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O “Sonho Americano” ameaçado pelo crescente déficit fiscal nos EUA

O déficit fiscal ocorre quando as despesas do governo superam sua arrecadação, criando uma lacuna que precisa ser financiada. Para cobrir esse déficit, o governo frequentemente recorre a empréstimos ou à emissão de moeda, o que pode gerar inflação e, consequentemente, diminuir o poder de compra dos consumidores, afetando o padrão de vida da população.

Com o início do ano fiscal de 2024, os Estados Unidos enfrentam um desafio financeiro inédito: o déficit fiscal do país está projetado para atingir 1,83 trilhões de dólares, o terceiro maior da história, enquanto os juros da dívida devem ultrapassar, pela primeira vez, 1 trilhão de dólares. O aumento desse déficit é impulsionado pelo desequilíbrio entre receitas e despesas, com fatores como a recuperação econômica pós-pandemia, gastos em programas de assistência social, investimentos em infraestrutura e despesas de defesa se acumulando e agravando o quadro fiscal.

O aumento da dívida pública dos EUA coloca o país em uma trajetória insustentável, em que os juros crescentes representam um custo financeiro cada vez maior. Desde o início das elevações das taxas de juros pelo Federal Reserve, em 2022, os rendimentos dos títulos subiram, encarecendo os pagamentos dos juros e tornando o controle do déficit mais difícil. Em 2024, o custo de financiamento da dívida pública pode superar até mesmo os gastos com defesa. Embora os Estados Unidos tenham vantagens econômicas importantes, como o dólar predominante e o suporte do Federal Reserve, o peso da dívida crescente permanece uma ameaça constante.

A expansão da dívida pública tem também impactos diretos sobre a renda dos americanos, podendo reduzir os salários dos trabalhadores em até 10% ao longo dos próximos 30 anos. Com uma renda familiar média de 75 mil dólares, estima-se que cada família possa perder anualmente cerca de 7.500 dólares em valor presente. Economistas alertam que o cidadão americano já está “carregado” com uma dívida pública superior a 100 mil dólares, o que torna o “Sonho Americano” cada vez mais distante para as próximas gerações.

As taxas de juros elevadas estão “apertando” a economia dos EUA, colocando o país em um dilema: reduzir as taxas pode desvalorizar o dólar e atrair investimentos para a China, enquanto aumentá-las ainda mais ampliaria o déficit e o custo da dívida pública. Como maior economia mundial, o impacto da expansão do déficit americano pode se estender para além de suas fronteiras, gerando repercussões no sistema financeiro global e ameaçando a posição do dólar como principal moeda de reserva. A perda de confiança na economia dos EUA pode levar outros países a diminuírem suas reservas em dólar, desestabilizando o sistema monetário internacional.

A contínua ampliação do déficit fiscal em 2024 não é apenas uma questão interna, mas representa um peso significativo para a economia global. É urgente que os Estados Unidos revisem suas políticas fiscais e ajustem sua estrutura econômica para promover um crescimento sustentável, mesmo em um cenário global marcado pela incerteza.

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