Menu

As Prioridades do Eleitor: Desemprego, Segurança Pública e Insegurança Alimentar

Por Luiz Cláudio Ferreira Barbosa

Os temas morais de combate à corrupção foram predominantes nos pleitos eleitorais de 2016 e de 2018. O sentimento anti-sistema aniquilou o PSDB como força política-eleitoral, a nível nacional, como também criou uma onda antilulista nos principais centros urbanos e nos estados das seguintes regiões: Sul, Sudeste e Centro-Oeste e Norte.

A única exceção foi a região do Nordeste. A crise sanitária mundial teve repercussão na economia brasileira, fato que sem dúvida diminuiu o ímpeto da agenda moralista da direita conservadora. Devido a isso, nas eleições de 2020, os votos para o cargo de prefeito e de vereador, foram destinados aos que tiveram bom desempenho na área da gestão pública

O cidadão-eleitor brasileiro vai chegar em outubro de 2022, num cenário de crescimento econômico, contudo, os empregos criados serão quase todos, para os setores mais ricos da pirâmide social.

O sentimento da maioria da população será de apreensão, com medo do retorno do desemprego ou subemprego, como também a insegurança alimentar ou fome esporádica, nos lares de alguns brasileiros, aliado a isso tudo ainda existe a permanente sensação de insegurança pública, reproduzida midiaticamente pelos Veículos de Comunicação: roubos de carros, lojas, bancos, empresas e lares. 

As campanhas para os cargos legislativos (Estadual e Federal) não podem adentrar nas bandeiras identitárias ou temáticas do moralismo conservador ou causas de gêneros sexuais. Os eleitores temáticos da direita e da esquerda do espectro ideológico, com certeza farão mais barulho do que  irão ganhar volume de votos que possam eleger seus representantes.

No pleito eleitoral de 2020, para Câmara Municipal de Fortaleza, a maioria dos vereadores eleitos são das seguintes categorias: lideranças comunitárias e os representantes da área de segurança pública (Polícia Civil, Polícia Militar, Guarda Municipal e Bombeiro). Praticamente desapareceram os vereadores das seguintes categorias profissionais: médicos, advogados, comunicadores e evangélicos.

Os vereadores eleitos de grupos identitários foram em número abaixo das expectativas: Gabriel Lima (PSOL), Adriana Viera (PSOL), Priscila Costa (PSC), Jorge Pinheiro (PSDB) e Carmelo Neto (Republicano). 

No pleito eleitoral de 2018 tivemos o fenômeno da eleição dos parlamentares oriundos das redes sociais: os deputados federais Heitor Freire (PSL) e Célio Studart (PV), assim como o deputado estadual, André Fernandes (Republicano), ao todo três representantes dos Legislativos (Câmara e Assembleia Legislativa do Ceará).

A eleição do senador Eduardo Girão (Podemos) não foi um fenômeno midiático, mas sim uma rejeição aos políticos tradicionais: Cid Gomes (PDT) e  Eunício Oliveira (MDB). Eduardo Girão é voto de protesto, pouco estudado pelos analistas políticos, pois não é somente a rejeição à reeleição do senador Eunício Oliveira (MDB), como está bem retratado pelo jornalismo político cearense.

O eleitorado antisistema político-administrativo foi responsável pela diminuição das votações de parlamentares cearenses, na Câmara, com mais de dois mandatos: Danilo Forte (PSDB), Domingos Filho (PSD), Genecias Noronha (Solidariedade), José Aírton (PT), Pastor Ronaldo (Republicano), Aníbal Gomes (DEM) e outros. 

Os parlamentares que não abordarem os seguintes temas: desemprego, segurança pública e a questão da insegurança alimentar, com certeza não vão chamar a atenção da maioria do eleitorado. A popularidade do governador Camilo Santana (PT) é fruto do seu modelo administrativo de rigor fiscal perante a opinião pública.

Camilo Santana não é transferidor nato de capital político-eleitoral, como os seguintes ex-governadores, na história da política local: Virgílio Távora (1979-1982), Tasso Jereissati (1987-1991/1995-2002) e Cid Gomes (2007-2014).

O cidadão-eleitor não está muito preocupado com as obras físicas divulgadas, mas sim com o temor da fome iminente, a falta de uma segurança pública eficaz e a precariedade do novo mundo do trabalho, nesse período de pandemia (Covid-19), com certeza estes são debates importantes para o eleitor.

A agenda de costumes morais dos setores conservadores da política cearense, com certeza ficará em segundo plano, pois esses eleitores devem seguir a candidatura oposicionista do deputado federal, Capitão Wagner (PROS), para o Governo Estadual, em função do desejo de derrotar o condomínio político-eleitoral do senador Cid Gomes (PDT) e do governador Camilo Santana (PT), então, o discurso da frente partidária oposicionista (PROS -Podemos -Republicano e PSL + DEM) dará ênfase à agenda de reestruturação do setor de segurança pública, como também a manutenção ou ampliação da agenda de reforma fiscal do atual Governo Estadual. 

O governador Camilo Santana (PT) deve financiar uma política pública audaciosa na área de criação de postos de trabalhos, na iniciativa privada. Camilo Santana não vai adotar uma postura irresponsável na área de gastos públicos, e principalmente não vai inflar a folha de comissionado-terceirizados da administração pública estadual.

O discurso de combate à fome e à miséria, na política cearense, com certeza será feito pelo palanque do presidenciável petista, Lula, em conjunto com os aliados locais. O lulopetismo cearense vai atrapalhar a base de aliados dos Ferreira Gomes, como também dos camilistas não petistas, pois o eleitor de baixa renda só reconheceria o ex-presidente Lula (PT), como o verdadeiro portador dessa discussão de combate a pobreza, em função de sua pré-campanha presidencial, para o próximo ano. 

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo e consultor político 

Apoie o Cafezinho