O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu politicamente fortalecido após o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (12).
O levantamento mostra que 45% dos brasileiros acreditam que Lula saiu mais forte da reunião, realizada em 26 de outubro, em Kuala Lumpur, capital da Malásia, durante a 47ª cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Outros 30% consideram que o presidente saiu enfraquecido, 10% dizem que ele ficou do mesmo jeito, e 15% não souberam responder.
O resultado indica que o primeiro encontro presencial entre os dois líderes melhorou a percepção pública sobre Lula em um momento de reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
Encontro em Kuala Lumpur: diplomacia e pragmatismo
A reunião entre Lula e Trump foi articulada por diplomatas brasileiros e americanos após uma breve conversa entre os presidentes durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro.
Em Kuala Lumpur, Lula afirmou que tinha uma “longa pauta” a tratar com o norte-americano e destacou a necessidade de manter relações civilizadas e produtivas entre os dois países.
O diálogo durou cerca de uma hora e abordou cinco temas centrais:
- Redução de tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros;
- Aplicação da Lei Magnitsky, que prevê sanções a autoridades e empresas acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos;
- Situação política da Venezuela e eventuais medidas conjuntas de mediação;
- Trajetória pessoal e política de Lula;
- Visitas oficiais e futuras reuniões bilaterais entre os dois governos.
Segundo fontes do Itamaraty, o encontro foi considerado cordial e pragmático, marcando uma nova fase do diálogo Brasil–EUA após anos de distanciamento.
Maioria acredita em acordo comercial entre os países
A pesquisa também perguntou sobre as expectativas da população em relação aos resultados práticos do encontro.
Para 51% dos entrevistados, Lula e Trump chegarão a um acordo para reduzir tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — especialmente no agronegócio, no aço e no alumínio.
Outros 34% acreditam que não haverá mudanças significativas nas relações comerciais, enquanto 15% não souberam opinar.
A percepção positiva sobre as negociações é mais forte entre os eleitores de Lula e da esquerda, e menor entre os eleitores identificados com a direita.
Impacto político e percepção por grupos ideológicos
O estudo indica que a avaliação positiva do encontro é majoritária entre lulistas (72%) e eleitores de esquerda (68%).
Já entre os eleitores de direita, 54% consideram que Lula saiu enfraquecido, e apenas 28% acreditam que ele se fortaleceu politicamente após a conversa com Trump.
Entre os eleitores de centro, o resultado é mais equilibrado: 43% afirmam que Lula saiu mais forte, enquanto 36% dizem que não houve impacto.
A relação com os Estados Unidos é vista como estratégica por grande parte da população, especialmente diante do cenário de desaceleração econômica global.
Contexto diplomático e repercussões
A reunião entre Lula e Trump ocorreu em meio a uma série de tensões comerciais e diplomáticas.
Desde o início do mandato de Trump, o governo norte-americano impôs tarifas adicionais sobre o aço, o alumínio e produtos agrícolas brasileiros, sob justificativa de protecionismo industrial e segurança nacional.
Durante o encontro, Lula defendeu a redução dessas tarifas e a ampliação do comércio bilateral em áreas de energia limpa, biocombustíveis e infraestrutura.
O presidente também propôs cooperação em tecnologia e transição energética, temas centrais da agenda internacional brasileira.
Segundo interlocutores do Planalto, o encontro “foi um gesto de pragmatismo” que reforça o papel do Brasil como ator diplomático global e interlocutor entre diferentes blocos econômicos.
Percepção pública e cenário político
Analistas avaliam que o saldo positivo do encontro pode reforçar a imagem de Lula como líder global e fortalecer sua base de apoio interno.
A reunião com Trump, um dos líderes mais influentes do mundo, é vista como um gesto de moderação e diplomacia pragmática, capaz de ampliar o alcance internacional do governo brasileiro.
Para o eleitorado, a iniciativa foi interpretada como um sinal de liderança e capacidade de diálogo.
Mesmo entre críticos, há o reconhecimento de que a aproximação com os EUA pode gerar efeitos econômicos concretos, como abertura de mercados e estímulo a exportações.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 6 e 9 de novembro de 2025, com 2.004 entrevistas presenciais em 120 municípios de todas as regiões do país.
A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
O levantamento faz parte de uma série de estudos sobre percepção popular em política externa, segurança pública e economia, realizados pela Quaest desde 2022.


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