Bacellar ajudou TH Joias a fugir e provoca a própria prisão preventiva

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O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil-RJ), foi preso preventivamente nesta quarta-feira (3) após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão ocorre no âmbito de uma investigação da Polícia Federal (PF) que aponta participação direta do parlamentar na fuga do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, durante operação realizada em 3 de setembro de 2025. As informações foram publicadas pelo portal Metrópoles.

A PF afirma que Bacellar auxiliou o colega de Parlamento ao vazar dados sigilosos e interferir no cumprimento de mandados judiciais. A conduta, segundo os investigadores, prejudicou o trabalho da corporação e comprometeu a apreensão de bens considerados relevantes para o avanço das apurações sobre suposta atuação de organização criminosa.

PF afirma que Bacellar orientou TH Joias antes da operação

De acordo com a decisão do STF, Bacellar teria tido acesso prévio a informações sigilosas da operação. A Polícia Federal descreve que o presidente da Alerj sabia da troca recente do número de telefone de TH Joias e teria orientado o deputado a retirar objetos da própria residência antes do cumprimento dos mandados.

Para os investigadores, a atuação do parlamentar criou obstáculos diretos à execução da operação. Em relatório anexado ao inquérito, a PF diz ser “inequívoco o conhecimento prévio e o direcionamento das ações de TH pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar, agente político anômalo na cadeia hierárquica em que transitam informações sigilosas oriundas dos órgãos estatais”.

A corporação aponta que a suposta interferência contribuiu para que TH Joias deixasse o local antes da chegada dos agentes, frustrando a apreensão de bens e documentos considerados estratégicos.

Registros, imagens e dados telefônicos embasam investigação

A Polícia Federal afirma que as evidências foram obtidas a partir de diferentes fontes. Segundo o relatório, há:

  • Imagens de câmeras de segurança;
  • Registros de entrada e saída no Condomínio Mansões, onde o deputado reside;
  • Dados extraídos do celular apreendido de TH Joias.

Os investigadores concluíram que o conjunto de indícios indica atuação de Bacellar com o objetivo de comprometer o andamento das diligências. Para a PF, os elementos demonstram “materialidade e autoria inequivocadamente comprovadas”.

Moraes determina prisão preventiva e afastamento da presidência da Alerj

Ao analisar o pedido da Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a prisão preventiva de Rodrigo Bacellar e determinou seu afastamento imediato do cargo de presidente da Assembleia Legislativa. A decisão também prevê restrições para impedir eventual influência sobre outros investigados.

Moraes classificou como graves as informações encaminhadas pela PF e afirmou que a permanência do parlamentar no cargo representaria risco de interferência na investigação.

Na decisão, o ministro afirma: “Os fatos narrados pela Polícia Federal indicam que Rodrigo Bacellar estaria atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual, capazes de potencializar o risco de continuidade delitiva e de interferência indevida nas investigações da organização criminosa”.

Desdobramentos e impacto político no Rio de Janeiro

A prisão preventiva tem impacto direto no comando político da Alerj. Com o afastamento de Bacellar, a Casa deverá definir um substituto imediato para conduzir as atividades legislativas. Nas últimas semanas, o presidente vinha desempenhando papel central em articulações políticas estaduais e federais, o que amplia a repercussão do caso.

A investigação envolvendo TH Joias e o suposto vazamento de informações sigilosas ocorre em processo que apura atuação de organização criminosa, cujo escopo ainda não foi detalhado pela PF em razão do sigilo decretado pelo STF.

A defesa de Rodrigo Bacellar ainda não se manifestou. O deputado TH Joias também não comentou as novas informações divulgadas pela Polícia Federal. A Alerj afirmou que acompanhará o andamento do processo e adotará as medidas regimentais necessárias após a formalização das decisões judiciais.


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