Um relatório da Polícia Federal atribui ao senador Weverton Rocha (PDT-MA) o papel de “sócio oculto” em um esquema de fraudes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A conclusão consta de documentos produzidos na nova fase da Operação Sem Desconto, que apura a atuação de uma organização criminosa voltada à realização de operações financeiras irregulares relacionadas a benefícios previdenciários.
De acordo com a investigação, o senador teria se beneficiado de estruturas financeiras montadas pelo grupo investigado, por meio da utilização de interpostas pessoas. Entre os intermediários citados pela Polícia Federal estão assessores parlamentares vinculados ao gabinete de Weverton Rocha. Segundo a apuração, os recursos ou vantagens obtidos pelo esquema chegariam ao parlamentar de forma indireta, sustentando o funcionamento da organização.
Em trecho da representação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal afirma que o senador “teria atuado como beneficiário final (‘sócio oculto’) de operações financeiras estruturadas pela organização criminosa, recebendo recursos ou benefícios por meio de interpostas pessoas, alguns seus assessores parlamentares”.
Estrutura do esquema investigado
A Operação Sem Desconto investiga um esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos aplicados diretamente sobre aposentadorias e pensões do INSS. Segundo a Polícia Federal, o grupo teria manipulado sistemas e estruturas administrativas para viabilizar cobranças ilegais, atingindo milhares de beneficiários da Previdência Social.
As apurações apontam para a existência de uma organização criminosa com divisão de funções, atuação coordenada e uso de empresas e pessoas físicas para ocultar a origem e o destino dos recursos. Entre os crimes investigados estão inserção de dados falsos em sistemas oficiais, estelionato previdenciário, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Papel político atribuído ao senador
Além de apontar o senador como beneficiário indireto das operações financeiras, o relatório descreve Weverton Rocha como figura central no suporte político do grupo investigado. Segundo a Polícia Federal, o parlamentar teria atuado como “liderança e sustentáculo das atividades empresariais e financeiras de ANTÔNIO CAMILO”, apontado como um dos principais beneficiários do esquema.
Ainda conforme o documento, a atuação política atribuída ao senador teria sido fundamental para viabilizar o crescimento patrimonial e a consolidação das operações do grupo. Para os investigadores, o enriquecimento de Antônio Camilo estaria diretamente ligado ao apoio político recebido.
“O enriquecimento de ANTÔNIO, portanto, foi viabilizado por suporte político”, afirma a Polícia Federal em um dos trechos do relatório.
Documento apreendido reforça suspeitas
Como elemento adicional da investigação, a Polícia Federal menciona a apreensão de um arquivo em formato Excel localizado em conversas registradas entre Alexandre Caetano e Rubens, ambos identificados como funcionários de Antônio Camilo. O material foi encontrado em registros de 2023.
O documento, intitulado “GRUPO SENADOR WEVERTON”, é citado no relatório como indício relevante para sustentar a hipótese de vínculo entre o parlamentar e o núcleo financeiro do esquema investigado. Para a Polícia Federal, a existência do arquivo reforça a tese de que as operações financeiras estariam organizadas em torno de interesses associados ao senador.
Tramitação no Supremo Tribunal Federal
A investigação tramita sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal em razão do foro privilegiado do senador. As medidas judiciais adotadas na nova fase da Operação Sem Desconto, incluindo prisões e buscas e apreensões, foram autorizadas pela Corte.
A Polícia Federal informou que a apuração segue em andamento e tem como objetivo aprofundar o rastreamento do fluxo financeiro, identificar todos os envolvidos e esclarecer o grau de participação de agentes públicos no esquema.
Até o momento, não há registro de manifestação oficial do senador Weverton Rocha sobre as conclusões apresentadas no relatório da Polícia Federal.

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