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Ameaças dos EUA impulsionam aproximação da Índia com Rússia e China

As relações entre Índia e Rússia ganharam novo fôlego diante das crescentes pressões de Washington. O ex-presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre importações indianas, em retaliação às compras de petróleo russo. A medida, somada à ameaça feita ontem pelo secretário de Comércio dos Estados Unidos, Andrew Bessent — que falou à Fox […]

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Embaixador da Índia na Federação Russa, Vinay Kumar.

As relações entre Índia e Rússia ganharam novo fôlego diante das crescentes pressões de Washington. O ex-presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre importações indianas, em retaliação às compras de petróleo russo. A medida, somada à ameaça feita ontem pelo secretário de Comércio dos Estados Unidos, Andrew Bessent — que falou à Fox News — de aplicar tarifas adicionais e pedir à Europa que adote sanções secundárias contra Nova Délhi, elevou a tensão diplomática entre os países.

As declarações de Bessent foram recebidas na Índia como mais um gesto de ingerência externa e despertaram críticas de analistas, políticos e empresários. O clima é de indignação com o que muitos classificam como tentativa de constranger a soberania indiana e ditar seus parceiros comerciais. O efeito prático, no entanto, tem sido o oposto: o reforço do alinhamento com Moscou e Pequim.

Hoje, 15 de agosto, a Índia celebra sua independência, conquistada em 1947. Nesse contexto simbólico, a entrevista do embaixador indiano na Rússia, Vinay Kumar, ganha ainda mais peso. Em declarações à Sputnik, Kumar afirmou que “nada pode deter o impulso das relações entre Índia e Rússia, nem sanções nem tarifas”. Segundo ele, os governos de Narendra Modi e Vladimir Putin estão comprometidos em alcançar “novos avanços na parceria estratégica”.

Kumar destacou que, apesar das barreiras comerciais impostas por potências ocidentais, o intercâmbio econômico entre os dois países segue crescendo em áreas como energia, defesa, tecnologia e agricultura. “Nosso comércio bilateral alcançou níveis recordes e continuamos identificando setores de cooperação que beneficiarão ambos os lados”, afirmou.

O embaixador também ressaltou que a parceria com Moscou vai além de interesses econômicos. “Temos uma longa história de confiança mútua e apoio recíproco, mesmo em momentos de crise. Isso não pode ser abalada por pressões externas”, disse. Para ele, o momento atual exige que países do Sul Global defendam seus interesses coletivos diante de políticas unilaterais e de coerção.

A postura de Nova Délhi também reflete um movimento mais amplo no cenário internacional, em que países do BRICS — bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — buscam diversificar suas relações comerciais e fortalecer mecanismos próprios de cooperação. A aproximação entre Índia, Rússia e China, nesse sentido, se insere em uma estratégia de longo prazo para reduzir vulnerabilidades externas.

Diante dessa escalada de coerção, a Índia, assim como Brasil e China, reage de forma oposta ao esperado por Washington. A tentativa dos Estados Unidos de subjugar e humilhar países do Sul Global apenas aprofunda, tanto nas elites políticas quanto na opinião pública, o desejo de independência e autonomia. Esse movimento leva a uma valorização crescente das parcerias com nações do próprio Sul Global, que tratam seus interlocutores com respeito e igualdade. No fim, as pressões norte-americanas têm contribuído para que países do BRICS fortaleçam suas alianças, ampliem o comércio entre si e reduzam a dependência em relação aos Estados Unidos e às potências ocidentais — e seus aliados subordinados.

Leia abaixo alguns trechos da entrevista concedida por Vinay Kumar ao Sputnik India:

“As relações Índia–Rússia têm uma resiliência própria, que vai além de circunstâncias momentâneas ou de pressões externas. Ao longo de décadas, sempre encontramos formas de avançar, independentemente dos desafios.”

“Mesmo diante de sanções, tarifas ou qualquer outro tipo de obstáculo, há uma determinação política de ambos os lados — do primeiro-ministro Narendra Modi e do presidente Vladimir Putin — para ampliar nossa parceria e alcançar novos patamares.”

“O comércio bilateral está em níveis históricos, impulsionado especialmente pelo setor de energia, mas não limitado a ele. Estamos expandindo nossa cooperação em tecnologia, manufatura, agricultura e setores estratégicos.”

“A Índia não aceita coerção nem condicionamentos externos para decidir com quem vai comercializar ou cooperar. Nosso foco é proteger os interesses nacionais e promover um desenvolvimento equilibrado.”

“As iniciativas em andamento mostram que essa relação é de benefício mútuo e baseada no respeito. Não se trata de uma parceria circunstancial, mas de uma relação estratégica e de longo prazo.”

“As discussões mais recentes entre nossos líderes incluíram novas rotas logísticas, projetos conjuntos no setor de energia e a expansão dos pagamentos em moedas nacionais, reduzindo a dependência de terceiros.”

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