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Brasil pode se tornar maior produtor mundial de ouro

Tenho dúvidas se Deus é brasileiro, especialmente quando observo ruas esburacadas, calçadas destruídas e lixo jogado em desordem por toda parte em meu Rio de Janeiro querido. Mas tenho de admitir que ele deve ter uma quedinha por nossas praias.

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(Foto de André Coelho, do Globo)

Tenho dúvidas se Deus é brasileiro, especialmente quando observo ruas esburacadas, calçadas destruídas e lixo jogado em desordem por toda parte em meu Rio de Janeiro querido. Mas tenho de admitir que ele deve ter uma quedinha por nossas praias. Essa notícia, meus caros, é de arrepiar. O Globo deste domingo traz uma reportagem magnífica, assinada por Vivian Oswald, com direito a manchetão de capa, sobre o novo “ciclo do ouro” no Brasil.

Minha única crítica é a ausência, na primeira página e nos destaques da matéria, da seguinte informação:

A produção brasileira é muito pequena, apenas 12% de seu potencial. Considerando-se as reservas provadas em 2010, o Brasil tem a capacidade de extração anual de 503 toneladas do metal puro. A quantidade foi calculada com base em 1,3 bilhão de toneladas de rochas com o minério, com teor médio de 2,57 gramas por tonelada rochosa.

Tecnologia pode levar país ao topo – A expectativa do governo e de especialistas é que justamente a tecnologia deverá mudar este quadro e alçar o Brasil ao topo da lista novamente. Em vez dos tradicionais garimpos artesanais que enchiam de mercúrio os rios brasileiros, o país já tem 93,7% da sua produção feita de maneira industrial, segundo o DNPM.

Após olhar algumas fotos publicadas no site, lembrei de outra crítica, ainda mais importante: diante das condições extremamente difíceis de trabalho nas minas subterrâneas, faltou à reportagem mais dados sobre a rotina dos operários: a questão da salubridade, os eventuais problemas de saúde, e mesmo a renda auferida. Mas isso pode ficar para outros meios. Seria esperar demais do Globo, né.

Senti falta também de uma relação da produção e exportação do ouro em divisas (em dólar ou real). E projeção destes valores no futuro, quando se confirmarem previsões de aumento da produção.

Por fim, um ponto me deixou ressabiado. A maioria das minas pertence hoje à multinacionais. O que nos garantirá que essas firmas não estariam praticando desvio de ouro às escondidas? Mais importante: o que nos garante que esse desvio não crescerá ainda mais se a produção nacional de ouro aumentar tanto como se prevê? Qual a contrapartida social que essas companhias tem devolvido para as comunidades no entorno das minas, e para a sociedade brasileira, como um todo? Os royalties pagos aos estados e municípios me pareceram insignificantes: 0,2% a 3% do lucro líquido.

De qualquer maneira, vale destacar que a exploração atual do ouro no Brasil é feita em 94% via produção industrial, ou seja, sem aquela poluição dos rios com mercúrio de antigamente.

Tirei algumas fotografias do jornal impresso.

Primeira página:

Esse infográfico é excelente:

Esse é um quadrinho histórico, que também achei legal.

*

A foto na capa é de Sebastião Salgado e foi retirada daqui.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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