O pleito presidencial realizado em Honduras no domingo (30) revelou uma disputa apertada e gerou fortes críticas internacionais e internas, após acusações de irregularidades na apuração. O candidato apoiado por Donald Trump, Nasry Asfura — apelidado “Tito” — liderava a contagem inicial, mas com margem extremamente estreita e sob suspeita de manipulação.
Dias antes da votação, Trump manifestou abertamente apoio a Asfura, classificando os adversários como “comunistas” e afirmando que os Estados Unidos retirariam ajuda e cooperação caso eles vencessem. Ele também prometeu perdoar o ex-presidente Juan Orlando Hernández — condenado nos EUA por narcotráfico — caso Asfura ganhasse. Segundo analistas internacionais, o gesto reforçou percepções de interferência direta dos EUA no processo eleitoral hondurenho.
O clima de desconfiança aumentou com a paralisação da transmissão oficial dos resultados. O site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de Honduras saiu do ar em meio à contagem — um problema classificado como “técnico”. A partir daí, as autoridades optaram por uma contagem manual, o que ampliou o temor de fraudes e questionamentos sobre a lisura do pleito.
Com 57% das atas apuradas, a diferença entre Asfura, no primeiro lugar, e Salvador Nasralla (Partido Liberal), no segundo, era de 515 votos, o que acabou gerando a declaração pública de “empate técnico” pela presidente do CNE, Ana Paola Hall. Esse cenário levou a consultas sobre a validade dos mecanismos de apuração e aumentou a pressão doméstica e internacional para que a contagem ocorresse de forma transparente.
Poucos dias antes, a candidata governista Rixi Moncada já alertava para o risco de “ingerência externa” e denunciava a intervenção dos EUA no processo.
Na segunda-feira (1), Trump usou a Truth Social para lançar uma ameaça direta: caso o resultado fosse manipulado, haveria “um preço alto a pagar”. A agressividade da declaração reverberou no cenário internacional, elevando o grau de incerteza e aumentando a suspeita de uma intervenção dos EUA em Honduras.