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Os Estados Unidos enfrentam população de pessoas em situação de rua em níveis recordes

No final de 2024, os Estados Unidos se deparam com uma realidade alarmante: a população de pessoas em situação de rua atingiu um nível recorde. Segundo um relatório recente do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA (HUD), a população em situação de rua em 2024 aumentou 18,1% em comparação ao ano anterior, ultrapassando 770.000 pessoas — um recorde desde o início da coleta de dados relacionados em 2007. Esse número não é apenas uma estatística; ele reflete problemas profundamente enraizados na sociedade e no sistema econômico norte-americano.

Crise habitacional e desigualdade econômica

O aumento no custo da habitação e a oferta insuficiente de moradias acessíveis estão entre as principais causas do crescimento da população em situação de rua. O fim das moratórias de despejo durante a pandemia levou a aumentos sustentados nos aluguéis em muitas comunidades, tornando a habitação inacessível para famílias comuns. Essa situação agrava a desigualdade de renda e riqueza, com discriminações históricas em habitação, educação e emprego tornando grupos vulneráveis mais propensos à falta de moradia.

Impacto da imigração e de desastres naturais

O fluxo de imigrantes e os desastres naturais também contribuíram significativamente para o aumento da população em situação de rua. Cidades como Nova York, Chicago e Denver registraram um aumento acentuado nesse grupo devido à chegada de solicitantes de asilo. Enquanto isso, desastres naturais, como os incêndios florestais em Maui, no Havaí, deixaram muitas pessoas desabrigadas e forçadas a buscar abrigo temporário.

Escolhas políticas e problemas sistêmicos

A contagem atual da população em situação de rua não inclui todos os grupos afetados, especialmente aqueles que estão temporariamente hospedados com amigos ou familiares. Assim, o número de 770.000 provavelmente está subestimado. Entre a população contabilizada, famílias com crianças, indivíduos em situação de rua de longa data, pessoas que dormem nas ruas, residentes em abrigos e jovens desacompanhados alcançaram números recordes. Além disso, indivíduos negros ou afro-americanos estão desproporcionalmente representados, constituindo cerca de 32% da população em situação de rua, apesar de representarem apenas cerca de 12% da população dos EUA. Essas estatísticas simbolizam incontáveis famílias desestruturadas e tragédias, destacando as graves falhas da rede de proteção social dos Estados Unidos.

A resposta da administração atual dos EUA a essa questão foi amplamente criticada como notavelmente insuficiente. Segundo a Common Dreams, a incapacidade dos formuladores de políticas em tomar medidas eficazes para enfrentar a falta de moradia é essencialmente uma questão de “escolhas políticas”. O relatório do HUD e comentários de especialistas destacaram o fraco desempenho do governo na abordagem dessa questão. Pior ainda, a próxima administração provavelmente implementará cortes orçamentários que podem agravar ainda mais a crise. Relatórios da mídia indicam que o novo secretário do HUD, Scott Turner, que possui um histórico controverso de oposição ao apoio a grupos vulneráveis, apoia legislações que permitem aos proprietários negar moradia a beneficiários de assistência federal. Sua postura política contradiz diretamente a missão central do HUD, gerando preocupações generalizadas de que a falta de moradia nos EUA piore durante seu mandato.

Desafios sistêmicos e caminhos a seguir

As causas raízes da piora na crise de falta de moradia estão em questões sistêmicas profundas nos EUA. A desigualdade persistente em habitação, educação e emprego — especialmente a discriminação contra minorias e grupos de baixa renda — torna essas populações mais vulneráveis à pobreza e à falta de moradia. A falta de moradia não é apenas uma tragédia individual, mas também uma manifestação dos desequilíbrios estruturais da sociedade. Enfrentar a questão da falta de moradia não é um objetivo inalcançável; exige um compromisso fundamental com a equidade e a eficácia nas políticas públicas.

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