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Iedi analisa aspectos regionais da desindustrialização brasileira

Dois eixos do declínio industrial Iedi — Os dados divulgados hoje pelo IBGE permitem avaliar a dispersão geográfica da nova fase recessiva que a indústria vem passando desde o final do ano passado. Há focos de apreensão por diversos motivos nesta primeira metade de 2019, como reversões dramáticas da trajetória de recuperação em algumas localidades, […]

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Dois eixos do declínio industrial

Iedi — Os dados divulgados hoje pelo IBGE permitem avaliar a dispersão geográfica da nova fase recessiva que a indústria vem passando desde o final do ano passado. Há focos de apreensão por diversos motivos nesta primeira metade de 2019, como reversões dramáticas da trajetória de recuperação em algumas localidades, reincidência das quedas em outras e a concentração em poucos estados de uma reação consistente.

Das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE, 10 registraram variações negativas frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais. Isto é, 2/3 das localidades em queda, sendo que a maioria delas (7) recuou mais intensamente que -0,6% registrado pela indústria total, entre as quais São Paulo, cujo resultado na passagem de maio para junho foi de -2,2%. A lista se completa com Nordeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, entre outros.

Em relação a um ano atrás, a situação é ainda mais frustrante. O desempenho acumulado no primeiro semestre de 2019 aprofundou a nítida desaceleração que vinha ocorrendo em 2018, levando a indústria total a recuar -1,6% frente ao mesmo período do ano anterior. Também acumularam perda no período 60% das localidades.

Em síntese, dois eixos regionais se destacam no retrocesso recente. O primeiro deles reúne estados do Sudeste, compreendendo os mais industrializados do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A má fase deste grupo é grave porque, em função da complexidade de seus parques industriais, pode se espalhar para o sistema industrial do país como um todo, levando consigo um número cada vez maior de ramos.

Ademais, como mostram as variações interanuais a seguir, outro traço a caracterizar deste grupo de localidades é que as dificuldades não vêm de agora, isto é, mesmo em 2018 ou enfrentavam quedas, como São Paulo e Minas Gerais, ou estavam praticamente estagnados, como o Rio de Janeiro.

• Brasil: +2,2% no 1º sem/18; 0% no 2º sem/18 e -1,6% no 1º sem/19;

• São Paulo: +4,5%; -2,5% e -0,8%, respectivamente;

• Rio de Janeiro: +4,0%; +0,4% e -2,1%;

• Minas Gerais: -2,4%; -0,8% e -5,6%;

• Nordeste: -0,2%; +0,7% e -2,6%;

• Rio Grande do Sul: +0,6%; +10,8% e +8,0%, respectivamente.

Em São Paulo, pelo menos, a intensidade do declínio pôde ser reduzida em 2019, com a ajuda de um 2º trimestre positivo, embora muito fraco (+0,7% ante 2º trim/18). No acumulado de semestre, metade de seus ramos ficaram no vermelho e alguns outros (20%) praticamente estagnados. No caso da indústria do Rio de Janeiro, 71% de seus ramos ficaram ou estagnados ou no vermelho no período.

Minas Gerais, que há muito tempo não cresce, aprofundou muito sua queda devido a uma retração de quase -30% de seu ramo extrativo na primeira metade do ano. Outros estados em que este ramo é importante também tiveram uma deterioração notável, como Pará (+11% no 2º sem/18 e -4,5% no 1º sem/19) e Espírito Santo (+2,7% e -12,0%, respectivamente).

O segundo eixo regional a se destacar na atual fase recessiva é o Nordeste como um todo, cuja queda foi de -2,6% em jan-jun/19. Neste caso, chama atenção não apenas uma intensidade de declínio mais forte do que a do total Brasil, mas sobretudo o fato de que a região mal começava a reagir e já submergiu novamente. Mais de 50% de seus ramos estão no vermelho, em especial, veículos, produtos químicos, extrativa e alimentos.

Por fim, em oposição aos dois blocos regionais acima, estão os estados do Sul, a única região com uma recuperação consistente. Paraná avançou de +2,7% para +7,8% do 2º sem/18 para o 1º sem/19, frente aos mesmos períodos dos anos anteriores. Santa Catarina manteve-se crescendo em torno de +4,5%. E o Rio Grande do Sul, devido sobretudo à produção de alimentos e papel e celulose, desacelerou, mas muito pouco: +10,8% no 2º sem/18 e +8% no 1º sem/19.

