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Zema lança candidatura e ganha o rótulo de oportunista

O governador mineiro tentou se apresentar como herdeiro da direita, mas saiu de São Paulo com ataques de antigos aliados e apoio restrito do próprio partido O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), oficializou em São Paulo sua pré-candidatura à Presidência da República para 2026. O movimento, que deveria projetá-lo como alternativa da direita, […]

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Sem respaldo da família Bolsonaro e sem apoio robusto do Novo, a candidatura de Romeu Zema à Presidência já nasce sob o peso do isolamento.
O discurso de gestor eficiente contrasta com acusações de oportunismo e gestos performáticos que viraram piada em vez de capital político / Jornal Estado de Minas

O governador mineiro tentou se apresentar como herdeiro da direita, mas saiu de São Paulo com ataques de antigos aliados e apoio restrito do próprio partido


O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), oficializou em São Paulo sua pré-candidatura à Presidência da República para 2026. O movimento, que deveria projetá-lo como alternativa da direita, acabou evidenciando fragilidades políticas, falta de apoio consistente e até mesmo críticas de antigos aliados do bolsonarismo, que o rotularam como “oportunista”.

Zema subiu ao palco diante de uma plateia composta majoritariamente por militantes do Novo e nomes de menor expressão nacional, como o ex-procurador e deputado cassado Deltan Dallagnol. Em tom de liderança motivacional, apresentou-se como alguém predestinado a conduzir a direita no pós-Bolsonaro. Prometeu “varrer o PT do mapa” e declarou guerra ao que chama de “ditadura do Judiciário”.

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Apesar da tentativa de emular o discurso bolsonarista, o governador mineiro não recebeu o endosso esperado. Pelo contrário: no dia seguinte, os filhos do ex-presidente, Carlos e Eduardo Bolsonaro, dispararam contra governadores que ensaiam disputar a liderança da direita, chamando-os de “ratos oportunistas”.

Contradições na gestão em Minas

Durante o evento, Zema procurou reforçar a imagem de gestor eficiente, afirmando que “reconstruiu” Minas Gerais, pagou salários em dia e atraiu investimentos privados. Mas os números oficiais revelam um quadro mais complexo. A dívida do estado cresceu 51% em seu governo, saltando de R$ 124,7 bilhões em 2020 para R$ 188,7 bilhões em 2024.

Na área de infraestrutura, a situação também é alvo de críticas. Estradas com buracos e pedágios caros convivem com uma obra de R$ 40 milhões, bancada com dinheiro público, destinada à recuperação da rodovia que leva diretamente ao rancho da família Zema, na divisa com São Paulo. A intervenção foi questionada na Assembleia Legislativa, levantando acusações de favorecimento pessoal. O Ministério Público arquivou a denúncia, mas para a oposição, o caso simboliza a distância entre o discurso de austeridade e as prioridades da gestão.

Outro ponto polêmico foi a decisão do governador de sancionar, em 2023, um reajuste de quase 300% no próprio salário, que passou a ser de R$ 41,8 mil mensais. No mesmo período, os servidores públicos tiveram apenas 3% de aumento. Paralelamente, o governo mantém sob sigilo informações sobre R$ 25 bilhões em renúncias fiscais.

No início do primeiro mandato, Zema costumava divulgar que doava seu salário e informava publicamente as entidades beneficiadas. Após o aumento, contudo, deixou de prestar contas. Questionado recentemente sobre o assunto, respondeu: “Não gosto de falar sobre esse assunto porque acredito que não devo me vangloriar por estar fazendo o bem.”

Declarações polêmicas e estilo performático

Desde que entrou para a política, Zema acumula falas que geraram controvérsia. Em uma delas, comparou pessoas em situação de rua a carros estacionados irregularmente que deveriam ser guinchados. Em outra, afirmou que os estados do Norte e Nordeste são “vaquinhas magras que produzem pouco”, em contraste com Sul e Sudeste, que, segundo ele, “fazem o país dar certo”. Também relativizou a ditadura militar, classificou a Inconfidência Mineira como “golpe” e chegou a compartilhar uma frase atribuída a Benito Mussolini.

Na segurança pública, viajou até El Salvador para elogiar o modelo prisional do presidente Nayib Bukele, exaltando a queda nos homicídios sem citar denúncias de tortura e mortes em custódia. Em Minas, adotou medidas controversas, como a proibição da entrada de cigarros nos presídios sem oferecer tratamento aos dependentes. A política foi criticada pela Defensoria Pública, que alertou para casos de automutilação e rebeliões nos presídios.

Zema também tenta apostar em gestos midiáticos para se aproximar do eleitorado. Em uma ação pensada para criticar a inflação, engoliu uma banana com casca em frente às câmeras. A cena, porém, viralizou como piada, reforçando a imagem de político performático, mas não a de presidenciável competitivo.

Candidatura enfraquecida desde a largada

O lançamento em São Paulo, conduzido pelo marqueteiro Renato Pereira, teve tom de convenção motivacional. Zema discursou de polo, com sotaque carregado, tentando reforçar a imagem de simplicidade. Mas o evento também deixou claro o isolamento do governador. Grande parte da direita e da extrema-direita não compareceu. Nem mesmo o Novo, seu partido, mostrou força: dos três vereadores eleitos em Belo Horizonte, apenas um esteve presente.

Sem apoio expressivo, com um partido pequeno — sem tempo robusto de TV e sem fundo partidário relevante — e sob críticas públicas da família Bolsonaro, Zema começa a corrida presidencial já marcado por fragilidades.

Tentando herdar o espaço do bolsonarismo, saiu do fim de semana com um rótulo indigesto: o de “candidato oportunista”. Por enquanto, sua candidatura carrega mais sinais de isolamento do que de viabilidade política real para 2026.

Com informações de Carta Capital*

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