O Brasil continua humilhando o tarifaço de Donald Trump.
Mais que isso, a magnitude do nosso comércio exterior significa que o país conseguiu, de alguma maneira, se reposicionar nas cadeias internacionais de valores.
Apesar de sermos principalmente um exportador de commodities, temos um diferencial importante, que é não dependermos de apenas um produto, nem dois, nem três, mas oferecermos uma vasta carteira de mercadorias.
Além disso, enquanto países industrializados sofrem com a concorrência de uma China muito mais produtiva e tecnológica, o Brasil especializou-se em bens estratégicos que nenhum outro país pode oferecer, ou pelo menos não com a quantidade, qualidade e regularidade que possuímos.
O que aparentemente nos falta em tecnologia industrial, temos de sobra em tecnologia agropecuária.
Se conseguirmos continuar modernizando e industrializando nossa agricultura familiar, então teremos encontrado um lugar muito promissor, do ponto-de-vista de nosso desenvolvimento, na divisão internacional do trabalho.
O Brasil terá criado algo novo: um projeto de desenvolvimento construído a partir de uma base agropecuária altamente tecnológica e científica, beneficiada por uma sofisticada logística financeira, diplomática, ambiental e de transportes.
Aliás, mesmo em termos industriais, também estamos conquistando nichos de alto valor agregado, como o de aeronaves tamanho pequeno e médio, caminhões, ônibus, carros e tratores, além de vários tipos de máquinas e produtos químicos.
No acumulado de 12 meses até novembro de 2025, a corrente de comércio brasileira atingiu US$ 622,93 bilhões, um recorde histórico.
Comparado ao mesmo período de 2024, houve aumento de 3,3%. Em 10 anos, o crescimento foi de 96,0%.
A corrente de comércio é a soma das exportações e importações de um país.
As exportações brasileiras, por sua vez, atingiram US$ 342,70 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro de 2025. Comparado ao mesmo período de 2024, quando registraram US$ 340,95 bilhões, houve aumento de 0,5%. Também é um recorde histórico.
As importações cresceram US$ 18,14 bilhões (6,9%) no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, atingindo US$ 280,23 bilhões comparado aos US$ 262,09 bilhões do mesmo período de 2024. Outro recorde.
O superávit comercial brasileiro no acumulado de 12 meses até novembro de 2025 foi de US$ 62,47 bilhões. No mesmo período de 2024, o superávit foi de US$ 78,86 bilhões. Este é o terceiro maior superávit de toda a história do Brasil, superado apenas pelos que obtivemos em 2023 e 2024.
Principais parceiros
A corrente de comércio Brasil-China foi de US$ 168,79 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, crescimento de 4,5% em relação ao período anterior. Em 10 anos, a corrente de comércio entre Brasil e China cresceu 171,6%.
As exportações brasileiras para a China atingiram US$ 28,51 bilhões, aumento de 2,4% comparado ao mesmo período de 2024, quando registraram US$ 27,86 bilhões. Em 10 anos, as exportações para a China cresceram 302,1%.
A nossa corrente de comércio com os Estados Unidos totalizou US$ 83,32 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, crescimento de 3,5% em relação ao período anterior. Em 10 anos, a corrente de comércio entre os dois gigantes das Américas cresceu 78,9%.
As exportações brasileiras para os EUA, por sua vez, atingiram US$ 37,92 bilhões, queda de 5,4% comparado ao mesmo período de 2024, quando registraram US$ 40,10 bilhões. Em 10 anos, as exportações para os EUA cresceram 57,8%.
Além da carteira diversificada de produtos, um outro trunfo do Brasil é a quantidade de mercados que vem conseguindo penetrar, mundo à fora. Nem só de EUA e China vive o nosso comércio exterior.
Mercados emergentes como Argentina, Índia e países africanos cresceram expressivamente nos últimos meses. A base de exportação brasileira nunca foi tão ampla e distribuída geograficamente.
A corrente de comércio Brasil-Argentina atingiu US$ 31,49 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, crescimento de 18,7% comparado ao mesmo período de 2024, quando registrou US$ 26,54 bilhões. Em 10 anos, a corrente de comércio cresceu 46,0%.
As exportações brasileiras para a Argentina, por exemplo, vivem um momento de excelente desempenho. Nos últimos 12 meses, até novembro, atingiram US$ 18,37 bilhões, aumento de 38,0% comparado ao mesmo período de 2024.
A corrente de comércio Brasil-Índia atingiu US$ 14,79 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, aumento de 24,3% comparado ao mesmo período de 2024, quando registrou US$ 11,89 bilhões. Em 10 anos, a corrente de comércio cresceu 103,5%. As exportações brasileiras para a Índia foram de US$ 6,47 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 8,31 bilhões.
