Vivemos uma época muito interessante.
Neste 7 de setembro de 2025, enquanto o Brasil celebra sua independência, assistimos a algo muito maior: o despertar de uma nova consciência soberana no Sul Global.
É como se as nações emergentes estivessem proclamando sua própria emancipação, dessa vez não às margens do Ipiranga, mas do Yangtzé, dando grito de independência contra um Ocidente cada vez mais preconceituoso e moralmente enfermo.
Os exemplos se multiplicam. Não por acaso, os atos de resistência mais vistosos vieram, sobretudo, de membros dos BRICS.
A resistência da Índia se manifestou no rechaço às exigências americanas sobre o tarifaço e na manutenção de suas relações comerciais com a Rússia. Modi demonstrou galhardia ao aparecer de mãos dadas com Putin em Tianjin, enviando uma mensagem clara tanto de solidariedade ao povo russo quanto de descontentamento em relação às agressões vindas da Casa Branca.
O governo Lula está enfrentando os ataques à soberania brasileira em três grandes frentes: no discurso político interno, na articulação geopolítica internacional, e na reestruturação inteligente do nosso comércio exterior.
Toda a comunicação e todo o discurso do governo giraram para a questão da soberania nacional, que se tornou o eixo central da política do governo Lula. O pronunciamento do presidente em rede nacional de TV e rádio neste 7 de setembro confirma essa virada. “Mantemos relações amigáveis com todos os países, mas não aceitamos ordens de quem quer que seja. O Brasil tem um único dono: o povo brasileiro”, declarou, sinalizando uma nova era de autonomia política.
A articulação geopolítica internacional ganhou novo impulso com a convocação de Lula para uma reunião virtual dos BRICS marcada para amanhã. O encontro promete ser um fato político de grandes proporções geopolíticas, com a participação já confirmada de Xi Jinping e outras lideranças importantes do bloco. Esta iniciativa consolida uma frente de resistência do Sul Global contra a hegemonia ocidental.
O Brasil não ficou apenas na retórica. Beneficiado pelos novos mercados conquistados e pelas relações políticas azeitadas pelo governo Lula, o país conseguiu reestruturar seu comércio exterior com mais rapidez e agilidade do que se imaginava. O país redirecionou suas exportações e alcançou resultados espetaculares. Agosto de 2025 registrou o recorde histórico de exportações para este mês: US$ 29,9 bilhões, crescimento de 3,9% em relação a agosto de 2024. O superávit comercial atingiu US$ 6,1 bilhões, alta de 35,8%. Enquanto as exportações para os Estados Unidos despencaram 18,5% devido ao tarifaço americano, que elevou as tarifas de 10% para 50%, o Brasil demonstrou sua capacidade de diversificação, reduzindo a participação americana para apenas 9,4% das exportações totais.
A China, por sua vez, realizou sua impressionante Parada da Vitória em Pequim, demonstrando ao mundo não apenas sua força militar, mas sua determinação em reescrever seu papel na história da humanidade. Essa postura chinesa abala as estruturas ideológicas de dominação que o Ocidente construiu ao longo das últimas décadas, como ficou patente nas declarações preconceituosas e grotescas da chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas.
Enquanto isso, na Avenida Paulista, assistimos a espetáculo bizarro de esquizofrenia política: uma manifestação de “independência” organizada por um grupo reacionário que age sistematicamente contra a nossa… independência.
Os bolsonaristas afundam numa contradição profunda, demonstrando um duplo desprezo pela soberania nacional.
Primeiro, violam a soberania popular quando negaram o resultado das urnas e tentaram um golpe contra a vontade expressa do povo brasileiro. E como que para enfatizar esse desprezo pela soberania, hoje defendem anistia aos golpistas.
Segundo, atacam a soberania política ao desrespeitarem nossas instituições democráticas e defenderem abertamente a interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos do país.
Enquanto o Sul Global se levanta em defesa da soberania e da multipolaridade, o chamado ‘ocidente coletivo’ afunda em preconceito ideológico e sectarismo político-cultural, sob o manto da suposta defesa dos valores ocidentais.
O exemplo mais chocante dessa decadência moral ocidental é a cumplicidade da Europa com o genocídio em Gaza, que só pode ser explicada pelo racismo mais vil. Quando morrem dois ucranianos em Kiev, todos os estadistas europeus vêm a público expressar indignação. No mesmo dia, morrem dez vezes mais pessoas em Gaza – metade crianças indefesas -, sem contar a fome engendrada por Israel contra 2 milhões de seres humanos e a tortura brutal de prisioneiros palestinos. A reação europeia é sempre o silêncio e os laços comerciais da Europa com Israel permanecem intactos.
Gaza representa uma derrota moral avassaladora para o Ocidente. É um genocídio patrocinado pelo dinheiro e pelas armas dos Estados Unidos. Netanyahu foi aplaudido e aclamado no Capitólio americano. Trump fala abertamente em transformar Gaza num “resort”. E a Europa permanece calada diante desses comentários, limitando-se a declarações retóricas inadequadas e insuficientes, numa tentativa patética de reduzir os danos à sua imagem.
