dos dados fornecidos pela Agibot e por observadores independentes envolvidos na validação do percurso. A iniciativa insere a empresa no grupo de fabricantes que buscam demonstrar maturidade tecnológica dos sistemas de locomoção, autonomia energética e navegação em ambientes reais.
Wang Chuang, vice-presidente sênior da Agibot, afirmou que o feito confirma a robustez do projeto. “Caminhar de Suzhou a Xangai é uma tarefa difícil até mesmo para muitos humanos, mas o robô conseguiu”, disse o executivo. Para ele, o resultado comprova a eficiência do hardware e dos algoritmos de equilíbrio, além da capacidade de resistência operacional, fatores considerados fundamentais para ampliar o uso comercial de humanoides.
Tecnologias empregadas e navegação urbana
Durante a caminhada, o A2 utilizou um conjunto de sensores e sistemas de percepção desenvolvidos para lidar com diferentes cenários urbanos. O robô é equipado com duplo módulo de GPS, LiDAR e sensores de profundidade por infravermelho. Esses componentes permitem identificar obstáculos, manter estabilidade, calcular rotas e ajustar movimentos conforme variações do ambiente.
A Agibot informou que o robô enfrentou passagens estreitas, semáforos, calçadas com grande fluxo de pessoas e estruturas variadas, incluindo pavimentação de asfalto, passarelas de azulejos, pontes e rampas. A empresa destacou ainda que o A2 seguiu regras de trânsito durante todo o percurso, em conformidade com testes de navegação urbana.
A estabilidade operacional foi mantida tanto de dia quanto à noite. A Xinhua, agência estatal chinesa, registrou que o robô interagiu com repórteres ao final da jornada e descreveu a travessia como uma “experiência inesquecível em sua vida de máquina”, afirmando em tom de humor que “pode precisar de sapatos novos”.
Sistema de energia e autonomia estendida
Um dos pontos centrais do recorde é o uso de baterias com troca rápida, recurso que permite manter o robô ligado durante longos períodos sem interrupção. A Agibot desenvolveu um módulo próprio que possibilita substituição imediata do componente energético, evitando desligamentos e permitindo percursos longos.
A tecnologia integra esforços da indústria chinesa para ampliar a autonomia operacional de humanoides destinados a logística, vigilância, inspeção e prestação de serviços. Empresas do setor defendem que sistemas capazes de operar por dias sem interrupção serão determinantes para viabilidade comercial.
Avanço da robótica humanoide na China
O recorde alcançado pelo A2 é parte de uma estratégia mais ampla da China para fortalecer sua posição na robótica de última geração. O país tem ampliado investimentos públicos e privados na criação de humanoides voltados a diferentes setores da economia.
Outro exemplo citado pela imprensa local é o Tien Kung Ultra, desenvolvido pelo Centro de Inovação em Robôs Humanoides de Pequim. Em abril deste ano, o modelo completou uma meia maratona de 21 quilômetros em 2 horas e 40 minutos. A realização foi interpretada por analistas como mais um indicativo da aceleração tecnológica em robôs capazes de replicar movimentos humanos com precisão e ritmo contínuo.
A política industrial chinesa tem priorizado a expansão da robótica avançada, incluindo humanoides capazes de caminhar, manipular objetos, executar tarefas repetitivas e operar em ambientes variáveis. O objetivo é consolidar um ecossistema de produção alinhado às demandas do setor manufatureiro e às metas de automação nacional.
Perspectivas de aplicação comercial
Empresas do segmento afirmam que testes com longas caminhadas são essenciais para validar durabilidade de componentes mecânicos e eletrônicos, além de verificar a confiabilidade dos algoritmos de equilíbrio e planejamento de rotas. Uma das principais barreiras identificadas por especialistas é justamente a capacidade de manter operações contínuas em cenários não controlados.
A Agibot declarou que os resultados obtidos pelo A2 servem como base para expansão de modelos destinados a aplicações práticas. Entre os setores que podem receber essas tecnologias estão logística interna de fábricas, inspeção de áreas industriais, apoio em serviços urbanos e atuação em ambientes que exigem resiliência física e autonomia prolongada.
Próximos passos
Com a certificação do Guinness, a empresa pretende ampliar testes e aprimorar sistemas embarcados do A2 e de futuros modelos. O desafio seguinte envolve validar desempenho em ambientes mais densos, como centros comerciais, além de tarefas que exijam interação com objetos e coordenação motora mais complexa.
O recorde, segundo analistas, reforça o processo de consolidação da China como protagonista na corrida global por robôs humanoides capazes de desempenhar funções que tradicionalmente dependem de força, equilíbrio e navegação precisa.
Com informações da Xinhua