O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está estruturando um fundo de investimentos voltado à inteligência artificial, à expansão de data centers e à digitalização da economia. A informação foi confirmada pelo diretor de Planejamento e Relações Institucionais do banco, Nelson Barbosa, durante participação na abertura da 1ª Semana de Economia Brasileira Cicef-BNDES, realizada nesta segunda-feira (1º), no Rio de Janeiro. A declaração foi dada à agência Sputnik Brasil.
O evento, organizado pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (Cicef) em parceria com o BNDES, reúne autoridades da formulação econômica brasileira e pesquisadores dedicados ao tema do desenvolvimento nacional. Participaram da cerimônia de abertura a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, de forma remota; o diretor do BNDES, Nelson Barbosa; a secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura, Cláudia Sousa Leitão; e o diretor-presidente do Cicef, Carlos Pinkusfeld Bastos.
Plano para criação de fundo deve ser anunciado no início de 2026
Questionado sobre o próximo passo do BNDES no apoio à agenda de inteligência artificial no país, Barbosa afirmou que o banco trabalha na formatação de um fundo específico para financiar projetos ligados a IA e infraestrutura tecnológica. Segundo ele, a previsão é que o anúncio seja feito no início de 2026.
O diretor explicou que o valor total do fundo ainda está em discussão, mas deverá ficar entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. O BNDES pretende aportar 25% desse montante, enquanto o restante será captado junto a investidores privados e gestores especializados. A construção da iniciativa seguirá modelo semelhante ao utilizado pelo banco em programas voltados a minerais críticos, que têm funcionado por meio de editais públicos e seleção de administradores.
“O plano é formatar um fundo com foco em inteligência artificial, data centers e digitalização. A gente espera anunciar isso no início do ano que vem. Vamos definir quanto o BNDES vai colocar e se o fundo será de R$ 500 milhões ou R$ 1 bilhão. O banco deve aportar 25%”, declarou Barbosa.
Estruturação seguirá modelo de editais utilizados em outros setores
Barbosa afirmou que o processo de constituição do fundo replicará o procedimento adotado pelo banco em iniciativas recentes de financiamento à cadeia de minerais estratégicos, nas quais o BNDES abre edital, gestores se candidatam e a estrutura é montada a partir da seleção das propostas. A mesma lógica deverá orientar o fundo de IA, com foco na atração de investidores privados para viabilizar capital adicional.
A ideia é direcionar recursos para empresas e projetos que atuem no desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial, na ampliação da capacidade de processamento de dados e na modernização das infraestruturas essenciais para suportar sistemas intensivos em computação. O plano dialoga com discussões nacionais sobre necessidade de ampliar a autonomia brasileira em setores digitais considerados estratégicos.
Desenvolvimento com foco no conjunto da sociedade
Na abertura do evento, Barbosa relacionou a agenda de inovação tecnológica com a diretriz mais ampla de desenvolvimento defendida pelo governo federal. Em sua fala, destacou que a estratégia econômica deve alcançar toda a população. “Como o presidente tem colocado desde o primeiro mandato, o desenvolvimento do Brasil tem que ser para todos. Não é para 30% ou para uma minoria”, afirmou.
A fala foi feita diante de plateia formada por economistas, pesquisadores e gestores públicos. A Semana de Economia Brasileira, que ocorre até 5 de dezembro, debate temas ligados ao papel do Estado na formulação de políticas públicas, às transformações recentes da economia global e aos caminhos possíveis para o desenvolvimento brasileiro.
Evento reúne formuladores de políticas e pesquisadores
A programação da primeira edição da Semana inclui mesas sobre política industrial, produtividade, inovação, inclusão digital, financiamento ao desenvolvimento e desafios estruturais do país. Os debates são conduzidos por especialistas do setor público e da academia.
O encontro é uma iniciativa do Cicef, organização voltada ao estudo de políticas para o desenvolvimento criada a partir do legado do economista Celso Furtado. O BNDES, parceiro institucional do evento, tem buscado ampliar sua atuação em setores considerados estratégicos, incluindo energia, infraestrutura, economia criativa e tecnologia.
Agenda de IA se consolida como prioridade
O fundo mencionado por Barbosa deve integrar a agenda mais ampla do BNDES para o apoio à digitalização da economia. A instituição estuda linhas de crédito, instrumentos de coinvestimento e mecanismos de estímulo a empresas de tecnologia. A criação do fundo representa a primeira iniciativa voltada especificamente para inteligência artificial.
A movimentação ocorre em meio ao avanço internacional de plataformas de IA e à discussão sobre capacidade computacional necessária para acompanhar essa evolução. O Brasil enfrenta desafios relacionados ao custo elevado de data centers, à dependência de chips fabricados no exterior e ao ritmo acelerado de desenvolvimento tecnológico em outros países.
Previsão de novos anúncios
Segundo Barbosa, a conclusão da estruturação do fundo dependerá da definição de investidores e gestores interessados. Após o anúncio formal, previsto para o início de 2026, o BNDES deverá abrir edital para seleção das propostas. A instituição não informou prazos para início das operações nem os critérios específicos de seleção dos projetos.
O banco também não detalhou quais setores de inteligência artificial serão priorizados, mas indicou que o foco será a infraestrutura necessária ao desenvolvimento das tecnologias, com atenção a data centers, capacidade computacional e modernização digital.