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Tarifaço de Trump ameaça Embraer e gigante dos EUA cogita adiar entrega de jatos

A companhia aérea norte-americana SkyWest anunciou que pode suspender a entrega de jatos da Embraer caso o governo dos Estados Unidos mantenha a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, defendida pela gestão do presidente Donald Trump, está prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto. “Temos a sensação de que […]

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A companhia aérea norte-americana SkyWest anunciou que pode suspender a entrega de jatos da Embraer caso o governo dos Estados Unidos mantenha a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, defendida pela gestão do presidente Donald Trump, está prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto.

“Temos a sensação de que as pessoas estão entendendo a importância disso para pequenas comunidades nos Estados Unidos, o impacto econômico disso para o nosso país. Vamos continuar lutando arduamente para avançar na questão tarifária”, declarou o CEO da SkyWest, Chip Childs, durante coletiva de imprensa na última semana, ao apresentar o resultado financeiro da empresa referente ao segundo trimestre.

Childs confirmou que a SkyWest tem atualmente 74 aeronaves da Embraer encomendadas, com entregas previstas até 2032. “Não estamos dispostos a pagar uma tarifa de 50% sobre as entregas de novas aeronaves. Se a tarifa de 50% com o Brasil for implementada, planejamos trabalhar com nossos principais parceiros e a Embraer para adiar a entrega até que a situação tarifária seja resolvida”, afirmou.

O cenário é acompanhado com atenção por setores da indústria brasileira. De acordo com levantamento da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o impacto da nova tarifa sobre exportações brasileiras pode atingir R$ 175 bilhões no longo prazo. A estimativa aponta ainda para uma queda de 1,49% no Produto Interno Bruto (PIB) e eliminação de até 1,3 milhão de empregos.

Em uma hipótese de retaliação por parte do Brasil, com taxação de 50% sobre importações vindas dos EUA, o impacto econômico seria ainda mais profundo. O PIB poderia recuar R$ 259 bilhões, equivalente a 2,21%, com perda estimada de 1,9 milhão de empregos, redução de R$ 36,18 bilhões na massa salarial e queda de R$ 7,21 bilhões na arrecadação tributária.

Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, ficando atrás apenas da China. Em 2024, as exportações do Brasil para os EUA somaram US$ 40,4 bilhões, o equivalente a 1,8% do PIB nacional. Os principais produtos exportados incluem combustíveis minerais, ferro e aço, máquinas e equipamentos mecânicos, aeronaves e café.

Além de ser um importante parceiro comercial, o Brasil também é um dos dez maiores mercados para exportações norte-americanas, recebendo cerca de US$ 60 bilhões em produtos e serviços por ano. Mais de 6.500 pequenas empresas dos Estados Unidos dependem de insumos brasileiros. Cerca de 3.900 companhias norte-americanas mantêm investimentos diretos no Brasil.

A justificativa do governo norte-americano para a elevação das tarifas inclui o andamento das investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Washington, a medida está inserida no escopo da Seção 301, dispositivo que autoriza sanções comerciais diante de práticas consideradas injustas. O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) também iniciou uma investigação sobre as políticas comerciais brasileiras.

O governo brasileiro reagiu. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o país poderá utilizar a Lei de Reciprocidade Econômica como instrumento de resposta. A legislação permite ao Brasil adotar contramedidas, incluindo revisão de concessões comerciais, mudanças em regras de propriedade intelectual e restrições a investimentos estrangeiros.

Além das ações internas, o Senado Federal enviou uma comitiva oficial a Washington para discutir diretamente com parlamentares norte-americanos os impactos da tarifa. A delegação brasileira realizou, nesta terça-feira, sua primeira reunião com autoridades diplomáticas e especialistas em comércio internacional na residência da embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti.

Participam da missão os senadores Jacques Wagner (PT-BA), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Teresa Cristina (PP-MS), Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL). Também esteve presente o embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A missão busca negociar uma saída diplomática para evitar que a medida afete ainda mais o comércio bilateral entre os dois países. A perspectiva de suspensão das entregas da Embraer à SkyWest é considerada um alerta para possíveis impactos sobre outros setores exportadores, como agronegócio, mineração e tecnologia.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outras entidades do setor produtivo têm reforçado os apelos por uma resolução técnica e rápida da disputa. As tratativas seguem em andamento, sem uma definição sobre a possibilidade de revisão ou suspensão da tarifa antes da data prevista para sua entrada em vigor.

O impasse comercial se soma a um momento de tensão diplomática e geopolítica entre os dois países, com potenciais desdobramentos sobre investimentos e relações internacionais mais amplas.

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