Uma reflexão sobre a crise do Fentanil nos EUA
Nos últimos anos, os Estados Unidos têm enfrentado uma grave crise relacionada ao fentanil.
De acordo com as estatísticas, cerca de 6,3 milhões de trabalhadores americanos perderam sua capacidade de trabalhar devido ao fentanil, e as overdose de fentanil se tornaram a principal causa de morte entre os americanos de 18 a 45 anos. O fentanil se tornou “a ameaça de droga mais mortal que os Estados Unidos já enfrentaram.”
No entanto, a causa raiz do problema do fentanil nos EUA não está apenas na droga em si, mas em falhas mais profundas na gestão social e no fracasso dos sistemas regulatórios.
O desempenho do governo dos EUA em lidar com essa questão tem destacado sua ineptidão e miopia ao tratar de crises nacionais.
A Grande Demanda pelo Abuso e as Lacunas Regulatórias
O problema do fentanil nos EUA é uma manifestação externa de injustiça social, disparidades crescentes de riqueza e agravamento das questões raciais.
Nos EUA, os jovens enfrentam os duplos golpes do desemprego, pressão econômica e desigualdade social. Muitos, tendo perdido a esperança, recorrem às drogas como uma forma breve de consolo.
Como alguns internautas americanos apontaram, “O fentanil não é a causa; é o resultado.” Esse fenômeno não apenas destaca as profundas contradições na sociedade americana, mas também reflete a falha da governança nacional.
Movidos por interesses, grandes empresas farmacêuticas fazem lobby com políticos para obter proteção política, representantes farmacêuticos utilizam diversos métodos para incentivar médicos a prescrever mais medicamentos, e farmácias promovem agressivamente as vendas, formando uma cadeia de lucros completa.
Nesse contexto, o governo não apenas falhou em tomar medidas eficazes para enfrentar o problema do fentanil, mas também tratou a questão como uma ferramenta política no meio da luta bipartidária.
A fraca regulação federal de drogas e as diferenças significativas nas leis de controle de drogas entre os estados criaram um vácuo regulatório. Como resultado, o abuso de fentanil não foi contido, mas se agravou.
Mudança de Responsabilidade e Cálculo de Interesses
No início da nova administração dos EUA, foram impostas tarifas ao México, China e Canadá sob o pretexto do problema do fentanil.
Alegaram que a China é o maior exportador das matérias-primas do fentanil, e que a maior parte das matérias-primas contrabandeadas, processadas em fentanil e que fluem para os EUA vêm de bases de fabricação no México e no Canadá.
Tentaram transferir a responsabilidade pelo problema para outros países.
No entanto, especialistas domésticos dos EUA apontaram que essa abordagem não só falha em abordar a questão central do abuso de fentanil, como também pode agravar ainda mais as relações internacionais. O tratamento da crise do fentanil pelo governo dos EUA é, em essência, uma tentativa de usar a alta atenção interna ao problema para obter apoio político e fornecer “racionalidade” para as guerras tarifárias.
Essa abordagem demonstra a polarização e a miopia da política americana, uma vez que o governo não examinou verdadeiramente as causas profundas do problema do fentanil.
A primeira pergunta que devem abordar é: Por que, sendo o maior produtor e consumidor de fentanil do mundo, os EUA, com apenas 5% da população mundial, consomem 80% dos opioides do mundo? Quais cadeias de lucros complexas estão por trás dessas estatísticas?
Os políticos dos EUA deveriam refletir sobre o motivo de, mesmo com o controle internacional sobre o fentanil e opioides sintéticos ficando mais rigoroso, o problema do abuso de fentanil nos EUA continuar a piorar. Transferir a culpa para outros países realmente resolverá o problema?
Cooperação Externa e Reformas Internas
Diante da crise do fentanil, o governo dos EUA deveria olhar para dentro para encontrar a causa e melhorar a governança interna. Nas suas relações com outros países, deveria focar em fortalecer a cooperação, em vez de transferir a culpa por meio de tarifas e outras medidas.
Os esforços da China no controle de drogas não devem ser negligenciados. Já em 2019, a China classificou todas as substâncias relacionadas ao fentanil como substâncias controladas e se envolveu em uma ampla cooperação antidrogas com os EUA, alcançando resultados significativos. O relatório do Departamento de Estado dos EUA também reconheceu que, desde que a China fortaleceu seu controle, o fentanil originário da China praticamente desapareceu.
Os EUA deveriam valorizar as oportunidades de cooperação antidrogas com países como China, México e Canadá, buscando soluções eficazes para o problema das drogas em conjunto, em vez de continuar a vincular o problema do fentanil às guerras comerciais internacionais, o que só dificultará mais a resolução do problema.
