A relação entre Bacellar, líder da Alerj preso, e o deputado do CV TH Joias

PF mira vazamento e abala cúpula política do Rio / Reprodução

O caso expõe novamente fragilidades no sistema político do Rio, onde episódios semelhantes se repetem e alimentam a desconfiança da população diante de sucessivos escândalos


A prisão de Rodrigo Bacellar reacende um debate inevitável sobre o ambiente político fluminense e suas conexões perigosas. Isso porque o nome do presidente da Alerj aparece, ao menos publicamente, entrelaçado ao do deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, de 35 anos — preso também nesta quarta-feira, 3, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, durante operação da Polícia Federal contra o tráfico de drogas.

TH Joias, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e de fornecer armas ao Comando Vermelho, não escondia a proximidade com Bacellar. Em suas redes sociais, os dois surgiam abraçados, sorridentes, celebrando uma amizade que ultrapassava o ambiente institucional. “No trabalho, somos comprometidos com nossas ações. Mas, graças a Deus, podemos viver momentos de descontração que fortalecem nossa amizade”, escreveu o parlamentar em uma das publicações. Em outra, exaltou a “liderança do amigo e presidente da Alerj”.

Essa relação rendeu frutos políticos. TH foi alçado à presidência da Comissão de Defesa Civil da Assembleia e passou a acompanhar Bacellar em diversas agendas pelo interior, inclusive durante o período em que o aliado assumiu o governo interinamente. Em uma homenagem publicada por Tiego no aniversário do presidente da Casa, Bacellar respondeu de forma afetuosa: “Muito obrigado pelo carinho, pela lembrança e pelas palavras, meu irmão”.

A sintonia entre os dois era tamanha que se repetia em aparições públicas, incluindo uma agenda em Búzios — registro que circulou amplamente. Para o líder do MDB no Rio, Washington Reis, legenda à qual TH era filiado, a prisão do parlamentar não surpreendeu: “Nos bastidores todo mundo sabia da fama desse moço”, declarou. Ele confirmou a expulsão imediata de TH do partido e, sobre a proximidade com Bacellar, foi direto: “são unha e carne”.

A ascensão de TH à Alerj ocorreu após a saída de Rafael Picciani para a Secretaria de Esporte e Lazer e a morte do deputado Otoni de Paula (pai), o que abriu espaço para o então segundo suplente assumir a cadeira — que agora deve retornar a Picciani.

Antes de entrar na política, TH Joias construiu fama e fortuna vendendo peças chamativas de ouro e diamantes para celebridades. Mas junto ao brilho das joias vieram processos volumosos: o parlamentar é acusado de lavar dinheiro para as três facções criminosas mais atuantes do estado — Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e Amigo dos Amigos (ADA).

A relação próxima entre Bacellar e TH, agora revelada sob a sombra das investigações, coloca ainda mais pressão sobre o presidente da Alerj e amplia as perguntas que a sociedade fluminense tem feito repetidamente: quem, afinal, tem operado os bastidores do poder no Rio — e a quem esse poder tem servido?

Via Rio Carta*

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