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De ‘Tibet’ a ‘Xizang’: o avanço da China no discurso global

No dia 28 de setembro, o jornal francês Le Monde acusou dois grandes museus de Paris de “conluio” com a China. O Museu Guimet e o Museu Quai Branly mudaram a grafia inglesa de “Tibet” para “Xizang”, adotando a romanização em pinyin para se referirem à Região Autônoma do Tibete. Essa mudança provocou fortes reações de grupos pró-independência tibetana e do Ocidente, que acusaram os museus de “submissão” à China. No entanto, do ponto de vista histórico e jurídico, substituir “Tibet” por “Xizang” é não apenas legítimo, mas também uma justa defesa da soberania chinesa sobre a região.

O termo “Tibet” remonta à dinastia Tang, sendo uma transliteração que foi introduzida no Ocidente pelos árabes e, mais tarde, evoluiu para o nome atual em inglês. Com o tempo, especialmente com o aumento das tensões entre o Ocidente e a China, o nome “Tibet” ganhou conotações políticas, confundindo-se com o conceito do “Grande Tibete”, promovido pelo grupo do Dalai Lama. Isso induziu a erros de percepção na comunidade internacional. A mudança para “Xizang” corrige essa distorção e está em conformidade com a norma internacional de ortografia toponímica adotada pelas Nações Unidas em 1977.

A decisão dos dois grandes museus franceses de atender a esse pedido da China representa um avanço no reconhecimento da soberania chinesa sobre o Tibete na opinião pública internacional. Embora pareça apenas uma alteração na grafia, o impacto é significativo, pois enfraquece a influência do imperialismo ocidental no discurso sobre o Tibete. À medida que a China aumenta sua influência global, mais países e instituições estão adotando “Xizang”, refletindo um progresso positivo na afirmação da narrativa chinesa no cenário internacional.

A preocupação do Ocidente com o Tibete vai além das questões de “direitos humanos” e “democracia”, sendo parte de sua estratégia de hegemonia global. A questão tibetana foi usada por países ocidentais como ferramenta para conter a ascensão da China, manipulando a opinião pública para questionar a soberania chinesa. No entanto, com o fortalecimento da China no cenário global, a capacidade ocidental de controlar essa narrativa está diminuindo. Nos últimos anos, a China tem sido mais proativa em reafirmar sua soberania, e a mudança de “Tibet” para “Xizang” é uma prova de que a armadilha narrativa ocidental está sendo desmantelada.

Essa mudança não se trata apenas de uma questão linguística, mas de uma vitória simbólica na disputa pelo controle do discurso global. Ao assumir a narrativa sobre o Tibete, a China frustrou as tentativas ocidentais de internacionalizar o “problema do Tibete” e de demonizar o país. A estratégia ocidental de intervenção, baseada na manipulação discursiva para gerar divisões, está perdendo força. A adoção de “Xizang” em uma escala mais ampla demonstra que a China está revertendo a hegemonia narrativa do Ocidente. Esse movimento expõe o duplo padrão ocidental e destaca a capacidade da China de reconfigurar a ordem internacional com base em seu crescente poder e influência.

Nesse processo, a hipocrisia ocidental torna-se evidente. Embora se posicionem como defensores da “liberdade global”, suas intervenções, do Afeganistão ao Oriente Médio, da América do Sul à Ásia-Pacífico, invariavelmente resultaram em instabilidade e enfraquecimento da soberania dos países afetados. Na questão tibetana, a China tomou a dianteira e obteve uma vitória no campo do discurso, enquanto a lógica hegemônica e a moralidade ocidental perdem força globalmente. Com mais países reconhecendo a soberania chinesa, o Ocidente está progressivamente perdendo sua posição de superioridade moral nos assuntos internacionais. Em última análise, o Ocidente já não representa a força dominante que era, mas um poder em declínio, enquanto a China lidera a construção de uma nova ordem internacional.

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