Eduardo Bolsonaro aprofunda racha na direita, defende Flávio para 2026 e agride Tarcísio

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a elevar a temperatura no campo político ao comentar, nesta quarta-feira (26), a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), as disputas internas da direita e os cenários para 2026. Em entrevista à jornalista Letícia Casado, do UOL, o parlamentar afirmou que o bolsonarismo permanece forte, defendeu o nome do irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para uma eventual candidatura presidencial e fez críticas diretas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

As declarações ampliam tensões já presentes no bloco conservador, que enfrenta um período de reorganização após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses por participação na trama golpista.

“Prisão não vai apagar o bolsonarismo”, diz Eduardo Bolsonaro

Eduardo minimizou os efeitos políticos da detenção do pai. Segundo ele, movimentos contrários às decisões do ministro Alexandre de Moraes tendem a se fortalecer.

“Não é uma prisão do Bolsonaro que vai fazer apagar o bolsonarismo. Pelo contrário. Moraes, ao acelerar e abusar do seu poder, infla a possibilidade de senadores serem eleitos, principalmente, contra ele”, afirmou.

O deputado também justificou a ausência de protestos expressivos nas ruas nos últimos dias. Para ele, apoiadores temem sofrer punições semelhantes às impostas aos envolvidos nos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023.

“O povo tem medo de acabar preso como o pessoal do 8 de Janeiro”, disse, afirmando que não percebeu perda de apoio nas redes sociais após a prisão do pai. “Não perdi nenhum seguidor por causa disso […] enquanto os nossos opositores mal conseguem sair às ruas.”

Eduardo argumentou que o bolsonarismo ainda é o único movimento capaz de mobilizar multidões de forma espontânea e que essa capacidade será decisiva para o próximo ciclo eleitoral.

Deputado reage a críticas internas e diz que não vai conter embates na direita

O parlamentar rejeitou a ideia de moderar ataques e disputas públicas com outros nomes do espectro conservador, apesar da pressão de alas do PL pela redução de conflitos internos. Ele afirmou que seguirá reagindo a provocações e negou que esteja contribuindo para um racha na direita.

“Estou me lixando se vão falar que estou dividindo a direita. Eu vou falar a verdade. É assim que aprendi com meu pai a angariar um movimento político”, declarou.

O tom reforça divergências que já vinham sendo mencionadas por parlamentares do PL e aliados próximos da família Bolsonaro, que temem que disputas antecipadas prejudiquem a tentativa de reorganização do grupo.

Flávio Bolsonaro é apontado como nome mais preparado para disputar a Presidência

Questionado sobre quem deveria liderar o campo bolsonarista em 2026, Eduardo Bolsonaro afirmou que a decisão deve ser tomada internamente, mas deixou clara sua preferência pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

“O Flávio já é uma pessoa conhecida, é um perfil mais articulador, que lida bem com várias pessoas do centro […] Ele tem uma capacidade já demonstrada, já testada”, afirmou.

Segundo Eduardo, o irmão está mais preparado para assumir uma candidatura nacional do que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Embora Michelle seja vista como liderança popular entre bolsonaristas, ele avalia que falta experiência política concreta.

“Falta ali um componente no escrutínio público, de ter um mandato. Ela estaria menos preparada”, afirmou o deputado.

Nos bastidores, a defesa de Flávio como presidenciável ecoa movimentos recentes do próprio senador, que tem intensificado articulações no Congresso e dialogado com setores do Centrão, em um momento no qual tenta assumir protagonismo político durante a detenção do pai.

Eduardo critica Tarcísio e diz que governador não representa a direita

Eduardo Bolsonaro admitiu que o grupo pode apoiar o governador Tarcísio de Freitas caso ele se torne o nome competitivo da direita para 2026. Mas, na entrevista, reforçou discordâncias políticas e criticou o alinhamento moderado do ex-ministro da Infraestrutura.

“Não venham querer pintar o Tarcísio como uma pessoa de direita, porque ele não é. O Tarcísio é um tecnocrata de centro que, no cenário político, acha que ainda há margem para diálogo com o Alexandre de Moraes”, afirmou.

O deputado também disse que aliados de Tarcísio estariam cometendo um erro estratégico ao assumir que os votos da direita estão garantidos.

“Achando que os votos da direita estão garantidos, ele tenta agradar o centro e a esquerda. Isso é uma estratégia errada”, declarou.

As críticas refletem um incômodo crescente dentro da ala bolsonarista mais radical, que desconfia da postura moderada do governador paulista, especialmente após episódios em que Tarcísio evitou confrontos diretos com o STF ou adotou medidas de gestão consideradas pragmáticas.

Disputa por 2026 acirra divergências internas

As declarações de Eduardo Bolsonaro chegam em um momento de reorganização da direita após a prisão do ex-presidente. Com o bolsonarismo dividido entre manter unidade, defender anistia, apoiar o PL da dosimetria ou reorganizar sua liderança, a disputa por 2026 segue aberta — e cada vez mais tensionada pelas declarações públicas.

O próprio Eduardo, que vinha evitando se posicionar abertamente sobre sucessão, mudou o tom nas últimas semanas, após aliados de Flávio começarem a discutir sua eventual candidatura ao Planalto.

O cenário coloca o campo conservador diante de uma definição delicada: escolher entre o peso simbólico da família Bolsonaro, a experiência administrativa de Tarcísio ou a necessidade de construir uma candidatura que sobreviva à crise judicial do ex-presidente.


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