Menu

Investimento avançou 8,3% em 12 meses, segundo IBGE

O Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 3,2% no acumulado dos últimos quatro trimestres até junho de 2025, resultado sustentado principalmente pelos investimentos e pela indústria de transformação. A Formação Bruta de Capital Fixo avançou 8,3% nesse período, mais que o dobro da média da economia, enquanto a indústria de transformação cresceu 3,6%, confirmando a retomada […]

sem comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
André Motta de Souza/ Agência Petrobras

O Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 3,2% no acumulado dos últimos quatro trimestres até junho de 2025, resultado sustentado principalmente pelos investimentos e pela indústria de transformação. A Formação Bruta de Capital Fixo avançou 8,3% nesse período, mais que o dobro da média da economia, enquanto a indústria de transformação cresceu 3,6%, confirmando a retomada do setor após anos de estagnação.

Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE.

No segundo trimestre isolado, o crescimento foi mais modesto, de 0,4% em relação ao trimestre anterior. O desempenho foi puxado pela agropecuária e pelas indústrias extrativas, setores que continuam garantindo produtividade e exportações. Já atividades dependentes de crédito, como a construção e a produção de bens de capital, registraram retração, impactadas diretamente pelo ambiente monetário restritivo. A taxa Selic permanece em 15% ao ano, um dos níveis mais altos do mundo. Além de encarecer o crédito e desestimular investimentos, esse patamar eleva o custo da dívida pública, ampliando as despesas com juros no orçamento federal.

O cenário externo também pressiona a economia. Os Estados Unidos impuseram tarifas de até 50% sobre quase 40% das exportações brasileiras, atingindo produtos estratégicos como café e carnes, apesar de exceções concedidas a outros setores. O tarifaço, somado à coerção diplomática de Washington contra o Supremo Tribunal Federal, impõe novos desafios ao Brasil no comércio internacional e no plano político.

Apesar disso, os indicadores internos mais recentes apontam sinais positivos. O desemprego caiu para 5,8% no trimestre encerrado em junho, segundo o IBGE, o menor nível desde o início da série histórica em 2012. O número de ocupados chegou a 102,3 milhões de pessoas, com avanço expressivo do emprego formal, que alcançou 39 milhões de trabalhadores com carteira assinada.

A inflação também mostra trajetória de alívio. O IPCA subiu apenas 0,26% em julho, levando a taxa acumulada em 12 meses para 5,23%, abaixo dos 5,35% registrados no mês anterior. O recuo foi impulsionado pela queda de 0,69% nos preços dos alimentos consumidos em domicílio, fator importante para o orçamento das famílias. Já o IPCA-15 de agosto registrou deflação de 0,14%, a primeira desde 2023, refletindo baixas em habitação, transportes e alimentação.

Esse movimento contrasta com os Estados Unidos, onde a inflação ao produtor surpreendeu em julho. O Bureau of Labor Statistics informou que o índice de preços ao produtor para a demanda final subiu 0,9% no mês, bem acima da expectativa de 0,2% levantada pela Reuters. O resultado indica aceleração nos custos de serviços e bens, reforçando a perspectiva de pressões inflacionárias na maior economia do mundo.

No plano político, a conjuntura brasileira manteve relativa estabilidade, apesar das turbulências causadas pelo julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. O processo polarizou o debate público, mas não comprometeu o funcionamento das instituições nem trouxe impactos imediatos aos indicadores econômicos.

O balanço do segundo trimestre mostra, portanto, uma economia que cresce pouco no curto prazo, pressionada por juros elevados e barreiras externas, mas que acumula avanços expressivos em investimentos e indústria no horizonte de 12 meses. Ao mesmo tempo em que o Brasil registra queda no desemprego e desaceleração da inflação, os Estados Unidos enfrentam sinais de aceleração dos preços ao produtor. A comparação ressalta a resiliência brasileira diante de um cenário global marcado por incertezas.

, , , ,
Apoie o Cafezinho

Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!


Leia mais

Recentes

Recentes