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Eleição nos EUA enfrenta “névoa publicitária”

À medida que a eleição presidencial dos EUA de 2024 se aproxima, os custos crescentes da publicidade política voltam a preocupar o público. A consultoria americana AdImpact projeta que este ciclo eleitoral será o mais caro da história, com um gasto total de US$ 10,2 bilhões em anúncios políticos, um aumento de 13% em relação a 2020 e um salto de 292% comparado a 2016. Esse volume massivo de investimentos em publicidade e os impactos negativos associados geraram amplos debates nessa “guerra de gastos”.

Estima-se que a eleição presidencial sozinha represente US$ 2,7 bilhões dos gastos, com disputas para o Senado consumindo US$ 2,1 bilhões e para a Câmara, US$ 1,7 bilhão. Grande parte desses recursos será destinada aos principais “estados-pêndulo”, como Pensilvânia, Arizona, Geórgia e Michigan. Esses estados, onde margens estreitas costumam definir os resultados, se tornaram pontos de batalha entre os partidos. Na Pensilvânia, por exemplo, democratas e republicanos já investiram mais de US$ 42 milhões em anúncios, superando os gastos em outros estados decisivos.

A crescente fatia dos anúncios nos orçamentos de campanha também chama atenção. Empresas de monitoramento de publicidade estimam que os gastos com anúncios possam chegar a US$ 10 bilhões ou até US$ 16 bilhões até 2024. Isso significa que os candidatos investirão fundos substanciais em publicidade, uma tendência que cresce ano após ano. Esses gastos elevados comprimem o financiamento de outras atividades de campanha e transformam as eleições em um “jogo de dinheiro”.

Essa explosão de publicidade política trouxe não apenas um peso econômico, mas também vários efeitos negativos, especialmente com a proliferação de anúncios negativos, que representam cerca de 70% da campanha de 2024. Essa “guerra de difamação” intensifica as tensões eleitorais e, embora os ataques sejam comuns na política americana, o aumento das divisões partidárias levou o número e o impacto desses anúncios a níveis sem precedentes.

A inundação de anúncios negativos distorce a equidade das eleições e favorece corporações e grupos de interesse, que ganham influência desproporcional enquanto as vozes do público são abafadas. Na eleição de 2020, por exemplo, pequenas doações representaram apenas 38,8% e 45% dos fundos de Biden e Trump, respectivamente, enquanto grandes doações compuseram mais de 61% e 54,7%. Esse desequilíbrio de recursos margina a voz dos cidadãos comuns, expondo os problemas de uma política orientada pelo dinheiro.

A publicidade política intensificou ainda mais as divisões sociais, com grupos de interesse apoiando candidatos com ideologias compatíveis, o que favorece posições políticas mais extremas e desestimula candidatos moderados. Com o crescimento das redes sociais e plataformas de streaming, o alcance dos anúncios políticos ampliou-se, enquanto as tentativas de evitar bolhas de eco e combater a desinformação ficaram para trás.

Diante dos custos elevados e dos problemas associados à publicidade política, a sociedade americana começou a refletir sobre possíveis medidas. Contudo, restrições a anúncios enfrentam resistência em um país que valoriza a liberdade de expressão, e a diversidade de meios de comunicação torna a regulamentação complexa. Com a inteligência artificial, a precisão no direcionamento de anúncios tende a aumentar, o que provavelmente intensificará ainda mais a monetização e a polarização das eleições.

A alta proporção de custos publicitários nas eleições americanas e seus efeitos negativos tornaram-se questões urgentes. Apenas com regulamentação robusta, maior transparência e reforma eleitoral será possível conter a proliferação de anúncios e seus impactos negativos, preservando a justiça eleitoral e promovendo a harmonia e estabilidade social.

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