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BC envia ao TCU relatório sigiloso que revela novas fraudes e mais detalhes do colapso do Banco Master

O Banco Central do Brasil encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) um relatório técnico que apresenta uma nova investigação sigilosa sobre fraudes envolvendo o Banco Master, além de reconstruir o histórico da deterioração financeira que levou à liquidação da instituição. O documento reúne informações sobre operações consideradas irregulares, tentativas frustradas de capitalização e […]

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Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Banco Central do Brasil encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) um relatório técnico que apresenta uma nova investigação sigilosa sobre fraudes envolvendo o Banco Master, além de reconstruir o histórico da deterioração financeira que levou à liquidação da instituição. O documento reúne informações sobre operações consideradas irregulares, tentativas frustradas de capitalização e a incapacidade progressiva do banco de honrar compromissos com seus clientes.

As informações foram divulgadas pela coluna do jornalista Valdo Cruz, do G1. O relatório foi solicitado pelo ministro do TCU Jonathan de Jesus, após questionamentos do Ministério Público Federal (MPF) junto ao tribunal e também a partir de um pedido formal da liderança da minoria na Câmara dos Deputados.

Nova fraude foi comunicada ao MPF no dia da prisão de Vorcaro

De acordo com o Banco Central, uma nova fraude foi identificada durante o processo de fiscalização e formalmente comunicada ao MPF em 17 de novembro de 2025. A data coincide com a deflagração de uma operação da Polícia Federal que resultou na prisão do banqueiro Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master.

Vorcaro é investigado por supostas fraudes bancárias estimadas em R$ 12,2 bilhões, relacionadas à venda de carteiras de crédito consignado consideradas falsas ou sem lastro ao Banco de Brasília (BRB). Segundo o relatório, a nova irregularidade identificada pelo BC teria sido estruturada com o objetivo de atender exigências impostas pela própria autoridade monetária para a realização de aportes adicionais de capital.

A exigência de reforço de capital fazia parte das condições estabelecidas pelo regulador para permitir a continuidade das operações do conglomerado financeiro. A constatação de que a suposta solução envolvia nova fraude levou o Banco Central a concluir que não havia mais viabilidade para a manutenção do banco.

No dia seguinte à comunicação ao MPF, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, interrompendo suas atividades e determinando sua retirada ordenada do Sistema Financeiro Nacional.

Contrato com o FGC revelou crise de liquidez

O relatório enviado ao TCU também detalha a situação crítica de liquidez enfrentada pelo Banco Master meses antes da liquidação. Em 4 de maio de 2025, diante do agravamento das dificuldades financeiras, a instituição firmou um contrato de assistência de liquidez de curto prazo com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Como contrapartida ao apoio emergencial, o FGC impôs restrições severas à atuação do banco, incluindo a proibição de captação de recursos por meio da emissão de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com remuneração superior a 100% do CDI. A medida buscava conter o aumento do custo de captação e evitar o agravamento do desequilíbrio financeiro.

CDBs com taxas elevadas agravaram a situação

Segundo o Banco Central, a estratégia adotada pelo Banco Master de oferecer CDBs com remuneração elevada foi um dos principais fatores que aceleraram a crise de liquidez. Em alguns casos, os títulos chegaram a pagar até 140% do CDI, o que aumentou significativamente o custo de captação e tornou insustentável o equilíbrio entre ativos e passivos da instituição.

O relatório aponta que, ao recorrer de forma recorrente a esse tipo de captação, o banco comprometeu sua capacidade de honrar compromissos com clientes e investidores, ampliando o risco sistêmico e exigindo sucessivas intervenções do regulador.

Tentativas de capitalização fracassaram

O documento encaminhado ao TCU também descreve, de forma detalhada, todas as tentativas frustradas de obtenção de aportes privados para manter o Banco Master em funcionamento. Segundo o BC, nenhuma das negociações avançou a ponto de garantir capital suficiente para restaurar a solvência da instituição.

Além disso, o relatório menciona transações consideradas irregulares entre o Banco Master e o BRB no contexto da tentativa de venda do banco privado à instituição pública vinculada ao governo do Distrito Federal. Essas operações passaram a integrar o conjunto de elementos que embasaram a decisão pela liquidação.

Relatório afasta tese de divergência interna no BC

O documento enviado ao TCU é assinado conjuntamente pelo diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, e pelo diretor de Reorganização do Sistema Financeiro, Renato Gomes. A assinatura conjunta busca afastar especulações sobre supostas divergências internas na autoridade monetária quanto ao processo que culminou na liquidação do Banco Master.

Segundo o relatório, a decisão foi tomada de forma técnica e colegiada, com base em evidências acumuladas ao longo do processo de supervisão. O Banco Central sustenta que a liquidação foi a única alternativa diante da constatação de fraudes, da incapacidade de capitalização e do risco crescente aos depositantes e ao sistema financeiro.

O processo no TCU tramita sob sigilo e deverá embasar a análise dos ministros sobre eventuais responsabilidades e sobre a regularidade da atuação do Banco Central no caso.

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