A América do Sul vive um momento de destaque no setor energético mundial, com descobertas e investimentos que podem reposicionar a região como uma das principais fronteiras globais do petróleo. Segundo reportagem da The Economist, Brasil, Guiana e Argentina concentram projetos que atraem as maiores petroleiras do planeta e indicam crescimento acelerado na produção para os próximos anos.
No dia 5 de agosto, a britânica BP anunciou lucro trimestral de US$ 2,4 bilhões, 30% acima das projeções de analistas, e revelou a maior descoberta de petróleo da companhia em 25 anos. O campo Bumerangue, localizado a cerca de 400 km da costa do Rio de Janeiro, já é considerado um marco para o setor no Brasil. A novidade deve ampliar a disputa no leilão de blocos de petróleo marcado para outubro, que já conta com empresas como Chevron, Shell e TotalEnergies.
Brasil: avanço no Atlântico Sul e Margem Equatorial
A consultoria Rystad Energy estima que a produção de petróleo no Brasil cresça 10% em 2025, alcançando 3,7 milhões de barris por dia. Além da Petrobras, que segue ampliando operações, a estatal norueguesa Equinor já atua em áreas próximas ao campo Bumerangue. A descoberta reforça a atratividade de regiões estratégicas como a Margem Equatorial, faixa marítima que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte e apresenta condições geológicas semelhantes às de bacias produtoras na Guiana e no Suriname.
Estudos indicam que a Margem Equatorial pode conter reservas significativas de petróleo e gás natural, com potencial para gerar bilhões de dólares em investimentos e royalties, além de empregos diretos e indiretos. Especialistas alertam para a necessidade de acelerar o licenciamento ambiental da Petrobras para iniciar a exploração, sob risco de perda de competitividade em relação a países vizinhos.
Guiana: produção em alta e reservas estratégicas
Com menos de 1 milhão de habitantes, a Guiana já figura como um dos polos de crescimento mais rápido da indústria global. A Rystad projeta aumento de 12% na produção nacional em 2025, chegando a 690 mil barris por dia, com possibilidade de atingir 1,2 milhão até 2030. O bloco Stabroek, situado a cerca de 200 km da capital Georgetown, é operado pela ExxonMobil e parceiros. O ativo foi alvo de disputa envolvendo a Chevron, resolvida por arbitragem internacional.
Argentina: recuperação com foco no xisto
Na Argentina, a retomada do setor avança com a exploração da formação de xisto Vaca Muerta, no oeste do país. A produção cresceu 26% no primeiro trimestre de 2025. Um oleoduto projetado para 2027 deverá transportar até 700 mil barris por dia para a costa atlântica, ampliando as exportações. O governo de Javier Milei aposta na estabilidade regulatória e no estímulo a investimentos para manter o ritmo de crescimento.
Perspectiva regional
Com a redução do ritmo de expansão dos campos de xisto nos Estados Unidos, a América do Sul pode se tornar o novo centro de crescimento da indústria global de petróleo e gás. O conjunto de novas descobertas, ambiente regulatório mais previsível e investimentos em infraestrutura coloca o continente como candidato a registrar a maior taxa de expansão do setor nas próximas décadas.


Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!