Segundo Nassif, é hora de investigar a morte de Teori Zavascki

O ambiente de intimidação relatado por testemunhas fortalece a cobrança por uma investigação independente e consistente sobre a atuação da força-tarefa / Reprodução

Declarações recentes apontam para um cenário de poder e pressões políticas que, segundo especialistas, torna inevitável revisitar o acidente aéreo que vitimou o ministro


Em meio ao acúmulo de novas revelações sobre os métodos da Operação Lava Jato, cresce a pressão por respostas que nunca foram plenamente dadas. Segundo Nassif, o momento exige que o país finalmente encare, com seriedade e transparência, as circunstâncias que envolveram a morte do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A discussão volta ao centro do debate após declarações que reforçam suspeitas antigas e exibem, de forma mais clara, o ambiente de intimidação e chantagem que teria cercado a operação.


O peso de novas revelações sobre a Lava Jato

A descoberta de que a chamada “caixa amarela” da 13ª Vara Federal em Curitiba guarda os vídeos da controversa “festa da cueca” alterou a percepção sobre a denúncia apresentada pelo empresário Tony Garcia. Ele afirma ter sido pressionado por Sérgio Moro a gravar autoridades em situações comprometedoras, criando material passível de ser usado como chantagem. Para Nassif, esse achado muda o patamar das acusações e ajuda a explicar a postura do TRF-4, que durante anos homologou sem resistência todas as decisões do então juiz.

Garcia relatou ainda que, dentro da dinâmica de poder da Lava Jato, um desembargador que se posicionava contra os métodos da força-tarefa teria sido derrubado a partir de falsas denúncias. Ele também apontou que dois ministros — Herman Benjamin (STJ) e Luís Roberto Barroso (STF) — teriam sido alvo de pressões, sendo Barroso associado às investigações sobre o Banestado, período em que advogava para Ricardo Teixeira.

Nesse cenário, novos relatos reforçam a gravidade do quadro. A ex-juíza Luciana Bauer apresentou detalhes de uma agressão que diz ter sofrido de Moro dentro de um elevador, alegando ter sido agarrada pelo pescoço. Depois do episódio, afirma ela, viaturas suspeitas passaram a circular diante de sua casa.


Segundo GGN, o contexto exige revisitar o acidente que matou Teori

À luz desses depoimentos e da maneira como a Lava Jato atuou, segundo GGN, torna-se impossível ignorar a proximidade entre os abusos revelados e a morte de Teori. No documentário produzido pelo portal e prestes a ser divulgado, o ministro Gilmar Mendes lembra que Teori faleceu poucos dias após afirmar que iria enquadrar os excessos cometidos pela operação.

O acidente aéreo que vitimou o ministro interrompeu abruptamente sua relatoria. Com sua morte, o processo foi transferido ao ministro Luiz Edson Fachin, considerado “confiável” por integrantes da Lava Jato nos diálogos revelados pela Vaza Jato — ainda que não haja indícios de que ele tenha atuado irregularmente.

Para Nassif, o que estava em jogo ultrapassava a disputa por protagonismo dentro do Judiciário. Havia interesses bilionários, incluindo os recursos que alimentariam a Fundação Lava Jato, e impactos econômicos profundos sobre a indústria brasileira de engenharia e sobre a Lei de Partilha da Petrobras, que garantia maior controle estatal sobre o pré-sal.


Uma investigação que o país deve a si mesmo

O debate sobre a morte de Teori Zavascki nunca se encerrou. Mas agora, diante de novos elementos e da reconstrução detalhada do ambiente de pressão que cercava a Lava Jato, segundo Nassif, não há mais justificativa para evitar uma apuração rigorosa.

A trajetória de Teori — reconhecido por sua discrição, firmeza técnica e compromisso com a legalidade — contrasta com a escalada de abusos que hoje se descortinam. Investigar o acidente não significa antecipar conclusões, mas sim honrar a responsabilidade pública de esclarecer episódios que moldaram parte decisiva da vida institucional brasileira.


Luis Nassif é jornalista com mais de 50 anos de carreira, premiado em veículos impressos e digitais, e diretor-fundador do Jornal GGN.

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