Australianas veem avanço no licenciamento de projetos de terras raras de US$655 mi no Brasil; Empresas defendem retomada rápida das análises após recomendação do MPF; Viridis e Meteoric apostam em apoio institucional e estudos já apresentados
As mineradoras australianas Viridis Mining e Meteoric, responsáveis por dois dos maiores projetos de terras raras em desenvolvimento no Brasil, mantêm confiança na retomada do processo de licenciamento ambiental, mesmo após um freio momentâneo imposto pelo Ministério Público Federal (MPF). Juntas, as companhias planejam investir US$655 milhões — um aporte significativo em um setor considerado estratégico para a transição energética e para a reindustrialização do país.
Em novembro, o MPF recomendou que os órgãos ambientais de Minas Gerais suspendessem a análise das licenças dos empreendimentos até que fossem realizados novos estudos e consultas sobre possíveis riscos ambientais e sociais. Atendendo à recomendação, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) interromperam a avaliação dos pedidos em 28 de novembro.
O projeto Colossus, da Viridis, previsto para receber um capex de US$358 milhões, e o projeto Caldeira, da Meteoric, estimado em US$297 milhões, estão localizados no mesmo estado que se tornou um polo de disputas envolvendo mineração, preservação ambiental e direitos de comunidades locais. Nesse cenário, a cobrança do MPF encontrou eco em setores da sociedade que exigem mais rigor na concessão de licenças — especialmente após décadas de impactos acumulados pela exploração mineral.
Mesmo assim, as mineradoras afirmam que o processo segue firme. Para a Viridis, o apoio institucional ao Colossus permanece sólido. “[O Projeto] Colossus continua a se beneficiar de um forte apoio em todos os níveis do governo brasileiro. A retirada temporária da pauta do Copam é um procedimento padrão após recomendações do MPF e não tem impacto na avaliação técnica favorável, documentada publicamente pela FEAM, que respalda a Licença Prévia do Projeto”, afirmou Rafael Moreno, diretor da empresa.
O executivo reforçou que a companhia já respondeu aos pontos levantados pelos procuradores. “Nossa equipe técnica revisou minuciosamente as solicitações do MPF e está confiante de que os pontos levantados já foram abordados em nosso EIA/RIMA, em audiências públicas e em submissões formais. Esperamos que o Colossus retorne à pauta do Copam para deliberação em 19 de dezembro de 2025, e continuamos plenamente confiantes na integridade ambiental do Projeto, na robustez do processo regulatório e em nosso caminho claro para a obtenção da Licença Prévia (LP)”, afirmou.
A Meteoric segue na mesma direção. A empresa também aguarda que o Copam reavalie o projeto Caldeira ainda este mês. “Embora esse adiamento na votação do Copam seja frustrante, o trabalho realizado pela nossa equipe sustenta a aprovação da LP, e continuamos confiantes em obtê-la na próxima reunião do Copam”, declarou o diretor gerente, Stuart Gale.
Segundo Gale, não há novos obstáculos a impedir o avanço do processo. “Estamos bem preparados para apoiar a Feam na elaboração de sua resposta ao Copam e ao Ministério Público Federal. Com base em nossa análise, não parece haver novos impedimentos para a aprovação da LP na próxima reunião do Copam, em 19 de dezembro”, acrescentou.
A postura das empresas reflete o peso que os minerais estratégicos passaram a ter na economia global e na disputa tecnológica entre países. Ao mesmo tempo, pressionam o debate nacional sobre o equilíbrio entre desenvolvimento e responsabilidade socioambiental — um tema cada vez mais central para governos progressistas e para comunidades que convivem com os impactos diretos da mineração.
Agora, a decisão está novamente nas mãos das autoridades ambientais mineiras, que precisam conciliar rigor técnico, transparência e o compromisso com um modelo de desenvolvimento mais sustentável. Para as empresas, a aposta é que o processo seguirá seu curso. Para a sociedade, permanece a expectativa de que, desta vez, os erros do passado não se repitam.