Bolsonarismo admite baixa mobilização após prisão de Bolsonaro e vê risco para pressão por anistia

A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gerou uma resposta pública menor do que seus aliados esperavam, produzindo desconforto entre influenciadores e parlamentares de direita. A avaliação predominante é que a capacidade de mobilização do grupo diminuiu em um momento considerado estratégico para pressionar o Congresso a votar projetos de anistia. O quadro foi descrito em reportagem da jornalista Bianca Gomes, do Estadão.

Nas últimas 48 horas, lideranças bolsonaristas passaram a admitir abertamente a falta de adesão popular. O debate se intensificou após uma crítica internacional. Martin De Luca, advogado da Trump Media — empresa ligada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — publicou no X que recebeu questionamentos de apoiadores sobre a ausência de manifestações significativas no Brasil. “A verdade incômoda é que nenhum país estrangeiro pode salvar uma nação cujos próprios cidadãos têm medo demais de defendê-la”, escreveu. A postagem passou a circular amplamente entre grupos bolsonaristas e foi tratada como alerta.

A percepção de esvaziamento se confirmou na prática. A vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio da família, em Brasília, reuniu apenas algumas dezenas de apoiadores. Na Superintendência Regional da Polícia Federal, onde o ex-presidente está preso em sala especial, o movimento também foi reduzido: cerca de 40 pessoas estiveram no local no domingo.

O cenário preocupa aliados que consideram a mobilização popular um instrumento relevante de pressão no Legislativo. Em transmissão ao vivo, o blogueiro Paulo Figueiredo, réu no Supremo Tribunal Federal, afirmou que a falta de manifestações tem sido comentada nos Estados Unidos. “Os americanos cobram e perguntam: onde está a pressão popular do brasileiro? Então, não fiquem esperando que tudo caia dos céus daqui (Estados Unidos) sem que ninguém precise fazer nada no Brasil”, disse.

Parlamentares identificam que o desgaste acumulado desde 2022, divergências internas sobre estratégia e a ausência de lideranças capazes de mobilizar grandes grupos contribuem para o momento de baixa adesão. A prisão preventiva de Bolsonaro reforçou uma fase de incerteza dentro do movimento, que tenta reorganizar suas frentes de atuação enquanto busca manter apoio ativo nas ruas e nas redes.

A avaliação corrente entre influenciadores e dirigentes partidários é que a dificuldade de mobilização pode afetar diretamente a capacidade de pressionar o Congresso. Eles afirmam que, sem demonstrações expressivas de apoio popular, diminui o impacto político das tentativas de avançar com iniciativas legislativas associadas ao grupo.

O bolsonarismo tenta estabelecer novas linhas de atuação diante das pressões judiciais e políticas que se intensificaram nas últimas semanas. Embora aliados busquem reverter o quadro, o consenso é que a reação inicial à prisão do ex-presidente ficou abaixo do esperado, abrindo um período de reavaliação sobre a estratégia do movimento.

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