Pesquisa aponta manutenção dos índices recentes e sugere um cenário político consolidado, sem mudanças bruscas na percepção da população
Em um Brasil que ainda tenta curar as feridas de uma polarização profunda, cada nova pesquisa eleitoral é recebida não como um dado estatístico, mas como uma munição de guerra. No entanto, o levantamento divulgado nesta segunda-feira (29/12) pelo Instituto Paraná Pesquisas exige uma leitura que vá além do embate superficial de torcidas. O que os números revelam, sob a ótica de quem busca entender a estabilidade democrática, é um governo que mantém uma base sólida e resiliente, operando dentro de uma normalidade que muitos tentam, sem sucesso, classificar como crise.
Estabilidade em tempos de ruído
Os dados mostram que 45,6% dos brasileiros aprovam a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Quando olhamos para a margem de erro de 2,2 pontos percentuais, o que se vê não é uma queda ou uma ascensão meteórica, mas sim uma estabilidade notável. Em um cenário de terra arrasada herdado pela atual gestão, manter quase metade do país favorável ao projeto de governo é um feito que a oposição costuma ignorar.
A desaprovação, que flutua na casa dos 50,9%, precisa ser lida com o filtro da realidade: vivemos em um país onde a rejeição ao “outro lado” tornou-se um traço cultural de parte do eleitorado. O fato de esses índices permanecerem estáticos, sem mudanças bruscas, sugere que o governo Lula conseguiu estancar sangrias e consolidar um público que reconhece a volta das políticas sociais e da diplomacia altiva.
O peso do “regular” e a nuance da avaliação
Um dos pontos mais interessantes do levantamento é a fatia de 23,1% que classifica o governo como “regular”. Na análise política apressada, esse grupo costuma ser descartado, mas ele é, na verdade, o fiel da balança. Somados aos 32,7% que consideram a gestão “ótima” ou “boa”, temos uma maioria silenciosa que não compra o discurso do “quanto pior, melhor”.
Esses brasileiros que veem o governo como regular são aqueles que, possivelmente, sentem a melhora no preço dos alimentos ou no mercado de trabalho, mas que ainda aguardam que os efeitos da reconstrução institucional cheguem com mais força à ponta final. É um grupo que dá ao governo o benefício da dúvida, longe do ódio ideológico que infla os números de “péssimo” (34,8%).
Por trás dos números: a cautela necessária
É imperativo olhar com lupa para quem produz os dados. O Instituto Paraná Pesquisas frequentemente é citado em debates sobre o enquadramento de suas amostras e a forma como apresenta resultados que, por vezes, parecem favorecer narrativas da direita. Mesmo assim, sob esse olhar rigoroso, o governo Lula sai do levantamento com um saldo de resistência.
Se mesmo em institutos tradicionalmente mais críticos a variação não aponta para uma deterioração real, a conclusão lógica é que a base governista está blindada. A margem de erro, tantas vezes negligenciada, é o que separa o fato da narrativa: tecnicamente, o cenário é de equilíbrio absoluto e constância.
O retrato do Brasil real ao fim de 2025
A pesquisa, realizada entre 18 e 22 de dezembro com 2.038 eleitores, encerra o ano mostrando que Lula não é apenas um nome, mas um projeto que sobrevive ao massacre digital e à resistência de setores conservadores. O fato de a desaprovação não apresentar crescimento significativo é, por si só, uma vitória política para quem governa sob fogo cruzado.
No fim das contas, o que o levantamento nos diz é que o Brasil está em compasso de espera, mas com os pés no chão. Não há o colapso previsto pelos profetas do caos. Há, sim, um país que começa a se acostumar novamente com a política feita com racionalidade, onde os índices de aprovação refletem um governo que, apesar de todos os desafios, mantém a sua base fiel e o seu horizonte de esperança intacto.

Saulo
30/12/2025 - 07h29
Da Silva é um porco