Micro e pequenas empresas geram 98% das vagas formais em outubro e consolida liderança na criação de empregos no Brasil

Ari Dias/AEN

As micro e pequenas empresas (MPEs) reforçaram seu peso na criação de empregos formais no Brasil em outubro de 2025. Um levantamento do Sebrae, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que 98% dos novos postos com carteira assinada no mês foram gerados por negócios desse porte. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (28) e publicadas pelo portal Metrópoles.

Segundo o relatório, o país abriu cerca de 85 mil vagas formais em outubro, das quais aproximadamente 83 mil foram criadas por micro e pequenas empresas. O desempenho confirma a tendência observada ao longo do ano e antecipa um fechamento de 2025 com participação decisiva do segmento na expansão do mercado de trabalho.

Contratações superam resultados de 2024

Entre janeiro e outubro, os pequenos negócios contrataram 1,23 milhão de trabalhadores, número superior ao registrado em todo o ano de 2024, quando 1,22 milhão de admissões foram contabilizadas. O acumulado aponta que as MPEs se consolidam como principais responsáveis pela abertura de vagas formais no país.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o desempenho tem relação direta com fatores econômicos recentes. Segundo ele, “os dados das micro e pequenas empresas na contratação de pessoas demonstra que o porte é o grande motor da economia brasileira, porque gera riquezas, promove a inclusão e leva qualidade de vida para a população”. A avaliação é de que a valorização da renda e o fortalecimento do consumo interno, observados ao longo de 2025, contribuíram para ampliar a capacidade de contratação desses negócios.

Setor de serviços lidera admissões

O setor de serviços manteve a liderança absoluta nas contratações realizadas por micro e pequenas empresas em outubro. Segundo o levantamento, mais de 47 mil novas admissões foram registradas no segmento, que segue como motor do emprego formal no país.

Na sequência aparece o comércio, responsável por 25 mil contratações no mês. A construção civil fechou o ranking dos três setores que mais contrataram dentro do universo das MPEs, com 8,7 mil vagas abertas.

O Sebrae destaca que a dinâmica desses setores responde tanto a variações sazonais quanto ao aumento da demanda por serviços urbanos, expansão do varejo e retomada de obras públicas e privadas. A entidade avalia que a capacidade de rápida adaptação e a flexibilidade operacional dos pequenos negócios explicam a forte presença do segmento nos números do Caged.

Dados da PNAD confirmam melhora no mercado de trabalho

A análise das MPEs ocorre em paralelo a indicadores positivos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta sexta-feira (28), a nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) registrou que a taxa de desocupação no trimestre móvel encerrado em outubro caiu para 5,4%. O percentual retoma o menor nível da série histórica iniciada em 2012.

O desemprego apresentou queda de 0,2 ponto percentual em relação ao trimestre de maio a julho e redução de 0,8 ponto na comparação com o mesmo período de 2024. Segundo o IBGE, trata-se de um movimento sustentado por um contingente recorde de pessoas ocupadas e pela expansão das vagas formais.

A PNAD também aponta:

5,910 milhões de pessoas desocupadas, menor patamar da série;

39,182 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, nível recorde;

subutilização em 13,9%, o menor índice histórico;

recuo da força de trabalho potencial para 5,2 milhões, menor número desde 2015.


O conjunto desses indicadores reforça o ambiente favorável para o avanço das MPEs, que tradicionalmente respondem de forma mais imediata às oscilações da atividade econômica. Especialistas ouvidos por entidades empresariais afirmam que a combinação de demanda aquecida, crédito direcionado e políticas de apoio ao empreendedorismo oferece condições para que o segmento amplie sua participação no mercado de trabalho nos próximos trimestres.

Pequenos negócios ganham protagonismo na recuperação econômica

O Sebrae avalia que o cenário de 2025 consolida um ciclo iniciado dois anos antes, quando pequenas empresas passaram a liderar a criação de vagas formais durante a fase de recuperação pós-pandemia. O desempenho atual, no entanto, apresenta ritmo mais consistente, alinhado ao crescimento do emprego formal observado no Novo Caged e à estabilidade dos rendimentos medida pela PNAD.

Embora a abertura de vagas seja influenciada por atividades de menor complexidade e alta rotatividade, o Sebrae observa que setores como tecnologia, serviços especializados e alimentação fora do lar também têm ampliado contratações dentro do universo das MPEs, diversificando o perfil das oportunidades.

Perspectivas para o fim do ano e início de 2026

Com a aproximação das festas de fim de ano, a expectativa é que micro e pequenas empresas mantenham um saldo positivo em novembro e dezembro, impulsionadas pelo comércio, turismo e serviços temporários. Para 2026, o Sebrae projeta continuidade do ritmo de contratações, mas condiciona o resultado à manutenção da atividade econômica e à evolução do crédito para pequenos negócios.

Enquanto o governo se apoia nos dados do Caged e da PNAD para reforçar a narrativa de recuperação do mercado de trabalho, especialistas alertam que a sustentabilidade do movimento dependerá de fatores como inflação, juros e estabilidade fiscal.

Ainda assim, os números de outubro confirmam que micro e pequenas empresas seguem sendo o núcleo mais ativo na geração de emprego formal no país, e que sua participação crescente continuará a influenciar os resultados gerais do mercado de trabalho brasileiro.

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