Mas se o apoio ao genocídio em Gaza já demonstrava a falência moral do Ocidente, mais uma prova dessa degeneração veio por uma manifestação recente de Kaja Kallas, chefe da diplomacia da União Europeia. Em entrevista, ela chegou ao absurdo de negar fatos históricos elementares, demonstrando espanto ao ouvir que Rússia e China venceram a Segunda Guerra Mundial contra o nazismo alemão e o fascismo japonês. “Ok, isso é novo para mim!”, exclamou, revelando uma ignorância que beira o grotesco.
A submissão europeia aos Estados Unidos também se manifesta no artigo publicado hoje no Financial Times pelo embaixador britânico Peter Mandelson, defendendo uma aliança tecnológica para “conter a supremacia tecnológica da China”. O Reino Unido está entregando sua soberania aos americanos em troca de migalhas comerciais.
Enquanto o Ocidente se afunda em preconceito e submissão, o Sul Global emerge como protagonista de uma nova ordem mundial baseada na soberania e no respeito mútuo. Este 7 de setembro de 2025 simboliza não apenas a independência do Brasil, mas o despertar de um mundo multipolar que se recusa a aceitar a hegemonia decadente do Norte Global.
Como ressaltou Xi Jinping, dias atrás, em seu discurso comemorativo da vitória contra o fascismo: “A humanidade tem novamente que escolher entre paz e guerra, diálogo e confronto. A China sempre estará do lado da paz, do diálogo e da cooperação.”


Marco Paulo Valeriano de Brito
08/09/2025 - 14h25
O BRASIL É MAIS ORIENTAL DO QUE PENSAM AS NOSSAS VÃS IGNORÂNCIAS
Caro, “Bandoleiro”, a Ásia tem mais étnico-relacionamento com o Brasil, do que imagina o seu desconhecimento.
Os povos originários da América migraram há milênios da Eurásia.
O Brasil é um Estado-Naçāo multicultural e multiétnico, com profundas influências africanas e eurasianas.
Não se esqueça de que geograficamente a África e a Europa estão posicionadas ao Oriente da América, e o Brasil é o país mais oriental no planisfério americano.
Portanto, o que nos impede, como um Estado-Naçāo Soberano, diante da nossa cultura, história e geografia, nos posicionarmos geo-estrategicamente e projetar nossa geopolítica e geoeconomia para o Oriente e todo o Sul Global?
A América só será de fato e de direito um ‘Novo Mundo’, se suas nações deixarem de serem subservientes, ao eixo norte colonizador e Imperialista Euro-Estadunidense, e se afirmarem independentes, multilateralistas e soberanas, na construção e desenvolvimento dos seus respectivos povos e autonomia de suas respectivas civilizações.
O Brasil precisa cumprir o seu destino e fazer grande, a pátria do seu povo, uma nação brasileira de origem diversa e projeção para toda a Terra.
Marco Paulo Valeriano de Brito
Marco Paulo Valeriano de Brito
08/09/2025 - 12h00
COOPTAÇÃO CULTURAL DE ELITES FRATURA O BRASIL E NOS IMPEDE DE SERMOS UM ESTADO-NAÇĀO SOBERANO
O que se viu ontem na Avenida Paulista SP, 7 de setembro de 2025, dia da comemoração da nossa independência de Portugal, foi uma demonstração da fragilidade ideológica do Brasil e isso se deve em parte a captura e cooptação de certas elites conservadoras e classe média pela cultura difundida pelo poder político e econômico dos EUA.
O similar ocorre em Portugal e sua histórica dependência e subserviência cultural e política ao Reino Unido.
Os EUA fizeram a cabeça de brasileiros e brasileiras com cinema, ilusão de seus super-heróis, música e apologia ao Dólar.
A Educação do Brasil não tem sido eficiente na neutralização dessas influências externas, e nossas mídias contribuem para forjar o sentimento pró estadunidense e pró europeu no Brasil.
A extrema-direita, sobretudo, o bolsonarismo, se apropriou desse aculturamento pró norte-ocidental e está conseguindo fracionar a nossa pátria, o que, se não for contido, poderá nos levar à um levante civil, diante desse permanente movimento de intentona golpista.
Condenar Jair Bolsonaro, e todo o movimento bolsonarista, o mais rápido possível, regular as redes digitais e se instituir uma Lei dos Meios no Brasil será crucial para a defesa da Democracia Popular e pacificação da Nação Brasileira.
Por fim, precisamos implementar uma ampla Revolução Cultural e Educacional no Brasil, para que possamos efetivamente educar e unir o Povo Brasileiro, e de fato desenvolvermos um Projeto de Nação Soberana para o Brasil.
Marco Paulo Valeriano de Brito
bandoleiro
08/09/2025 - 11h52
O que o Brasil tem a ver com os paises asiaticos ?