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Como funciona uma carreira em ciências da computação?

Imagem por Pixabay

Nos anos 80 e 90, dizia-se que a informática seria a “profissão do futuro”. Em um artigo publicado em dois jornais de Nova York, em 1988, Norman Feingold especula como seriam as “profissões do futuro”. Embora algumas profissões pareçam bastante estranhas (como gerente de hotel oceânico e astrônomo lunar), Feingold foi certeiro quando falou que conhecimentos de informática seriam fundamentais no mercado de trabalho.

O futuro já chegou e o mercado de trabalho para áreas relacionadas às ciências da computação está com um déficit gigantesco. Estima-se que este déficit passe dos 500 mil postos de trabalho nos próximos anos. Mas afinal, como funciona essa profissão e por que um déficit tão grande?

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Se Norman Feingold imaginou algumas profissões bem estranhas, é verdade que seria impossível de imaginar a quantidade e variedade de áreas ligadas à computação hoje. Alguns dos campos abrangidos pela profissão incluem a criação e manutenção de bancos de dados, programação, suporte ao usuário e marketing.

Os salários também são bastante atraentes. Enquanto um trainee começa a carreira ganhando por volta dos R$4.000, um cargo de chefia na área em uma grande empresa pode pagar mais de R$20.000 por mês. 

De acordo com o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) os melhores salários estão nas áreas de segurança de TI (tecnologia da informação), soluções de TI e diretor de serviços de informática. 

Tecnologia da Informação vs. Ciências da Computação

TI e ciência da computação são áreas irmãs, mas não são a mesma coisa. Espera-se que ambos os profissionais tenham profundos conhecimentos de computação, como desenvolvimento de software, domínio da linguagem Java e SQL. 

Porém, enquanto o profissional de TI lida com sistemas de informação, planejamento de projetos e assistência ao usuário, cabe ao cientista da computação conhecer engenharia de softwares, além das linguagens Python e JavaScript, por exemplo.

Jogos Online e Plataformas de Entretenimento

O mercado de entretenimento digital deu um salto nos últimos anos. A revolução encabeçada por Netflix e Spotify abriu espaço para um sem fim de opções de plataformas de streaming de vídeo e música. Além disso, cresceu também o número de pessoas jogando: os sites de cassino online e plataformas de jogos multiplayer também explodiram. 

Por trás dos cassinos com jogos de roleta online e dos sites de jogos multiplayer, estão equipes imensas de profissionais de TI e ciências da computação, altamente treinados, trabalhando em diversas partes do mundo. Este também é um mercado que cresce: 14,5% dos brasileiros afirmam já ter apostado online e o número deve crescer nos próximos anos. Jogos como League of Legends e Free Fire também atraem cada vez mais jogadores.

Oferta e Demanda

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Se a demanda por esta profissão só cresce e os salários são tão atraentes, onde estão os profissionais? Parte do déficit nestes postos de trabalho é um reflexo do próprio déficit educacional do setor. Os centros de formação e universidades ainda não formam profissionais o suficiente para suprir a crescente demanda. 

Pior ainda: em muitos casos, o graduado sai da faculdade com pouca ou nenhuma experiência prática. Para o desenvolvedor de software, Pedro Moura, a baixa competitividade por estes postos de trabalho impacta ainda numa estagnação do setor. Segundo ele, devido à facilidade de se encontrar um emprego na área no país, muitos não atualizam seus conhecimentos. 

Existe ainda um outro fator esvaziando este setor: a fuga de profissionais para o exterior. Se os salários pagos aqui são atraentes em relação à média nacional, empresas estrangeiras podem pagar ainda mais; especialmente por pagarem em euro ou dólar, geralmente. 

Como muitas destas funções podem ser desempenhadas remotamente, muitos nem saem do país de verdade, mas trabalham daqui para empresas de fora. O impacto no mercado interno é praticamente o mesmo, já que estes profissionais não estão mais disponíveis para trabalhar no país, ainda que vivam aqui. Enquanto o fosso salarial que existe entre o mercado interno e externo não for tapado, muitos talentos ainda vão escoar por ali. 

Números Negativos, Pensamento Positivo

Se as empresas brasileiras da área de tecnologia estão desesperadas por mais especialistas, este é um excelente momento para quem quer entrar no ramo. Sobram vagas no setor e devido a esta escassez, o viés salarial é de alta. As empresas brasileiras vão precisar investir mais pesado na capacitação de mão-de-obra e principalmente, na remuneração destes cargos, para que estes talentos escolham ficar no mercado nacional. 

A procura por cursos nesta área vem crescendo nos últimos anos, mas o déficit profissional não deve ser zerado tão cedo. Segundo a Brasscom, a demanda por especialistas de TI e ciências da computação deve chegar a 420 mil pessoas até 2024.  Outras análises prevêem ainda que o déficit deve continuar até pelo menos 2025, com 530 mil postos desocupados apenas na área de TI.  

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