A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (16), uma nova fase da Operação Unha e Carne, com foco em buscas contra o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A ação aprofunda as investigações sobre o vazamento de informações sigilosas que teriam beneficiado integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, além de apurar possíveis conexões com agentes públicos. As informações foram divulgadas pelo portal Metrópoles.
Ao todo, foram cumpridos um mandado de prisão e dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As diligências ocorreram no Rio de Janeiro e também em endereços localizados no Espírito Santo.
Bacellar volta ao centro da apuração
Rodrigo Bacellar volta a figurar como alvo central das investigações após ter sido preso na primeira fase da Operação Unha e Carne. Na ocasião, o parlamentar acabou sendo solto por decisão do plenário da Alerj e passou a responder em liberdade, com o uso de tornozeleira eletrônica.
Embora esteja licenciado do mandato, Bacellar segue sob investigação da Polícia Federal. Os investigadores buscam aprofundar o rastreamento de eventuais vínculos do ex-presidente da Alerj com o esquema criminoso e esclarecer se houve atuação direta ou indireta para favorecer integrantes da facção.
Desembargador do TRF-2 também é preso
A nova fase da operação também resultou na prisão do desembargador Macário Ramos Judice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Ele é o relator do processo que envolve Thiaho Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, apontado pelas investigações como ligado ao Comando Vermelho.
Judice Neto foi detido e conduzido à sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde permanece à disposição da Justiça.
Histórico de controvérsias na magistratura
A trajetória do desembargador é marcada por episódios controversos. Em 2005, ele foi afastado da magistratura por decisão do próprio TRF-2, após denúncias do Ministério Público Federal que apontavam sua suposta participação em um esquema de venda de sentenças, quando atuava como juiz federal no Espírito Santo.
Após permanecer 17 anos afastado, Judice Neto retornou à carreira e foi promovido ao cargo de desembargador em 2023.
As investigações atuais também analisam a atuação de Flávia Judice, esposa do magistrado, que trabalhou até o início do mês passado no gabinete da diretoria-geral da Alerj. A saída ocorreu quando a apuração contra Bacellar já estava em andamento.
Operação segue diretrizes do STF
A ofensiva da Polícia Federal está alinhada às determinações do STF no julgamento da ADPF 635/RJ, conhecida como ADPF das Favelas. A decisão estabeleceu, entre outras medidas, que a PF conduzisse investigações sobre a atuação de organizações criminosas violentas no Rio de Janeiro e suas possíveis conexões com agentes públicos, ampliando o alcance das apurações.
A Operação Unha e Carne segue em curso, e a Polícia Federal não descarta novas diligências para aprofundar o mapeamento das relações entre o crime organizado e estruturas do poder público no estado.