A confirmação de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pretende disputar a Presidência em 2026 levou o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, a retomar as articulações para lançar o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), como candidato ao Palácio do Planalto. As conversas ocorreram ao longo do fim de semana, logo após o anúncio feito na sexta-feira (5).
Segundo interlocutores, Ratinho Jr. demonstrou disposição para entrar na corrida presidencial. Ele e Kassab, no entanto, concordaram em adotar cautela e deixar qualquer movimento público para fevereiro, considerado o momento mais apropriado para oficializar a pré-candidatura.
No diagnóstico traçado pelas lideranças, a candidatura de Flávio Bolsonaro deve ser mantida até o fim, funcionando como uma tentativa da família Bolsonaro de conservar sua influência no campo da direita. Essa leitura, avaliam, reduz as chances de uma postulação nacional do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e abre espaço para que Ratinho Jr. avance como alternativa menos diretamente associada ao bolsonarismo.
Kassab também avalia que a direita poderá ter ao menos quatro candidaturas no primeiro turno. Além de Flávio Bolsonaro e Ratinho Jr., devem entrar na disputa o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o de Goiás, Ronaldo Caiado (União). A expectativa projetada nas conversas é de que o campo direitista concorra de forma fragmentada, unificando-se somente num eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As projeções internas ainda consideram a reorganização das alianças partidárias. Flávio Bolsonaro, afirmam líderes políticos, teria o apoio do PP e do Republicanos; Caiado partiria apenas com o União Brasil; Zema, com o Novo; e Ratinho Jr., inicialmente apenas com o PSD. A avaliação de Kassab é de que o MDB tende a formar aliança com Lula.
Mesmo com a disputa por pequenos partidos — que ainda são relevantes para ampliar o tempo de televisão — a percepção predominante no PSD é que campanhas bem estruturadas nas redes sociais têm impacto maior hoje do que a exibição em TV aberta.
As movimentações têm como pano de fundo a pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana, que animou Kassab e Ratinho Jr. O levantamento reproduz resultados semelhantes aos de estudos qualitativos encomendados pelo PSD, indicando que o governador paranaense aparece bem posicionado nacionalmente apesar de nunca ter investido em projeção fora de seu estado. De acordo com o instituto, Ratinho alcançaria 41% das intenções de voto em um eventual segundo turno contra Lula — apenas um ponto abaixo de Tarcísio, enquanto o presidente teria 47%.