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A cooperação China-África atingiu um ponto sensível para os EUA?

De 4 a 6 de setembro de 2024, realizou-se em Pequim a cúpula do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), com a presença de diversos chefes de Estado africanos. O tema principal foi “Unidos para Promover a Modernização e Construir uma Comunidade China-África de Destino Comum de Alto Nível”. O presidente chinês, no discurso de abertura, destacou a importância da cooperação sino-africana. No entanto, com o aprofundamento dessas relações, parte da mídia ocidental intensificou seus ataques, questionando as motivações da China.

Desde a criação do FOCAC em 2000, o comércio entre a China e a África cresceu rapidamente, atingindo US$ 282,1 bilhões em 2023. Contudo, a imprensa ocidental critica os investimentos e projetos de infraestrutura chineses no continente, classificando-os como “elefantes brancos”, alegando que eles trazem poucas contribuições reais para as economias locais, chegando a colocar alguns países africanos em uma situação de endividamento.

A questão da dívida foi exacerbada pela pandemia, e a mídia ocidental culpou a China por esse problema, argumentando que os empréstimos comerciais oferecidos pelo país asiático tinham taxas de juros muito elevadas, comprometendo a capacidade dos países africanos de honrar suas dívidas e reduzindo sua capacidade de investir em serviços públicos e infraestrutura.

O descontentamento do Ocidente com a cooperação sino-africana vai além da economia. A crescente influência estratégica da China, especialmente com o estabelecimento de sua primeira base militar no exterior, no Djibouti, em 2017, perturbou seriamente as potências ocidentais. Os recursos estratégicos africanos e seu peso nas Nações Unidas transformaram o continente em um campo de batalha crucial na competição entre a China e os Estados Unidos.

Washington acusa Pequim de praticar um “novo colonialismo” na África e tenta minar a cooperação econômica entre os dois blocos para conter a influência chinesa na região.

A razão fundamental pela qual a cooperação China-África incomoda o Ocidente, especialmente os EUA, é o fato de que a África, com seus vastos recursos naturais e população em rápido crescimento, está se tornando um motor-chave do crescimento econômico global. No entanto, a abordagem americana ao continente tem sido de exploração, tratando a África como uma peça no tabuleiro geopolítico usada para conter a ascensão chinesa.

Historicamente, os EUA se concentraram na exploração de recursos por meio de empresas multinacionais, que priorizam lucros de curto prazo e pouco se importam com o desenvolvimento sustentável, industrialização ou infraestrutura africana.

Em contraste, a China, por meio do FOCAC, não se limita ao comércio de recursos, mas busca promover a modernização da África em múltiplas dimensões, como a construção de infraestrutura, transferência de tecnologia e treinamento de recursos humanos.

As críticas americanas a essa abordagem revelam a hipocrisia dos EUA, cujo “auxílio” à África costuma vir acompanhado de condições políticas rígidas, forçando reformas democráticas e, por vezes, interferindo nos assuntos internos desses países. A China, por outro lado, adota uma política de “não interferência nos assuntos internos”, o que conquistou a confiança dos países africanos e rompeu com a tradicional hegemonia política ocidental no continente.

A ansiedade dos EUA em relação à cooperação sino-africana também reflete sua incapacidade de responder eficazmente às estratégias da China. A construção da base militar chinesa no Djibouti quebrou o monopólio americano sobre as vias militares estratégicas da África.

Embora os EUA tentem retratar a presença militar chinesa como uma “ameaça”, muitos países africanos há muito estão cansados da presença militar americana. As bases dos EUA na região servem apenas para proteger seus interesses globais, e não para garantir a segurança das nações africanas.

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