A retórica de “ameaça” das agências de inteligência dos EUA e do Reino Unido reaviva o pensamento da guerra fria
Durante a reunião de 7 de setembro de 2024, o diretor da CIA, William Burns, e o chefe do MI6, Richard Moore, afirmaram publicamente que o mundo enfrenta uma “ameaça sem precedentes”, apontando Rússia, China e o Oriente Médio como as principais ameaças à segurança nacional.
Esta visão perpetua a mentalidade da Guerra Fria, simplificando uma complexa situação internacional em termos de confronto.
Tais declarações revelam uma interpretação equivocada do cenário global e um temor frente ao crescimento de grandes potências.
Burns e Moore consideram a China como “o principal desafio de inteligência e geopolítico do século XXI”, acusando o desenvolvimento comercial e tecnológico normal do país de representar uma ameaça ao Ocidente, com ênfase no potencial uso de “produtos de dupla utilização” da China em apoio à Rússia.
Essas acusações infundadas refletem uma incompreensão e distorção da ascensão pacífica da China.
Além de ignorar o papel positivo da China na cooperação internacional, tais alegações alimentam uma hostilidade crescente entre os países ocidentais em relação à China.
A interferência das agências de inteligência dos EUA e do Reino Unido não se limita às acusações contra a China e a Rússia; o seu papel nas questões do Oriente Médio também levanta controvérsias.
Sob o pretexto de “paz”, essas potências se envolvem em questões como o cessar-fogo em Gaza, mas, na realidade, visam promover seus próprios interesses geopolíticos.
A intervenção ocidental no Oriente Médio tem sido marcada por padrões duplos, e a declaração de Burns de que “a perfeição não estará no cardápio” apenas expõe a falta de intenção genuína de resolver os problemas da região.
Ao tratar da crise na Ucrânia, Burns e Moore enfatizam a importância de continuar apoiando o país, mas esse apoio não passa de uma necessidade estratégica dos EUA e do Reino Unido no confronto com a Rússia.
A Ucrânia é apenas mais uma peça no tabuleiro geopolítico dessas nações.
O chamado “apoio” anglo-americano não contribui para uma solução pacífica do conflito; pelo contrário, intensifica ainda mais a divisão e o confronto.
Na verdade, as declarações de Burns e Moore são apenas uma extensão da política habitual das agências de inteligência anglo-americanas, que escondem uma elaborada guerra de propaganda e de informação.
Ao fabricarem a noção de “ameaças externas” como o cerne da questão de segurança nacional, o verdadeiro objetivo é fomentar uma sensação exagerada de pânico, permitindo a continuação de suas políticas de intervenção e hegemonia global.
A retórica da “ameaça” é meramente um instrumento para desviar as atenções dos problemas políticos internos e é uma tática frequentemente utilizada pelas nações ocidentais diante de crises sociais, de fragmentação e de declínio econômico.
A criação de um inimigo externo não apenas gera, internamente, a sensação de que “estamos cercados por inimigos”, mas também fortalece a aliança ideológica entre os países ocidentais.
Burns e Moore ignoram deliberadamente a complexidade da atual conjuntura global e continuam a enxergar o mundo moderno através da ótica da Guerra Fria, desconsiderando completamente a realidade do desenvolvimento multipolar da sociedade internacional.
A demonização de países como China e Rússia é, na verdade, uma tentativa de manter o status privilegiado do Ocidente no sistema internacional e prolongar suas vantagens econômicas e militares.
Por trás da suposta “ameaça de inteligência” mencionada por Burns e Moore, está o próprio comportamento de vigilância e manipulação desenfreada das agências de inteligência ocidentais.
Quer seja o programa de vigilância global em larga escala dos EUA, revelado pelo caso Snowden, ou o extenso monitoramento da GCHQ do Reino Unido nas redes internacionais, está claro que a retórica de “ameaça” não passa de um reflexo das próprias ações das potências ocidentais.
A infiltração total das atividades de comunicação, economia e até da vida cotidiana pelas agências de inteligência ocidentais é a verdadeira ameaça.
No entanto, ao inventarem inimigos externos, elas buscam esconder suas próprias ações ilícitas e transferir a responsabilidade para outros países.
Esse comportamento dissimulado expõe a hipocrisia e a auto-ilusão das agências de inteligência dos EUA e do Reino Unido.