A revista britânica The Economist publicou um editorial no qual defende que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não dispute a reeleição em 2026. O texto, divulgado nesta semana, insere o Brasil no debate internacional sobre sucessão política e provoca repercussão ao apontar a idade do chefe do Executivo como um dos principais argumentos para questionar sua permanência no cargo.
No editorial, a publicação afirma que Lula, atualmente com 80 anos, estaria exposto a riscos associados à idade caso cumpra um eventual quarto mandato presidencial. A revista argumenta que candidatos acima dessa faixa etária representariam incertezas para a condução do governo, citando como referência comparativa o debate recente nos Estados Unidos envolvendo o então presidente Joe Biden.
Apesar das críticas, o texto reconhece que Lula aparece em posição competitiva no cenário eleitoral brasileiro e admite que o presidente segue como um dos nomes mais fortes para a disputa de 2026, em um contexto político que a revista descreve como instável e marcado por forte polarização.
Avaliação do cenário político e institucional
Ao analisar o ambiente político brasileiro, a The Economist menciona a condenação e prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, destacando que o episódio teve repercussões internas e internacionais. O editorial cita ainda o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, afirmando que ele teria feito acusações de perseguição política no Brasil e adotado medidas comerciais contra o país, posteriormente revistas.
Segundo a revista, o governo Lula conseguiu preservar a estabilidade institucional diante desse cenário e manter canais de diálogo internacional, inclusive com os Estados Unidos. Ainda assim, o editorial sustenta que o país deveria buscar alternativas políticas para o próximo ciclo eleitoral.
Críticas econômicas e menções a políticas sociais
O texto também aborda a economia brasileira, classificando as políticas do atual governo como de desempenho moderado. A revista reconhece que o Brasil apresentou crescimento acima do esperado nos últimos anos, mas critica a orientação das políticas públicas, que, segundo o editorial, priorizariam programas sociais e mecanismos de redistribuição de renda.
A publicação avalia que parte das medidas adotadas pelo governo seria vista como pouco favorável ao ambiente de negócios, embora reconheça avanços como o apoio do Executivo à reforma tributária destinada à simplificação do sistema de impostos. Ainda assim, o editorial afirma que persistem preocupações no setor empresarial em relação à previsibilidade e ao custo das políticas fiscais.
Debate sobre sucessão no campo progressista
Outro ponto destacado pela The Economist é a ausência de um nome claramente definido como sucessor de Lula dentro do campo progressista. O editorial menciona o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lembrando sua candidatura presidencial em 2018 e avaliando que ele não teria se consolidado como alternativa eleitoral até o momento.
A revista observa ainda que lideranças regionais e prefeitos mais jovens da centro-esquerda possuem visibilidade limitada no cenário nacional e não apresentam, por ora, força suficiente para substituir Lula como principal referência política do campo progressista.
Com base nessa análise, o editorial sugere que o presidente poderia optar por não disputar a reeleição e abrir espaço para uma renovação de lideranças, permitindo uma disputa mais ampla dentro do espectro político.
Abordagem sobre a direita e possíveis candidaturas
Ao tratar do campo conservador, a The Economist afirma que Jair Bolsonaro, apesar da condenação, ainda mantém influência sobre parte do eleitorado, especialmente entre grupos religiosos. O texto menciona a possibilidade de integrantes de sua família tentarem ocupar esse espaço político, mas avalia que esses nomes enfrentariam resistência eleitoral.
O editorial destaca o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como um dos principais nomes da centro-direita para a disputa presidencial. Segundo a revista, ele reúne características que poderiam atrair eleitores fora do núcleo bolsonarista, sendo descrito como um político de perfil técnico e com menor rejeição em comparação a outros nomes do campo conservador.
A publicação afirma que uma eventual candidatura de Tarcísio poderia contribuir para reduzir a polarização entre lulismo e bolsonarismo, apontando pesquisas que indicariam desempenho competitivo em cenários simulados.
Repercussão e debate sobre interferência externa
O editorial reacendeu o debate sobre o papel da imprensa estrangeira na análise de processos eleitorais nacionais. A posição da The Economist foi interpretada por analistas como uma avaliação política com viés opinativo, comum em editoriais internacionais, mas que pode influenciar a percepção de investidores, governos e formadores de opinião sobre o Brasil.
O texto não tem efeitos diretos sobre o processo eleitoral brasileiro, que segue regido pela legislação nacional e pelas decisões do eleitorado. Ainda assim, a publicação evidencia que a sucessão presidencial de 2026 já desperta atenção fora do país e deverá continuar no centro do debate político e econômico nos próximos meses.

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