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Juros, Tietê e Lupi na berlinda

Os governistas que assinam O Estadão puderam sorrir aliviados ao verem a capa deste domingo daquele que é considerado o mais conservador dos jornais brasileiros. Trata-se de uma notícia verdadeiramente dominical. Depois de décadas de juros decididamente imorais, o brasileiro vê a possibilidade de ter linhas de crédito com taxas aceitáveis.

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Os governistas que assinam O Estadão puderam sorrir aliviados ao verem a capa deste domingo daquele que é considerado o mais conservador dos jornais brasileiros. Trata-se de uma notícia verdadeiramente dominical. Depois de décadas de juros decididamente imorais, o brasileiro vê a possibilidade de ter linhas de crédito com taxas aceitáveis.

A matéria do Estadão vinha sendo divulgada desde o sábado, em seu portal, mas sua presença na capa não deixa de ser uma surpresa.

A mesma coisa vale para a Folha, cuja capa de hoje fala mal do… Tietê.

 

Não fosse o Globo, eu acharia que a big press tupi aderira ao chapa-branquismo. Mas o jornalão dos Marinho segurou a tocha olímpica:

As denúncias envolvendo o Ministério do Trabalho são bem piores que as ligadas à Pasta dos Esportes. É realmente curioso que a Folha tenha, diante de tal conjuntura, optado por denunciar a poluição do Tietê.

Ainda não tive acesso à Veja, que mais uma vez foi a deflagradora das denúncias, mas pode-se dizer que, desta vez, o Globo fez o dever de casa. Em vez das constrangedora expressão “segundo a Veja”, o Globo obteve material em primeira mão. O problema com ONGS conveniadas ao Trabalho está sob investigação da Polícia Federal. Só em Sergipe, segundo o Globo, são 20 inquéritos e vinte acusados já indiciados. Em outra frente de investigação, a Controladoria Geral da União aponta “fortes indícios de desvio de dinheiro em convênios”, com pelo menos 26 entidades em vários estados.

Acredito que a opção de Folha e Estado de não darem capa a este escândalo tenha basicamente dois motivos:

  • A presidente já determinou uma verdadeira devassa nacional em todos os convênios do governo federal com qualquer ONG. Foi uma ação política de impacto, que ganhou manchete nos jornais, embora tenha sido considerada exagerada e injusta pelas organizações idôneas. Politicamente, portanto, Dilma blindou-se de qualquer nova denúncia relacionada a esse tipo de problema.
  • As denúncias vieram de órgãos do próprio governo, PF e CGU, o que revela disposição federal de enfrentar o problema da corrupção. Não interessa a uma mídia de oposição mostrar que o governo age com tanta assertividade. Na verdade, PF e CGU vem investigando as ONGS ligadas ao Trabalho há muitos meses. O Globo só “descobriu” isso agora porque resolveu fuçar o buraco após as reportagens da Veja.

A reportagem do Globo cita a Veja apenas uma vez, e meio que en passant,  na página seguinte, ao comentar o afastamento do coordenador de Qualificação do Ministério, Anderson Alexandre dos Santos, responsável pelos convênios com as entidades sob suspeita.

As denúncias da Veja são diferentes daquelas do Globo. A Veja fala em extorsão, por parte de assessores do ministro, mas não dá fontes (que permanecem anônimas, o que provocou a ira do ministro) nem fornece qualquer prova material, enquanto as denúncias do Globo se fundamentam em declarações de um delegado da Polícia Federal, Nilton Cezar Ribeiro Santos, responsável pelos inquéritos, e documentos públicos da CGU.

Possivelmente, porém, a imprensa diária não teve tempo de repercutir, em suas edições impressas, as denúncias da Veja, que já causaram pelo menos uma baixa no Trabalho. Se a mídia pegar no pé do Lupi como fez com Orlando Silva, poderá provocar a queda de mais um ministro do governo Dilma. Mas não vai ser tão fácil derrubar Lupi, porque, à diferença dos ministros que caíram anteriormente, estamos diante da principal liderança de seu partido.

Lupi poderá cair se houver provas contundentes de seu envolvimento pessoal em algum ilícito, mas não por debilidade política, como foi o caso de Orlando Silva – que apesar da grande força e convicção pessoais que demonstrou durante seu “martírio”, não era uma liderança importante em seu próprio partido, nem seu partido detinha tanta força como tem o PDT.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Carlos Veloso

07/11/2011 - 14h00

Preciso de informações de como devo proceder para assinar O Cafezinho para ajudar na sua manutenção.

Carlos Veloso

07/11/2011 - 13h59

O cafezinho tá DEZ!

Gilson Raslan

07/11/2011 - 12h07

Mesmo em fase de experiência, O CAFEZINHO já mostra a que veio.
Bola pra frente, Miguel.

ronaldo

07/11/2011 - 10h56

Parabéns, Miguel. o Site está ótimo.

marcio bastos

07/11/2011 - 09h41

uma sugestao, jornais do futuro , terao que incorporar tecnologia, com videos e audios junto ao texto, para sensibilidade e inovaçao, tive acesso a revista piaui , e uma das materia da revista , era possivel ouvir a transcriçao, vc lia e ouvia.

Carlos Morales

06/11/2011 - 23h49

Muito legal!!

_spin

06/11/2011 - 22h30

Ficou muito bom

Vera Silva

06/11/2011 - 20h46

Gostei de ler Ocafezinho.
Análises bem feitas e notícias escolhidas com critério.
Bola prá frente.


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