China recusa chips liberados por Trump

A recente decisão do governo de Donald Trump de autorizar a exportação dos chips de inteligência artificial H200 da Nvidia para a China gerou uma onda de críticas e histeria entre congressistas e analistas americanos.

Eles acusaram a administração de fazer uma concessão perigosa a um rival geopolítico.

No entanto, a realidade se mostrou muito mais irônica e reveladora: a China não parece ter interesse nos chips.

Isso expõe um erro de cálculo colossal na estratégia de Washington.

A controvérsia começou quando a Casa Branca, com o apoio do czar de IA David Sacks, permitiu que a Nvidia vendesse seus chips H200 para o mercado chinês.

A justificativa era que, ao oferecer um produto americano competitivo, embora não o mais avançado, os EUA poderiam minar a dominância de campeões tecnológicos locais como a Huawei.

A reação em Washington foi imediata.

Legisladores de ambos os partidos, como a senadora democrata Elizabeth Warren e o senador republicano Dave McCormick, expressaram forte preocupação.

Eles argumentaram que a medida poderia fortalecer a capacidade militar e tecnológica da China.

O que esses críticos não previram foi a resposta de Pequim.

Conforme confirmado por David Sacks, a China está, na prática, rejeitando a oferta.

“Eles estão rejeitando nossos chips. Aparentemente, eles não os querem, e acho que o motivo disso é que eles querem independência em semicondutores,” afirmou Sacks em uma entrevista.

A declaração de Sacks evidencia que a China não vê a liberação dos H200 como um favor.

Para Pequim, trata-se de uma tentativa tardia dos EUA de recuperar um mercado que eles próprios abandonaram com os controles de exportação anteriores.

O bloqueio inicial, que visava frear o avanço tecnológico chinês, acabou por ter o efeito oposto.

Em vez de paralisar a indústria de IA da China, a medida incentivou um esforço massivo para alcançar a autossuficiência.

Pequim está investindo dezenas de bilhões de dólares para apoiar seus fabricantes de chips locais, como a Huawei e a Cambricon Technologies.

Essas empresas desenvolveram alternativas domésticas que, embora talvez não superem os chips de ponta da Nvidia individualmente, são suficientemente poderosas quando usadas em conjunto.

A plataforma Cloud Matrix 384 da Huawei, por exemplo, conecta centenas de processadores juntos para compensar o desempenho inferior em chips individuais.

A recusa chinesa em adquirir os H200 demonstra que a janela de oportunidade para os EUA se fechou.

O H200 é um chip que já está uma geração atrás da linha Blackwell da Nvidia e a duas da futura série Rubin.

A tentativa de vender tecnologia “atrasada” para reconquistar participação de mercado foi recebida com indiferença por um país que já não depende mais de fornecedores estrangeiros.

O episódio serve como uma lição sobre as consequências não intencionais de políticas protecionistas.

Demonstra também a rapidez com que o cenário tecnológico global pode se transformar.

A China, que antes era dependente de tecnologia estrangeira, agora segue seu próprio caminho.

Os EUA, por sua vez, descobrem que a estratégia de controle de exportações não apenas falhou, mas criou um rival tecnológico mais autossuficiente e determinado.

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