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Ócio criativo pode ajudar na geração de boas ideias

Atividade laboral gera riqueza, estimula a aprendizagem, produz conhecimento ou cria alegria e sensação de bem-estar

Definido pelo sociólogo italiano Domenico de Masi como a síntese entre o trabalho, o estudo e o jogo, o ócio criativo é caracterizado por um momento em que o indivíduo produz, mas de uma maneira leve. Trata-se de um estado em que a pessoa exerce uma atividade laboral que gera riqueza, estimula a aprendizagem, produz conhecimento ou cria alegria e sensação de bem-estar.

A ideia de ócio criativo nasceu na entrevista com Masi, publicada no livro “O Ócio Criativo” (1995). Nesta visão, aqueles que possuem um trabalho lucrativo, que possibilita a conciliação entre estudo e lazer, o praticam. O conceito pode ser percebido como a busca pela harmonia entre a vida profissional e pessoal, algo altamente valorizado nos dias atuais.

Segundo o estudioso, a sociedade pós-industrial é baseada na criatividade, fruto da combinação entre o aspecto emocional e a racionalidade inerentes ao ser humano. Esse movimento de mudança só se tornou possível graças à automação de processos, que possibilitou que as pessoas tivessem mais liberdade para explorar sua criatividade em suas atividades cotidianas.

No contexto empresarial, o conceito pode ser denominado como uma técnica para ajudar o profissional a ter boas ideias e participar de forma mais efetiva de atividades criativas, como reuniões de brainstorming. Esse passa a ser um modo possível de conciliar momentos de descanso e lazer com uma rotina produtiva e trabalho de qualidade.

Como funciona o ócio criativo

Como o ócio criativo consiste na habilidade de equilibrar momentos de lazer e trabalho, é importante ressaltar que a ideia é que nenhum aspecto da vida seja sobrecarregado.

Trata-se da capacidade de reservar um tempo no dia para atividades que sejam importantes e prazerosas, permitindo que o cérebro descanse e se concentre em outros assuntos, além de estratégias de marketing e resultados, por exemplo.

Masi defende, assim, que inserir atividades de descanso e lazer durante a jornada de trabalho é fundamental para que o cérebro produza novas ideias, além de preservar a motivação diante do trabalho. Ao utilizar o ócio criativo a seu favor, as equipes podem aumentar a produtividade e aprimorar as habilidades profissionais.

Como colocar em prática

Segundo estudos de Masi, os seres humanos dedicam três vezes mais tempo “não fazendo nada” do que trabalhando. Portanto, no ambiente de trabalho, é importante aproveitar esse tempo livre de maneira estratégica.

Colocar essa ideia em prática, no entanto, pode ser desafiador. Algumas ações podem ajudar, como evitar checar e-mails e mensagens após o fim do expediente, fazer pausas ao longo do dia e listar as tarefas inacabadas para retomá-las na manhã seguinte. Também é importante planejar o que fazer no período fora do expediente.

Além disso, praticar o ócio criativo envolve se concentrar no tempo presente e deixar de lado as preocupações com o passado e o futuro. As técnicas de mindfulness, por exemplo, são citadas por diversos portais especializados no assunto, pois podem ajudar a controlar a divagação dos pensamentos.

O mindfulness é um estado mental caracterizado pela atenção plena nas atividades que estão sendo realizadas, podendo ser alcançado por meio da prática constante de exercícios como respiração, sondagem corporal, caminhada e alimentação saudável.

Saúde e produtividade

Os princípios do ócio criativo são importantes para os profissionais conseguirem manter a saúde e aumentar a produtividade em suas atividades laborais. Isso porque ao se concentrar exclusivamente no trabalho, os indivíduos podem se tornar vulneráveis ao estresse e esgotamento mental, o que pode levar a doenças.

De acordo com um levantamento da consultoria B2P, os transtornos mentais e comportamentais foram a terceira principal causa de afastamento do trabalho por motivos médicos em 2021.

Um exemplo é a síndrome de burnout, conhecida como a síndrome do esgotamento profissional. Os sintomas incluem ansiedade, irritabilidade, exaustão física e mental, baixa autoestima, dificuldade de concentração e associação de sentimentos negativos ao trabalho.

Em 2022, a condição foi reconhecida como uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após ser incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID).

O Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos de burnout, com mais de 30 milhões de profissionais afetados, ficando atrás apenas do Japão, segundo a International Stress Management Association (Isma).

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