O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem negado publicamente qualquer intenção de disputar a Presidência da República em 2026. Em declarações recentes, afirmou que “meu nome não está na mesa”, mantendo a posição adotada desde que Jair Bolsonaro (PL), seu pai, iniciou o cumprimento da pena de 27 anos e três meses imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da tentativa de golpe de Estado.
Nos bastidores, porém, o discurso é diferente. Conforme revelou o O Globo, Flávio passou a discutir de forma reservada a possibilidade de entrar na disputa presidencial depois que o irmão Eduardo Bolsonaro passou a tratá-lo como presidenciável em transmissões ao vivo. A interlocutores próximos, o senador afirmou que “se o pai quiser, vai para o sacrifício”.
Motivos do “sacrifício” citado pelo senador
Aliados interpretam o termo como referência ao custo político e pessoal que uma eventual candidatura representaria. Caso decida concorrer, Flávio abriria mão de disputar a reeleição ao Senado pelo Rio de Janeiro, considerada praticamente assegurada por seu entorno.
Uma candidatura presidencial também reabriria fragilidades exploradas em eleições anteriores, como o caso das “rachadinhas”, questionamentos sobre movimentações financeiras ligadas a sua loja de chocolates e a compra de um imóvel em Brasília. O senador ainda enfrenta o histórico da campanha de 2016, quando concorreu à prefeitura do Rio e enfrentou episódios de desgaste, incluindo a intervenção de Jair Bolsonaro durante um debate em que impediu a candidata Jandira Feghali de atendê-lo após um mal-estar.
Por que a candidatura se tornou uma opção
Apesar dos riscos, auxiliares afirmam que vantagens políticas passaram a ser percebidas. A avaliação do grupo é que liderar a direita e herdar o capital político do pai pode ter mais peso estratégico do que garantir novo mandato no Senado — mesmo em caso de derrota.
Aliados citam também que Flávio acumulou vitórias judiciais nos últimos anos, que encerraram investigações sobre seu nome, e que ele teria hoje maior capacidade de articulação com o Centrão. Outra avaliação é que Jair Bolsonaro, preso, teria menos possibilidade de interferência direta na condução da campanha, o que reduziria ruídos presentes em eleições anteriores.
Anistia e dosimetria: mudança de cálculo político
Em relação à anistia, Flávio mantém, em público, a defesa da pauta. No entanto, interlocutores afirmam que, internamente, o senador considera a aprovação do projeto de lei da dosimetria — relatado pelo deputado Paulinho da Força — como caminho mais viável para reduzir a pena do ex-presidente.
A proposta discutida reduziria a condenação de Jair Bolsonaro para um intervalo entre 7 e 11 anos, com cerca de dois anos de cumprimento em regime fechado.