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O papel de Eunício Oliveira nas articulações de Lula no Nordeste

Por Luiz Cláudio Ferreira e Gabriel Barbosa

Nos meses de abril a junho, o ex-presidente Lula (PT) trabalhou intensamente para reconstruir sua base aliada política-institucional no Nordeste.

O ex-presidente tem mantido diálogo pertinente e uma linha direta de ação política com o presidente estadual do MDB cearense, o empresário e ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira.

A nova fase do lulismo na região terá, neste primeiro momento, Eunício Oliveira como importante organizador, com o aval do ex-presidente Lula. Isso ocorre independentemente do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores.

As últimas pesquisas de opinião pública na sucessão presidencial de 2022, sem dúvida colocam o ex-presidente Lula (PT), como a maior liderança política da região do Nordeste. Lula tem uma compreensão muito pragmática de reaproximação, com os seguintes diretórios emedebistas nordestinos: Alagoas, Pernambuco, Maranhão e Ceará.

O ex-senador Eunício Oliveira é o ator emedebista responsável pela construção de várias pontes de diálogos, com os emedebistas não pró-Governo Federal.

É um trabalho feito com o aval do próprio ex-presidente, e do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, sem nenhum empecilho da executiva nacional do MDB.

O neolulismo deseja ser a principal força no campo democrático anti-bolsonarista, no Brasil e nos estados.

Fora do campo da esquerda partidária, Eunício Oliveira é uma das principais lideranças neolulistas na região nordestina, e já acertou, junto ao diretório cearense do MDB, que preside, que oferecerá palanque e estrutura ao ex-presidente Lula no Ceará.

Ainda falta uma questão política a ser definida, contudo, que envolve a sucessão do governador Camilo Santana (CE), que é apoiador incontestável de Lula, e defensor, naturalmente, da ideia de que o petista é o melhor nome para derrotar Bolsonaro.

A direção nacional do Partido dos Trabalhadores demonstra descontentamento crescente com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) por sua postura agressiva contra o ex-presidente Lula, tanto em entrevistas aos veículos tradicionais de comunicação, como nas redes sociais.

Ciro Gomes já avisou que, em hipótese alguma, voltará a fazer aliança política-eleitoral com o ex-presidente Lula. Para o petista, portanto, Ciro Gomes tornou-se não apenas adversário no primeiro turno, como talvez nem sequer num eventual segundo turno contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. O pedetista já deu entrevistas sinalizando que poderia sair do Brasil novamente em caso de segundo turno entre Lula e Bolsonaro.

Em sendo assim, o ex-presidente Lula já acertou com seus aliados do Ceará que irá defender uma candidatura própria, do Partido dos Trabalhadores, ao governo do estado, com apoio do ex-senador Eunício Oliveira.

Desta vez, o petista não deverá reeditar aliança política-eleitoral com o senador Cid Gomes (PDT), que tem planos de lançar um nome do PDT ao governo do estado.

Lula voltará ao estado nos próximos dias, e o senador Eunício Oliveira deverá ser o principal anfitrião de sua estadia.

Luiz Cláudio Ferreira é sociólogo e consultor político e Gabriel Barbosa é jornalista e analista político.

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