O governo federal revisou para baixo a projeção do salário mínimo de 2026, que agora está estimado em R$ 1.627. A mudança foi divulgada após atualização das expectativas de inflação e reflete o comportamento mais moderado dos preços ao longo dos últimos meses. Segundo o g1, a revisão decorre principalmente da desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador utilizado no cálculo do reajuste anual do piso nacional.
A nova estimativa representa uma alteração relevante em relação aos cálculos iniciais, que projetavam um valor maior para o próximo ano. A redução, porém, segue diretamente relacionada ao método de correção definido pela política de valorização do salário mínimo, que combina inflação acumulada e crescimento econômico limitado a um teto estabelecido pelo arcabouço fiscal.
Inflação abaixo do previsto reduz impacto no reajuste do mínimo
O INPC, que mede a variação de preços para famílias com renda de até cinco salários mínimos, avançou menos do que o previsto no período recente. A desaceleração observada em itens essenciais — como alimentos e alguns serviços — contribuiu para que o indicador ficasse abaixo das projeções usadas anteriormente pelo governo.
Como a fórmula do reajuste considera a inflação acumulada em 12 meses até novembro, a expectativa é que o índice oficial, a ser divulgado nos próximos dias, confirme a tendência de moderação. Esse cenário reduz a base de cálculo do salário mínimo e limita a elevação do valor projetado para 2026.
Se a nova estimativa for confirmada, o aumento deve ficar em torno de 7,2% sobre o mínimo atual, que é de R$ 1.518. O percentual reflete a soma da inflação medida pelo INPC e da taxa de crescimento econômico do ano anterior, limitada a 2,5% além da variação dos preços — mecanismo estipulado pela regra de valorização adotada pelo governo federal.
Regra combina inflação e crescimento econômico com limites do arcabouço
A política de cálculo do salário mínimo considera dois componentes:
- Inflação do período, medida pelo INPC.
- Crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior, limitado a 2,5% acima da inflação.
Esse modelo é utilizado para atualizar o valor do mínimo com o objetivo de preservar o poder de compra da população de baixa renda e permitir ganho real quando a atividade econômica cresce. No entanto, o limite imposto pelo arcabouço fiscal impede repasses superiores ao teto estabelecido para os impactos sobre as contas públicas, o que mantém os reajustes dentro de uma faixa considerada compatível com a trajetória de gastos.
A previsão de crescimento econômico utilizada para o cálculo deste ano segue dentro dos parâmetros definidos pelo Ministério da Fazenda. Mesmo assim, a desaceleração inflacionária reduziu o espaço para uma valorização maior do mínimo em 2026.
Impacto no Orçamento deve ser menor, mas governo adota cautela
O salário mínimo funciona como referência para diversas despesas obrigatórias da União, incluindo aposentadorias, pensões, seguro-desemprego e abono salarial. Qualquer revisão do valor previsto impacta diretamente o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), enviado ao Congresso.
Apesar da alteração nas projeções econômicas, o Ministério do Planejamento não solicitou ao Legislativo que reduza imediatamente as estimativas de despesas atreladas ao mínimo. Em nota enviada ao g1, a pasta afirmou que “de todo modo e tudo o mais constante, a projeção menor tem o efeito de reduzir os gastos com aposentadorias, pensões e outros benefícios. No entanto, a atualização da projeção depende de outros fatores, como a variação da base de beneficiários, cabendo ao Congresso avaliar a conveniência e oportunidade de alterar as estimativas dos gastos previdenciários e sociais durante a tramitação do PLOA”.
A posição do ministério indica que eventuais ajustes dependerão do debate parlamentar durante a análise do Orçamento. Mesmo com a revisão para baixo, o governo deve aguardar a divulgação oficial do INPC e eventuais atualizações de parâmetros econômicos antes de solicitar modificações formais no texto enviado ao Congresso.
Equipe econômica prevê pouca diferença entre estimativa e valor final
A equipe econômica avalia que o INPC acumulado até novembro não deve apresentar variações significativas em relação às projeções divulgadas. Para os técnicos, a tendência de desaceleração já está consolidada e deve sustentar a estimativa revisada de R$ 1.627.
A expectativa é que o valor final do salário mínimo para 2026 fique muito próximo da projeção atual e que o impacto sobre despesas federais também permaneça dentro do planejado. Benefícios sociais, programas de transferência de renda e demais políticas vinculadas ao piso nacional devem seguir a atualização oficial quando o índice for confirmado.
O governo aguarda os dados do IBGE para consolidar o valor que entrará em vigor a partir de janeiro de 2026. Até lá, as áreas econômica e orçamentária seguem acompanhando o comportamento dos indicadores que compõem a fórmula de reajuste.