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Trump ameaça China para sufocar petróleo russo

Pequim rebate acusações e defende comércio “legal e razoável” com Moscou, ignorando ameaças tarifárias de Washington O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está avaliando a possibilidade de impor novas tarifas sobre produtos importados da China como forma de pressionar Pequim a reduzir suas compras de petróleo russo — uma fonte crucial de receita para […]

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Pequim rebate acusações e defende comércio “legal e razoável” com Moscou, ignorando ameaças tarifárias de Washington.
Ao mirar as importações chinesas, Trump tenta cortar o fôlego financeiro da Rússia durante a guerra da Ucrânia / Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está avaliando a possibilidade de impor novas tarifas sobre produtos importados da China como forma de pressionar Pequim a reduzir suas compras de petróleo russo — uma fonte crucial de receita para o governo de Vladimir Putin no meio da guerra na Ucrânia. A informação foi confirmada neste domingo (10) pelo vice-presidente J.D. Vance, durante uma entrevista à emissora Fox News, em um momento de crescente tensão nas relações entre Washington, Pequim e Moscou.

Vance foi questionado se o governo americano tomaria medidas contra a China semelhantes às aplicadas à Índia na semana anterior, quando Trump anunciou uma tarifa punitiva de 25% sobre importações indianas em resposta à continuidade de Nova Délhi em adquirir petróleo da Rússia, apesar de sucessivos alertas da Casa Branca. Diante disso, o vice-presidente respondeu com cautela: “O presidente disse que está pensando sobre isso, mas ainda não tomou nenhuma decisão definitiva.”

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Ele destacou, no entanto, que o caso da China é mais delicado do que o da Índia. “A questão da China é um pouco mais complicada porque, em nosso relacionamento com eles, isso afeta muitas outras coisas que não têm nada a ver com a situação russa”, explicou. “O presidente está analisando suas opções e, é claro, tomará essa decisão quando achar o momento certo.”

A declaração surge em um contexto em que Trump enfrenta crescentes críticas por não ter conseguido, até agora, concretizar sua promessa de campanha de encerrar a guerra na Ucrânia “no primeiro dia” de seu governo. Mais de seis meses após assumir o cargo novamente, o presidente tenta intensificar a pressão econômica sobre Putin, mas os resultados práticos ainda são escassos. Uma das principais frentes dessa estratégia é cortar as fontes de financiamento do Kremlin, e o petróleo russo é o principal alvo.

A China, no entanto, tem desempenhado um papel central nesse cenário. Com 108,5 milhões de toneladas de petróleo russo importadas no ano passado — segundo dados oficiais da alfândega chinesa —, o país se tornou o maior comprador do recurso, representando cerca de 20% de todas as suas importações de petróleo. Esse volume transformou a China em uma espécie de escoadouro vital para a economia russa, especialmente após sanções ocidentais terem bloqueado boa parte do acesso da Rússia aos mercados europeus.

Em resposta às declarações de Vance, a embaixada da China em Washington emitiu um comunicado defendendo suas ações. “A comunidade internacional, incluindo a China, tem conduzido cooperação normal com a Rússia dentro do marco da legislação internacional”, afirmou Liu Pengyu, porta-voz da embaixada. “Isso é razoável e legal, sem causar danos a qualquer terceira parte. A China sempre se opôs firmemente a sanções unilaterais ilegais e injustificáveis, bem como à chamada jurisdição extraterritorial dos EUA.” Ele completou: “Guerras tarifárias não têm vencedores. Coação e pressão não levam a lugar nenhum.”

O mecanismo que Trump está utilizando para justificar tarifas contra países que compram petróleo russo é uma ordem executiva baseada em poderes presidenciais de emergência. Embora o texto do decreto não mencione a China diretamente, ele dá ao governo americano amplo poder para monitorar qualquer nação que importe, direta ou indiretamente, petróleo da Federação Russa — e recomendar a aplicação de tarifas semelhantes às impostas à Índia.

Enquanto isso, as negociações comerciais entre EUA e China seguem em um terreno instável. Há cerca de duas semanas, altos representantes econômicos dos dois países concluíram a terceira rodada de conversas em Estocolmo, na Suécia. Autoridades chinesas afirmaram que houve um entendimento mútuo para prorrogar a trégua atual contra novos aumentos tarifários, que estava prevista para expirar em 12 de agosto. No entanto, até o momento, o governo Trump não confirmou oficialmente essa extensão, o que mantém o clima de incerteza no comércio bilateral.

Ainda mais simbólico é o fato de que Trump e Putin devem se encontrar ainda nesta semana em uma reunião altamente esperada, na qual ambos tentarão esboçar um caminho para um cessar-fogo na Ucrânia. Nesse contexto, a ameaça de novas tarifas contra a China pode ser vista tanto como uma manobra de pressão quanto como um sinal de que o governo americano está disposto a usar todos os instrumentos econômicos à sua disposição para isolar Moscou.

Vance, por sua vez, aproveitou a entrevista para defender a política tarifária como uma ferramenta estratégica de negociação. “Ameaçar impor tarifas é uma ferramenta de negociação incrível”, afirmou. “Quando você diz a países que têm acesso ao mercado americano: ‘vocês não entram no mercado dos EUA a menos que paguem uma tarifa pesada ou abram seus próprios mercados’, você vê isso acontecer com a União Europeia, com países da Ásia, em todo o mundo — eles acabam abrindo seus mercados para produtos americanos.”

Apesar do tom firme, a questão permanece delicada. A China não apenas é um dos maiores parceiros comerciais dos EUA, como também desempenha um papel geopolítico fundamental em várias frentes, incluindo a estabilidade financeira global, a cadeia de suprimentos e o equilíbrio de poder na Ásia. Qualquer movimento que ameace desestabilizar essa relação pode ter consequências imprevisíveis — tanto para a economia americana quanto para os esforços internacionais de conter a guerra na Ucrânia.

Com o mundo atento a cada movimento de Trump, a pressão sobre Pequim pode marcar um novo capítulo na complexa trama entre as três potências. Enquanto isso, a pergunta que fica no ar é: até onde o presidente americano está disposto a ir para cortar o fluxo de dinheiro que alimenta a máquina de guerra russa — mesmo que isso signifique arriscar uma nova escalada com a segunda maior economia do mundo?

Com informações de South China Morning Post*

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