O presidente Lula tem apostado fortemente no aprofundamento das relações comerciais com a Índia. Em sua última viagem ao país, Lula se encontrou com o primeiro-ministro Narendra Modi e reafirmou o compromisso de expandir os laços comerciais bilaterais. O presidente destacou o potencial do comércio entre os dois países como uma das prioridades da sua agenda internacional.
Com a maior população do mundo, a Índia representa um mercado em expansão para produtos brasileiros. O potencial de crescimento é significativo e as relações bilaterais têm espaço para avanços substanciais.
A corrente de comércio Brasil-ASEAN atingiu US$ 37,87 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, crescimento de 139,6% em 10 anos. As exportações brasileiras para a ASEAN atingiram US$ 23,87 bilhões, redução de 9,6% comparado ao mesmo período de 2024, quando registraram US$ 26,40 bilhões. Em 10 anos, as exportações para o bloco dos países do Sudeste Asiático cresceram 139,5%.
A corrente de comércio Brasil-África atingiu US$ 21,38 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, redução de 4,2% comparado ao mesmo período de 2024, quando registrou US$ 22,31 bilhões. Em 10 anos, a corrente de comércio cresceu 37,5%.
As exportações brasileiras para a África foram de US$ 13,71 bilhões, redução de 5,2% em relação ao mesmo período de 2024, quando registraram US$ 14,46 bilhões. Em 10 anos, as exportações para o continente africano cresceram 83,4%.
Para compreender melhor o desempenho do comércio exterior brasileiro, é importante analisar os números mensais, que revelam variações mais recentes e tendências em desenvolvimento.
Esses números, porém, sofrem com ruído sazonal: determinadas épocas do ano apresentam picos ou quedas naturais de atividade.
Para evitar essas distorções e identificar melhor as tendências estruturais, a análise através de média móvel de 12 meses é mais adequada. Esse método suaviza as flutuações sazonais e permite entender melhor o comportamento real do comércio exterior.
Em novembro de 2025, a corrente de comércio brasileira total, em média móvel mensal de 12 meses, atingiu US$ 51,91 bilhões, registrando variação de +0,37% em relação a outubro, quando foi de US$ 51,72 bilhões.
Comparado ao mesmo mês do ano anterior, o crescimento foi de +3,30%, quando registrou US$ 50,25 bilhões. Em relação a janeiro de 2016, a corrente de comércio cresceu 77,5%, partindo de US$ 29,24 bilhões.
As exportações brasileiras em novembro, para todos os países, também em média móvel de 12 meses, atingiram US$ 28,56 bilhões, apresentando aumento de +0,21% frente a outubro de 2025.
No período de um ano, a variação foi de +0,53% em relação a novembro de 2024, quando registraram US$ 28,41 bilhões.
Mais uma prova, portanto, de que o tarifaço foi absolutamente esmagado pelo desempenho de nossos exportadores.
Desde janeiro de 2016, as exportações cresceram 85,9%.
As importações brasileiras em média móvel mensal de 12 meses atingiram US$ 23,35 bilhões em novembro de 2025, crescimento de 68,2% em relação a janeiro de 2016, quando foram de US$ 13,88 bilhões.
A corrente de comércio Brasil-BRICS atingiu US$ 17,93 bilhões em novembro de 2025 (média móvel mensal de 12 meses), comparado a US$ 7,38 bilhões em janeiro de 2016, crescimento de 143,1% no período.
As exportações brasileiras para os BRICS, por sua vez, atingiram US$ 10,13 bilhões em novembro, enquanto as importações foram de US$ 7,80 bilhões.
A corrente de comércio Brasil-EUA, ainda em média móvel mensal de 12 meses, atingiu US$ 6,94 bilhões em novembro de 2025, comparado a US$ 4,09 bilhões em janeiro de 2016, crescimento de 69,9% no período.
As exportações brasileiras para os EUA em novembro, na média móvel mensal de 12 meses, foram de US$ 3,16 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 3,78 bilhões.
Essa trajetória mostra que, apesar das tensões comerciais e políticas recentes, a relação comercial do Brasil com os EUA permanece em expansão.
No ano em que o Brasil enfrentou ataques comerciais covardes da Casa Branca, que impôs ao Brasil as maiores tarifas do mundo (hoje anuladas em grande parte), a competência do nosso comércio exterior e da nossa diplomacia falou mais alto.
Com isso, o Brasil deve fechar o ano de 2025 com os melhores números de comércio exterior da nossa história, o que ajudará, naturalmente, a trazer mais empregos aos brasileiros e maior crescimento econômico para o ano que vem.