Kast mantém vantagem sobre Jara no Chile, aponta pesquisa Atlas/Bloomberg

Foto: Cristobal Basaure Araya/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Uma nova rodada da pesquisa Latam Pulse, realizada pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg, mostra que José Antonio Kast chega ao segundo turno das eleições presidenciais no Chile com uma vantagem expressiva sobre Jeannette Jara. O levantamento indica que o candidato de ultradireita reúne 56,9% das intenções de voto, enquanto a comunista registra 35%. Outros 8,1% dos entrevistados afirmaram que pretendem votar em branco, anular ou ainda não decidiram o voto. Considerando apenas os votos válidos, Kast alcança 61,9%, contra 38,1% de Jara.

Os chilenos irão às urnas novamente em 14 de dezembro. Desde outubro, os números sugerem uma tendência de crescimento para Kast — que tinha 47% das intenções em um cenário de segundo turno — enquanto Jara apresenta leve queda, saindo de 39% para os atuais 35%.

A pesquisa também investigou a avaliação do governo de Gabriel Boric. Segundo o levantamento, 63,9% desaprovam o desempenho do presidente, 34,2% aprovam e 1,9% não soube responder. Questionados sobre os principais problemas enfrentados pelo país, os entrevistados apontaram corrupção (57,5%), insegurança, crime e narcotráfico (48,1%), altos preços e inflação (27%), impunidade e falhas no sistema judicial (26,3%) e migração (26%). A sondagem ouviu virtualmente 9.012 adultos entre os dias 22 e 27 de novembro e possui margem de erro de 1,1 ponto percentual, com 95% de confiança.

O segundo turno opõe dois candidatos de perfis muito distintos. Kast, que disputa a Presidência pela terceira vez, busca consolidar seu retorno após uma trajetória marcada pela ascensão em 2021, quando chegou ao segundo turno contra Boric, e pela campanha de 2017, em que obteve apenas 8% dos votos. Descendente de imigrantes alemães e ex-integrante da União Democrática Independente, Kast foi deputado entre 2002 e 2018. Nesta eleição, optou por moderar a retórica, deixando de lado discussões polêmicas como o apoio passado à ditadura de Augusto Pinochet para se concentrar em temas de segurança pública e imigração. Defende medidas rígidas, como o endurecimento das regras de entrada no país e até a construção de uma vala para conter migração irregular. Seu estilo direto e conservador tem ampliado sua base entre eleitores de direita.

Já Jeannette Jara, candidata de 51 anos da coalizão governista, tornou-se a primeira comunista a disputar a Presidência desde a redemocratização. Entrou na vida política ainda na adolescência, aos 14 anos, como integrante da Juventude Comunista, e construiu carreira em pautas sociais e trabalhistas. Crescida em um bairro operário de Santiago e primeira da família a concluir a universidade, formou-se em Administração Pública e estudou Direito. Ocupou cargos no governo, entre eles o de subsecretária de Seguridade Social entre 2016 e 2018. Em 2022, voltou à administração pública como ministra do Trabalho de Gabriel Boric, implementando reformas como a redução da jornada de 45 para 40 horas semanais, o aumento do salário mínimo e o avanço da reforma previdenciária. Ao deixar o ministério para disputar a eleição, venceu as primárias da coalizão com 60% dos votos. Desde então, tem buscado adotar um posicionamento mais pragmático, defendendo segurança pública sem militarização, o combate ao crime organizado e a ampliação das políticas sociais.

Caso seja eleita, Jara seria a primeira presidente comunista do Chile em período democrático. Kast, por sua vez, tenta consolidar a guinada à direita observada no país após o primeiro turno.

Lucas Allabi: Jornalista em formação pela PUC-SP e apaixonado pelo Sul Global. Escreve principalmente sobre política e economia. Instagram: @lu.allab
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.