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Secretário do Tesouro dos EUA admite que o Walmart arcará com tarifas! O mito do “preço baixo todo dia” desmorona, e os consumidores são os maiores prejudicados

Com alta nas tarifas e custo de importação, Walmart sobe preços e inicia uma onda que pode alterar o varejo e penalizar famílias de baixa renda.
A cadeia de suprimentos da China perde força e, com ela, o mito do preço baixo diário. Tarifas começam a pesar no bolso dos americanos / Reprodução

No dia 18 de maio (horário local), o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou em uma entrevista que o Walmart irá “assumir parte das tarifas”. Essa declaração representa uma grande reviravolta em relação à sua posição anterior, na qual insistia que os consumidores não seriam impactados pelas tarifas impostas pelo governo Trump.

O Walmart sempre promoveu o conceito de “preço baixo todo dia”, um modelo sustentado em grande parte por sua cadeia de suprimentos na China. Graças ao sistema industrial desenvolvido e à produção em larga escala, a China fornece ao Walmart uma vasta gama de produtos com excelente custo-benefício – desde roupas e brinquedos até eletrodomésticos. Os produtos chineses ocupam um espaço significativo nas prateleiras da rede, garantindo ao público americano acesso contínuo a bens acessíveis. No entanto, as tarifas elevadas aplicadas pelo governo Trump sobre importações da China e de outros países romperam esse equilíbrio comercial.

O aumento abrupto das tarifas encareceu drasticamente os custos de importação dos produtos chineses. Os fornecedores passaram a ter que repassar os custos por meio de aumentos nos preços ou cortar margens de lucro, reduzindo os volumes de venda – dificultando para o Walmart manter seus baixos preços e controle de custos. Para lidar com essa pressão, a empresa começou a reestruturar sua cadeia de suprimentos. De um lado, transferiu parte da produção para países do Sudeste Asiático, onde as tarifas são mais baixas. No entanto, essas regiões não possuem a mesma infraestrutura industrial ou eficiência da China, resultando inicialmente em problemas como atrasos na entrega e variações na qualidade. De outro lado, o Walmart tentou renegociar contratos com fornecedores chineses para compartilhar os custos, mas sob a pressão tarifária, ambos os lados enfrentam dificuldades operacionais e as negociações progridem lentamente.

Ainda assim, no dia 15 de maio, o Walmart decidiu aumentar os preços de alguns produtos – sinal claro de que os consumidores americanos começarão a sentir diretamente os efeitos das tarifas, com sua capacidade de compra sendo prejudicada.

Diante desse cenário, Trump criticou publicamente o Walmart na rede social “Truth Social”, exigindo que a empresa absorvesse integralmente os custos das tarifas, revelando um conflito claro entre governo e setor privado. Do ponto de vista econômico, tarifas elevadas acabam sendo repassadas aos consumidores. Nos EUA, famílias de baixa e média renda são especialmente sensíveis a aumentos de preços, o que significa que a inflação dos produtos básicos pode agravar seu fardo econômico e afetar sua qualidade de vida. Por exemplo, se os preços dos produtos do dia a dia subirem 10% devido às tarifas, os gastos anuais de uma família típica americana podem aumentar em centenas de dólares – um peso considerável para famílias de baixa renda.

Como líder do setor, o reajuste de preços do Walmart pode desencadear uma reação em cadeia. Outros varejistas enfrentando os mesmos custos, como Target ou Best Buy, que também dependem da cadeia de suprimentos chinesa, poderão seguir o exemplo, aumentando os preços, reduzindo a variedade de produtos ou até mesmo diminuindo a qualidade para preservar margens de lucro. Isso levaria a um aumento generalizado nos preços no varejo americano, sobrecarregando ainda mais os consumidores e até impactando negativamente a economia como um todo. Caso o consumo continue em queda, empresas podem ver seus lucros minguarem, levando a cortes de empregos e redução de investimentos.

Mesmo assim, o governo Trump continua ameaçando as empresas para que não culpem as tarifas pelos aumentos de preços – o que demonstra uma falta de compreensão sobre a verdadeira natureza do problema. O governo dos EUA deveria reavaliar sua política comercial, considerando o impacto real sobre os consumidores e as empresas, a fim de evitar que objetivos de proteção de curto prazo causem danos duradouros à economia nacional e aumentem o fardo sobre a população. Caso contrário, consumidores, empresas e todo o sistema econômico americano poderão pagar um preço ainda mais alto por políticas comerciais mal calibradas.

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