As expectativas de inflação para os próximos anos voltaram a cair no Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (1). O relatório semanal, que reúne projeções de economistas do mercado financeiro, mostrou nova redução nas estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mantendo o indicador ainda mais distante do teto da meta. As informações são da agência Reuters.
O levantamento apontou que a expectativa de alta do IPCA para 2025 recuou de 4,45% para 4,43%, enquanto a projeção para 2026 caiu de 4,18% para 4,17%. Para os anos seguintes, não houve alterações significativas: a estimativa de inflação para 2027 permaneceu em 3,80%, e para 2028 continuou em 3,50%.
Os dados reforçam a percepção de que as pressões inflacionárias vêm perdendo força diante da combinação de menor demanda, aperto monetário prolongado e expectativas ancoradas em relação ao cumprimento do arcabouço fiscal. Ainda assim, as projeções seguem acima do centro da meta de inflação, mas se mantêm abaixo do limite superior estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Estimativas de juros permanecem estáveis e Selic deve encerrar 2025 em 15%
Além das projeções para o comportamento dos preços, o Boletim Focus manteve estáveis as expectativas para a taxa Selic. Segundo os economistas consultados, a taxa básica de juros deve terminar este ano nos atuais 15%, sem perspectiva de cortes no curto prazo.
Para 2026, o relatório aponta expectativa de que a Selic caia para 12%, mantendo a trajetória de redução gradual ao longo do próximo ciclo econômico. A manutenção das projeções sugere que o mercado aguarda maior previsibilidade no comportamento dos indicadores fiscais e inflacionários antes de revisar estimativas sobre a condução da política monetária.
A estabilidade nas previsões indica também que os analistas passaram a incorporar a sinalização recente do Comitê de Política Monetária (Copom), que reforçou a necessidade de cautela diante das incertezas externas e domésticas. O cenário geopolítico e o ritmo de crescimento global permanecem entre os fatores monitorados pelo mercado na definição das expectativas de juros.
Mercado mantém projeção de crescimento moderado do PIB
As estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) também permaneceram inalteradas no boletim desta semana. Para 2025, os analistas mantiveram a projeção de crescimento econômico em 2,16%. Para 2026, a expectativa continua em 1,78%, refletindo a avaliação de um ritmo moderado de expansão da atividade econômica no médio prazo.
Segundo a Reuters, as projeções estáveis indicam que o mercado adota uma postura cautelosa em relação às perspectivas de crescimento, especialmente diante do ambiente internacional menos favorável e da política monetária ainda restritiva. A manutenção das apostas sugere que os economistas aguardam novos dados fiscais, investimentos previstos e resultados do mercado de trabalho antes de revisar suas estimativas.
O desempenho do consumo das famílias e o comportamento dos investimentos privados continuam sendo pontos de atenção para analistas e investidores. Além disso, o impacto de medidas anunciadas pelo governo e a evolução do setor de serviços devem influenciar as atualizações futuras do Focus.
Inflação em trajetória de desaceleração reforça expectativas ancoradas
O recuo das expectativas de inflação para 2025 e 2026 reforça a percepção de que o processo de descompressão dos preços deve se estender ao longo dos próximos meses. A redução consecutiva nas previsões indica que o mercado segue confiante na capacidade de o Banco Central manter a inflação controlada dentro dos limites da meta, mesmo em um cenário que ainda apresenta incertezas.
Apesar disso, as projeções ainda não convergem para o centro da meta de 3% definida pelo CMN. A distância se explica pelo impacto residual de choques passados, pela persistência de pressões em alguns setores de serviços e pela própria dinâmica da economia brasileira.
O Banco Central tem reiterado que o retorno sustentável da inflação ao nível central da meta é um processo gradual, que depende de condições fiscais, credibilidade institucional e previsibilidade na condução da política econômica.
Relatório será atualizado semanalmente e pode refletir novos sinais da economia
O Boletim Focus é divulgado semanalmente e compila expectativas de centenas de instituições financeiras, consultorias e departamentos econômicos. As projeções são continuamente ajustadas conforme novos dados econômicos, decisões do governo e mudanças no cenário internacional.
Com a divulgação de indicadores como produção industrial, resultados fiscais, mercado de trabalho e inflação acumulada, o mercado deve revisar novamente suas expectativas ao longo das próximas semanas. A evolução das variáveis monitoradas pelo Banco Central continua determinante para definir o rumo da política monetária e suas implicações sobre juros, crédito e atividade econômica.