Congresso dos EUA articula freio bipartidário para impedir ação militar de Trump na Venezuela

Foto: REUTERS/Maxwell Briceno REUTERS/Kent Nishimura

Parlamentares democratas e republicanos dos Estados Unidos intensificaram, nos últimos dias, a articulação para barrar qualquer iniciativa do presidente Donald Trump de avançar com uma ação militar contra a Venezuela. O movimento ganhou força diante da escalada de tensões no Caribe, marcada pelo aumento de operações das Forças Armadas norte-americanas e por ameaças do próprio presidente sobre possíveis ofensivas terrestres.

Segundo informações da Telesur, congressistas de ambos os partidos apresentaram resoluções no Legislativo para forçar uma votação que restrinja qualquer ato de guerra não autorizado pelo Congresso, em resposta direta ao avanço da chamada Operação Lança do Sul.


Operação Lança do Sul intensifica receios sobre conflito no Caribe

A articulação no Congresso ocorre num contexto de preocupação crescente. Desde setembro, os Estados Unidos registraram pelo menos 22 ataques conduzidos por tropas norte-americanas no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental, segundo fontes citadas pela imprensa internacional. As operações são lideradas por forças navais que incluem o porta-aviões USS Gerald Ford, um dos mais modernos do arsenal dos EUA.

A ofensiva militar também tem sido acompanhada de denúncias de mais de 80 execuções extrajudiciais, sob o argumento de combate ao narcotráfico na região, o que ampliou questionamentos internos e externos sobre a estratégia adotada por Washington.

É nesse cenário que congressistas buscaram formalizar ações capazes de limitar a atuação do presidente e exigir transparência sobre os objetivos da campanha militar.


Democratas e republicanos se unem para impedir escalada militar

Entre os principais nomes envolvidos na oposição às medidas anunciadas por Trump estão os democratas Tim Kaine, Chuck Schumer e Adam Schiff, além do republicano Rand Paul. O grupo afirmou que uma intervenção militar na Venezuela representaria “um erro colossal e custoso que colocaria desnecessariamente em risco a vida de nossos militares”.

A declaração evidencia divisões internas dentro do próprio Partido Republicano, bem como desconforto crescente com o tom adotado pela Casa Branca. Legisladores do Senado e da Câmara vêm alertando que o aumento das tensões no Caribe pode desencadear um conflito de grandes proporções, com impactos diretos sobre a estabilidade regional.

Na Câmara dos Representantes, os democratas Jim McGovern e Joaquin Castro, junto ao republicano Thomas Massie, apresentaram uma resolução paralela reforçando que “não pode haver qualquer ato de guerra sem autorização prévia do Congresso”, reafirmando o papel constitucional do Legislativo nas decisões sobre o uso da força.


Parlamentares acionam a Lei de Poderes de Guerra para forçar debate e votação

Diante da possibilidade de novas ofensivas, congressistas anunciaram que recorrerão à Resolução sobre Poderes de Guerra, legislação que permite ao Congresso exigir a retirada de tropas e limitar ações militares não autorizadas. O objetivo é abrir um debate formal e levar o tema à votação, criando barreiras institucionais para impedir que forças norte-americanas sejam enviadas contra a Venezuela sem respaldo legal.

O recurso é considerado um dos instrumentos mais fortes disponíveis ao Legislativo para restringir iniciativas militares do Executivo. No entanto, especialistas lembram que seu uso costuma gerar disputas políticas intensas e pode não ser suficiente para impedir completamente ações unilaterais do presidente.


Escalada militar de Trump amplia tensões diplomáticas e críticas internacionais

As recentes declarações de Trump sobre possíveis ataques terrestres a cartéis latino-americanos e sua retórica sobre o que chama de “narcoterrorismo” ampliaram as preocupações de governos estrangeiros e organizações multilaterais. A escalada reforça debates sobre os limites da política externa norte-americana e sobre os riscos de que a crise venezuelana evolua para um confronto armado.

Fontes diplomáticas consultadas por veículos internacionais alertam que a presença ostensiva de tropas e equipamentos militares em torno da Venezuela pode pressionar ainda mais o governo de Nicolás Maduro, ao mesmo tempo em que aumenta os riscos de incidentes.


Senador Chuck Schumer publica mensagem alertando para riscos da intervenção

A tensão interna no Congresso se tornou mais explícita após manifestação pública do líder democrata no Senado, Chuck Schumer. Em mensagem na rede X, ele afirmou:

“Se a administração Trump segue adiante com seus planos de lançar ataques militares contra a Venezuela, apresentaremos uma Resolução de Poderes de Guerra para bloquear o desdobramento de forças norte-americanas na Venezuela. A segurança de nossas tropas e nossa segurança nacional estão em jogo”.

A declaração reforça o clima de urgência e mobilização nas duas Casas do Congresso.


Aprovação depende de maioria simples, mas veto presidencial é provável

Para ser aprovada, a resolução precisa de maioria simples no Senado e na Câmara. No entanto, mesmo que alcance esse apoio, o texto pode ser vetado por Trump. Nesse caso, seria necessário o voto de dois terços das duas Casas para derrubar o veto, um cenário considerado pouco provável diante da correlação de forças no Legislativo.

Ainda assim, a ofensiva bipartidária representa um freio institucional à escalada militar e um sinal claro de que o Congresso busca recuperar protagonismo na definição da política externa norte-americana.


Venezuela permanece no centro da disputa geopolítica

Com o avanço das operações militares e o aumento das pressões diplomáticas, a Venezuela se mantém como foco das discussões internacionais. Países do Caribe e da América do Sul acompanham com preocupação a possibilidade de um conflito que extrapole as fronteiras venezuelanas e cause impactos humanitários e econômicos na região.

A articulação no Congresso norte-americano busca evitar esse cenário, mas a disputa entre Executivo e Legislativo deve se intensificar nas próximas semanas, à medida que novas movimentações militares forem anunciadas.


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