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Bomba! Vorcaro se reuniu com cúpula do BC horas antes de prisão e liquidação do Master

Poucas horas antes de ser preso pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em 17 de novembro, o empresário Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, participou de uma reunião virtual com integrantes da alta cúpula de fiscalização do Banco Central do Brasil. O encontro ocorreu no mesmo dia da detenção, em meio a um […]

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Poucas horas antes de ser preso pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em 17 de novembro, o empresário Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, participou de uma reunião virtual com integrantes da alta cúpula de fiscalização do Banco Central do Brasil. O encontro ocorreu no mesmo dia da detenção, em meio a um cenário de forte pressão regulatória e de negociações para a venda da instituição financeira.

As informações foram reveladas pela CNN Brasil, que apurou que a videoconferência aconteceu entre 13h30 e 14h10. Participaram da reunião o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, o chefe do Departamento de Supervisão Bancária, Belline Santana, e o chefe adjunto da mesma área, Paulo Sérgio Neves de Souza.

Prisão ocorreu horas depois, com justificativa de risco de fuga

Daniel Vorcaro foi preso por volta das 22h do mesmo dia, no âmbito da Operação Compliance Zero, deflagrada para investigar a emissão de títulos de crédito considerados falsos por instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional. Segundo a Polícia Federal, a prisão preventiva foi justificada pelo risco de fuga, já que o banqueiro tinha passagem aérea marcada para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

De acordo com a apuração da CNN Brasil, a viagem tinha como objetivo avançar em negociações para a venda do Banco Master a um consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira, com participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos. A defesa de Vorcaro afirma que ele também mantinha tratativas com a Mastercard Brasil para redefinir condições contratuais que permitissem a liberação de crédito emergencial.

A intenção, segundo a defesa, era obter recursos suficientes para cumprir exigências operacionais do arranjo de pagamentos do banco enquanto a operação de venda não era concluída.

Liquidação extrajudicial foi decretada no dia seguinte

No dia seguinte à reunião virtual e à prisão do banqueiro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master. A medida determinou a interrupção imediata das atividades da instituição e sua retirada ordenada do Sistema Financeiro Nacional, o que inviabilizou o avanço das negociações de venda ao consórcio estrangeiro.

A liquidação extrajudicial é considerada uma das medidas mais severas à disposição do regulador, adotada em situações classificadas como extremas, como insolvência irreversível, comprometimento da liquidez ou infrações graves às normas do sistema financeiro.

O que chamou atenção no caso, segundo relatos de especialistas ouvidos pela CNN, foi o fato de o Banco Central ter avançado diretamente para a liquidação, sem a aplicação prévia de medidas cautelares intermediárias — como regimes de intervenção ou administração especial temporária — que historicamente costumam anteceder esse tipo de desfecho.

A defesa de Vorcaro sustenta que o Banco Central tinha conhecimento tanto das negociações de venda quanto da viagem internacional do banqueiro no momento em que decidiu pela liquidação.

Procurado, o Banco Central informou à CNN Brasil que não comentaria o conteúdo da reunião virtual nem os detalhes das decisões internas relacionadas ao caso.

Depoimentos e possível acareação no STF

No desdobramento do caso, a Polícia Federal colhe nesta terça-feira (30) depoimentos de Daniel Vorcaro, do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e do diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino. As oitivas ocorrem de forma separada e por videoconferência.

O procedimento foi determinado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, relator das ações que envolvem a liquidação do Banco Master e as investigações correlatas. Caso sejam identificadas contradições relevantes entre os relatos, a delegada responsável poderá convocar uma acareação conjunta, também em ambiente virtual.

A realização das oitivas e a possibilidade de confronto direto entre os envolvidos foram mantidas apesar de parecer contrário da Procuradoria-Geral da República e de pedido formal do próprio Banco Central para evitar a acareação. Ambos os pleitos foram rejeitados por Toffoli.

Ao justificar a decisão, o ministro afirmou que nem o Banco Central nem Ailton de Aquino figuram como investigados no inquérito, mas que a participação da autoridade monetária é “salutar” e de “especial relevância para o esclarecimento dos fatos”.

Procedimento é visto como atípico nos bastidores

Segundo apuração da CNN Brasil, as diligências determinadas por Dias Toffoli no inquérito que apura as fraudes envolvendo o Banco Master vêm sendo vistas, nos bastidores do Supremo, como atípicas. A condução do caso, que envolve dirigentes de instituições financeiras, decisões regulatórias e possível repercussão penal, tem despertado atenção pela velocidade dos despachos e pela interação direta entre Judiciário, Polícia Federal e Banco Central.

O caso segue em apuração e deve ter novos desdobramentos após a conclusão das oitivas e eventual realização de acareação, que poderá influenciar tanto o curso das investigações criminais quanto os questionamentos judiciais sobre a liquidação do Banco Master.

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