Na passagem de maio para junho de 2019, a produção industrial brasileira registrou variação negativa de 0,6%, a partir de dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisados, cinco registraram expansão: Pará (4,9%), Rio Grande do Sul (2,0%), Amazonas (1,8%), Espírito Santo (1,0%) e Goiás (0,1%). De outro lado, as regiões que registraram decréscimos foram: Rio de Janeiro (-5,9%), Pernambuco (-3,9%), Bahia (-3,4%), Paraná (-2,3%), São Paulo (-2,2%), Nordeste (1,2%), Santa Catarina (-1,2%), Ceará (-0,9%), Minas Gerais (-0,9%) e Mato Grosso (-0,6%).

Analisando frente a junho de 2018, registrou-se decréscimo de 5,9% da indústria nacional, sendo que quatro dos 15 locais pesquisados registraram acréscimos: Amazonas (5,4%), Rio Grande do Sul (3,5%), Pará (2,7%) e Ceará (0,7%). Nas demais regiões observaram-se quedas: Mato Grosso (-13,6%), Espírito Santo (-13,2%), Minas Gerais (-12,0%), Nordeste (-8,6%), Bahia (-8,5%), Pernambuco (-7,0%), São Paulo (-6,1%), Rio de Janeiro (-5,3%), Paraná (-3,3%), Goiás (-2,2%) e Santa Catarina (-1,8%).

Analisando para o acumulado do ano (janeiro a junho de 2019), registrou-se variação negativa de 1,6% para a indústria nacional, sendo que cinco dos 15 locais pesquisados aferiram crescimento, sendo eles: Rio Grande do Sul (8,0%), Paraná (7,8%), Santa Catarina (4,7%), Ceará (3,1%) e Goiás. Por outro lado, os demais estados apresentaram decréscimos, sendo eles: Espírito Santo (-12,0%), Minas Gerais (-5,6%), Mato Grosso (-4,7%), Pará (-4,5%), Mato Grosso (-4,7%), Nordeste (-2,6%), Rio de Janeiro (-2,1%), Bahia (-1,4%), São Paulo (-0,8%) e Amazonas (-0,7%).

São Paulo. Na comparação com o mês de maio de 2019, a produção da indústria paulista registrou queda de 2,2%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a junho de 2018, houve retração de 6,1%. Analisando os dados acumulados do ano, registrou-se variação negativa de 0,8%, com expansões nos seguintes setores: bebidas (8,3%), outros produtos químicos (6,7%), produtos de minerais não metálicos (3,9%), máquinas e equipamentos (2,7%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (1,5%).

Por outro lado, os cinco setores que apresentaram retrações foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-19,2%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene (-7,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-3,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-2,5%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,4%).

Minas Gerais. Na comparação com o mês de maio de 2019, a produção da indústria mineira registrou retração de 0,9%, a partir de dados dessazonalizados. Frente a junho de 2018, houve decréscimo de 12,0%. No acumulado do ano, aferiu-se variação negativa de 5,6%, sendo que os setores com maiores contribuições positivas foram: máquinas e equipamentos (9,0%), bebidas (8,3%), celulose, papel e produtos de papel (7,4%), metalurgia (5,3%) e coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (3,5%). Por outro lado, os setores com maiores variações negativas, foram: indústrias extrativas (-29,1%), outros produtos químicos (-20,0%) e produtos de fumo (-2,5%).

Rio Grande do Sul. Na comparação com o mês de maio de 2019, a produção da indústria gaúcha apresentou expansão de 2,0%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a junho de 2018, houve variação positiva de 3,5%. Já no acumulado do ano houve incremento de 8,0%, sendo que os seguintes setores foram os que registraram os maiores acréscimos: veículos automotores, reboques e carrocerias (35,4%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (15,2%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (10,1%), máquinas e equipamentos (9,8%) e produtos de fumo (8,9%). Por fim, as maiores retrações forma registradas em: produtos de borracha e de material plástico (-8,0%), celulose, papel e produtos de papel (-5,3%), produtos alimentícios (-1,9%) e produtos de minerais não-metálicos (-1,1%).

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