STF inicia julgamento histórico de Bolsonaro e aliados por suposta trama golpista
A partir da próxima terça-feira (2), o Supremo Tribunal Federal (STF) viverá um dos julgamentos mais aguardados dos últimos anos. A Primeira Turma da Corte dará início à análise do processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados de articular um plano de golpe de Estado em 2022, em meio às tensões políticas que marcaram o período eleitoral e a transição de governo.
O presidente do colegiado, ministro Cristiano Zanin, reservou cinco dias para as sessões. O cronograma prevê encontros em dois turnos — de manhã e à tarde — em três datas, além de outras duas sessões exclusivamente matutinas. A primeira delas será aberta com a leitura do relatório elaborado pelo ministro Alexandre de Moraes, que apresentará uma visão geral das provas e elementos reunidos no processo. Essa etapa não tem tempo limite.
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Em seguida, será a vez das sustentações orais. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, falará em nome da acusação. Logo depois, os advogados dos oito réus terão até uma hora cada para expor seus argumentos de defesa. Apenas Gonet poderá eventualmente ter tempo extra, por representar o Ministério Público em um caso que envolve múltiplos acusados, embora essa prorrogação precise da autorização da presidência da Primeira Turma.
Concluídas as manifestações, Moraes apresentará seu voto. A decisão dele abrirá a rodada de deliberações, com a participação dos demais ministros do colegiado. Cada magistrado poderá se pronunciar sem qualquer restrição de tempo.
Diferentemente de julgamentos tradicionais, os réus não são obrigados a estar presentes no plenário do STF. De acordo com informações apuradas pela CNN, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, decidiu não comparecer para evitar possíveis constrangimentos diante dos demais acusados.
Quem são os réus
O julgamento envolve figuras centrais do governo Bolsonaro e de sua base de apoio mais próxima. Estão entre os réus:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, que também concorreu como candidato a vice-presidente em 2022;
- Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente;
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier, almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa.
Um julgamento que marca a história política
O caso desperta enorme expectativa por se tratar não apenas de uma apuração sobre um suposto complô contra a democracia, mas também por envolver nomes de peso da cúpula militar e política do governo passado. A depender do desfecho, o julgamento pode redefinir a trajetória política de Bolsonaro e de seus principais aliados.
A sessão inicial promete ser longa e carregada de simbolismo. De um lado, estará a acusação sustentando a gravidade dos fatos investigados; do outro, a defesa dos réus, que buscará minimizar ou refutar as acusações. Os ministros do STF, por sua vez, terão a missão de avaliar provas, discursos e estratégias, em um processo que será acompanhado atentamente por todo o país.
O resultado desse julgamento poderá influenciar não apenas a vida política dos envolvidos, mas também a percepção da sociedade sobre a capacidade das instituições brasileiras de reagir diante de ataques à ordem democrática.


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