PF diz que Ramagem deixou o Brasil clandestinamente e entrou nos EUA com passaporte diplomático

Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Polícia Federal apura possíveis falhas em seus sistemas após identificar que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) deixou o Brasil de forma clandestina e ingressou nos Estados Unidos utilizando um passaporte diplomático que já deveria estar cancelado. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (15) pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, durante um encontro com jornalistas em Brasília.

Segundo Rodrigues, Ramagem atravessou a fronteira entre o Brasil e a Guiana, pelo estado de Roraima, sem passar por qualquer posto de controle migratório. A saída ocorreu em setembro, no mesmo período em que o Supremo Tribunal Federal julgava os integrantes do chamado núcleo central da trama golpista, grupo do qual o parlamentar fazia parte.

De acordo com a PF, após cruzar a fronteira, Ramagem embarcou no Aeroporto Internacional de Georgetown, capital da Guiana, com destino aos Estados Unidos. A entrada no país norte-americano ocorreu mediante o uso de passaporte diplomático, apesar de já existir uma determinação judicial para o cancelamento do documento.

O diretor-geral da PF explicou que o cancelamento de passaportes diplomáticos é atribuição do Ministério das Relações Exteriores e que, atualmente, não há comunicação automática desse bloqueio com os sistemas da Interpol. Diante do episódio, a corporação iniciou uma revisão de todos os procedimentos relacionados a esse tipo de documento, com a intenção de ampliar os mecanismos de bloqueio também nos sistemas próprios da PF e da polícia internacional.

Alexandre Ramagem foi condenado a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. A investigação agora se concentra em identificar e responsabilizar pessoas que possam ter colaborado com a fuga do parlamentar.

No sábado (13), a PF prendeu Celso Rodrigo de Mello em Manaus, apontado como um dos envolvidos no auxílio à saída de Ramagem do país. Ele é filho do garimpeiro Rodrigo Cataratas, de Roraima, e teria participado da logística da fuga. A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A defesa de Celso sustenta que ele é inocente.

Esta foi a primeira prisão relacionada diretamente ao caso. Segundo informações apuradas pela PF, há indícios de que outras pessoas tenham financiado ou organizado a saída clandestina do deputado, e novas medidas não estão descartadas.

Paralelamente às investigações, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou à TV Globo que Ramagem já protocolou um pedido de asilo político nos Estados Unidos. Segundo ele, houve contato telefônico recente com o parlamentar.

Sóstenes declarou ainda que pretende solicitar ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que não seja pautado nesta semana o processo que pode resultar na cassação do mandato de Ramagem.

Lucas Allabi: Jornalista em formação pela PUC-SP e apaixonado pelo Sul Global. Escreve principalmente sobre política e economia. Instagram: @lu.allab
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