“Ele já era. Ele está acabado. Você é um perdedor, cara. Você está perdendo em tudo, e vai perder ainda mais porque você, meu amigo, é um perdedor”, comentou James Carville durante um podcast no Politicon. O estratégista político americano, ao lado do jornalista Al Hunt, não deixa dúvidas sobre sua avaliação do presidente: Trump está derrotado, em todos os lugares, e as evidências eleitorais recentes comprovam essa análise.
Os resultados das eleições especiais nos Estados Unidos mostram um padrão claro: os democratas conquistam vitórias expressivas em territórios tradicionalmente republicanos. Em dezembro de 2025, a democrata Eileen Higgins venceu a eleição para prefeita de Miami com uma margem de 19 pontos percentuais, derrotando o candidato apoiado por Donald Trump. A vitória marca a primeira vez em 28 anos que um democrata assume a prefeitura da cidade. Na Geórgia, o democrata Eric Gisler conquistou um assento na Câmara Estadual (Distrito 121) que era considerado seguro para os republicanos. Em novembro, as eleições para governador na Virgínia e Nova Jersey também resultaram em vitórias democratas, com a congressista Mikie Sherrill vencendo em Nova Jersey.
O principal problema de Trump, segundo Carville, é sua mensagem econômica completamente desconectada da realidade. Enquanto milhões de americanos enfrentam inflação, aumento do custo de vida e dificuldades financeiras, Trump insiste em dizer que a economia está “fantástica” e conquistou uma nota “A+”. Para Carville, isso é “uma mensagem politicamente estúpida”. Ele afirma que “ele está tentando argumentar que você não está sentindo o que está sentindo”. Os eleitores sentem a realidade econômica em suas carteiras e no dia a dia.
“As evidências estão por toda parte”, diz Carville. Os dados confirmam essa análise. Pesquisas recentes mostram que a aprovação de Trump caiu significativamente. Em novembro de 2025, sua aprovação atingiu 38%, o menor nível de seu segundo mandato, de acordo com a Reuters/Ipsos. Mais recentemente, em dezembro, sua aprovação oscilava entre 36% e 41%, dependendo da pesquisa. Particularmente preocupante para o presidente é o fato de que sua aprovação tornou-se negativa em estados que ele venceu em 2024, como Ohio e Iowa.
A mudança no voto latino é particularmente significativa. Trump havia conquistado ganhos históricos com eleitores latinos em 2024, mas essa vantagem está desaparecendo rapidamente. Pesquisas do Pew Research Center de novembro de 2025 mostram que a maioria dos latinos desaprova Trump, especialmente suas políticas sobre economia e imigração. Na eleição para governador de Nova Jersey, a candidata democrata Mikie Sherrill conquistou o voto latino por uma margem de 2 para 1. Enquanto 81% dos latinos que votaram em Trump em 2024 ainda o aprovam, esse número caiu de 93% no início de seu mandato.
Para as eleições de meio de mandato (midterms) de 2026, as projeções indicam um cenário desafiador para os republicanos. Uma pesquisa do Marist College mostrou que os democratas são favoritos nas eleições de 2026. O Cook Political Report e outras análises sugerem que os democratas têm oportunidades significativas de ganhar assentos na Câmara dos Representantes, potencialmente revertendo o controle republicano.
Carville observa que essa dinâmica é sem precedentes. Ele menciona que Trump está perdendo em todos os lugares: na Flórida, Pensilvânia, Nova Jersey, Virgínia, Mississippi e Geórgia. Essa amplitude geográfica de rejeição sugere que não se trata de uma questão isolada em determinadas regiões, mas de um movimento nacional contra o presidente.
Carville conclui que Trump não é mais um “mágico político”. O cenário mudou fundamentalmente. “Os sinais estão por toda parte”, diz Carville. Eleitores hispânicos estão retornando aos democratas. Jovens continuam mobilizados contra Trump. Independentes e moderados se afastam. Até republicanos começam a questionar seu futuro político.
“Não há volta”, conclui Carville. “Trump está perdendo em todos os lugares.”